Catedral de Santo Ambrósio - Milão, Itália |
Segunda Seção - A Profissão da Fé Cristã
(631-637)
Capítulo Segundo - Creio em Jesus Cristo, Filho Único de Deus
Artigo 5 - «Jesus Cristo desceu à Mansão dos Mortos,
ao terceiro dia Ressuscitou dos Mortos»
ao terceiro dia Ressuscitou dos Mortos»
«Christus, Filius tuus,
qui, regressos ab inferis,humano generi serenus illuxit,et vivit et regnat in saecula saeculorum. Amen».
«Jesus Cristo, vosso Filho,que, ressuscitando de entre os mortos,iluminou o gênero humano com a sua luz e a sua paze vive glorioso pelos séculos dos séculos. Ámen» (527).
Parágrafo 1 - Cristo desceu à Mansão dos Mortos
632. As frequentes afirmações do Novo Testamento, segundo as quais Jesus «ressuscitou de entre os mortos» (1 Cor 15, 20) (528), pressupõem que, anteriormente à ressurreição, Ele tenha estado na mansão dos mortos (529) este o sentido primeiro dado pela pregação apostólica à descida de Jesus à mansão dos mortos: Jesus conheceu a morte, como todos os homens, e foi ter com eles à morada dos mortos. Porém, desceu lá como salvador proclamando a Boa-Nova aos espíritos que ali estavam prisioneiros (530).
633. A morada dos mortos, a que Cristo morto desceu, é chamada pela Escritura os infernos, Sheol ou Hades (531), porque aqueles que aí se encontravam estavam privados da visão de Deus (532). Tal era o caso de todos os mortos, maus ou justos, enquanto esperavam o Redentor (533), o que não quer dizer que a sua sorte fosse idêntica, como Jesus mostra na parábola do pobre Lázaro, recebido no «seio de Abraão» (534). «Foram precisamente essas almas santas, que esperavam o seu libertador no seio de Abraão, que Jesus Cristo libertou quando desceu à mansão dos mortos» (535). Jesus não desceu à mansão dos mortos para de lá libertar os condenados (536), nem para abolir o inferno da condenação (537), mas para libertar os justos que O tinham precedido (538).
634. «A Boa-Nova foi igualmente anunciada aos mortos...» (1Pe 4, 6). A descida à mansão dos mortos é o cumprimento, até à plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a última fase da missão messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente vasta no seu significado real de extensão da obra redentora a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares, porque todos aqueles que se salvaram se tornaram participantes da redenção.
635. Cristo, portanto, desceu aos abismos da morte (539), para que «os mortos ouvissem a voz do Filho do Homem e os que a ouvissem, vivessem» (Jo 5, 25). Jesus, «o Príncipe da Vida» (540), «pela sua morte, reduziu à impotência aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo, e libertou quantos, por meio da morte, se encontravam sujeitos à servidão durante a vida inteira» (Heb 2, 14-15). Desde agora, Cristo ressuscitado «detém as chaves da morte e do Hades» (Ap 1, 18) e «ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos» (Fl 2, 10).
«Um grande silêncio reina hoje sobre a terra; um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o rei dorme. A terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos [...]. Vai à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Quer visitar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte. Vai libertar Adão do cativeiro da morte. Ele que é ao mesmo tempo seu Deus e seu filho [...] "Eu sou o teu Deus, que por ti me fiz teu filho [...] Desperta tu que dormes, porque Eu não te criei para que permaneças cativo no reino dos mortos: levanta-te de entre os mortos; Eu sou a vida dos mortos"» (541).
Resumindo:
636. Na expressão «Jesus desceu à mansão dos mortos», o Símbolo confessa que Jesus morreu realmente, e que, por ter morrido por nós, venceu a morte e o Diabo «que tem o poder da morte» (Heb 2, 14).
637. Cristo morto, na sua alma unida à pessoa divina, desceu à morada dos mortos. E abriu aos justos, que O tinham precedido, as portas do céu.
_________________________________________________________________________
Notas:
527. Vigília Pascal, Precónio Pascal («Exsultet»): Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 273 e 275 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, p. 292 e 295].
528. Cf. Act 3, 15; Rm 8, 11.
529. Cf. Heb 13, 20.
530. Cf. 1 Pe 3, 18-19.
531. Cf. Fl 2, 10; Act 2, 24: Ap 1, 18; Ef 4, 9.
532. Cf. Sl 6, 6; 88, 11-13.
533. Cf. Sl 89, 49; 1 Sm 28, 19: Ez 32, 17-32.
534. Cf. Lc 16, 22-26,
535. CatRom 1. 6. 3. p. 71.
536. Cf. Concílio de Roma (ano 745), De descensu Christi ad inferos: DS 587.
537. Cf. Bento XII, Libellus, Cum dudum (1341). 18: DS 1011; Clemente VI, Ep. Super quibusdam (ano 1351), c. 15, 13: DS 1077.
538. Cf. IV Concílio de Toledo (ano 633). Capitulum, 1: DS 485; Mt 27, 52-53.
539. Cf Mt 12, 40; Rm 10, 7; Ef 4, 9.
540. Cf. Act 3, 15.
541. Antiga homilia para Sábado Santo: PG 43. 440.452.461 [Sábado Santo, 2ª Leitura do Ofício de Leituras: Liturgia das Horas, s. 2 (Gráfica de Coimbra 1983) p. 454-4551.
www.vatican.va
Nenhum comentário:
Postar um comentário