segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Ressurreição de Jesus



A Ressurreição de Jesus é um fato histórico inegável. O primeiro acontecimento da manhã do Domingo de Páscoa foi a descoberta do sepulcro vazio (cf. Mc 16, 1-8). Ele foi a base de toda a ação e pregação dos Apóstolos e foi muito bem registrada por eles. São João afirma: “O que vimos, ouvimos e as nossas mãos apalparam isto atestamos” (1 Jo 1,1-2).

Jesus ressuscitado apareceu a Madalena (Jo 20, 19-23); aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-25), aos Apóstolos no Cenáculo, com Tomé ausente (Jo 20,19-23); e depois, com Tomé presente (Jo 20,24-29); no Lago de Genezaré (Jo 21,1-24); no Monte na Galiléia (Mt 28,16-20); segundo S. Paulo “apareceu a mais de 500 pessoas” (1 Cor 15,6) e a Tiago (1 Cor 15,7).

domingo, 24 de abril de 2011

O TRÍDUO SAGRADO DA PÁSCOA - SÁBADO SANTO


"Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição (Circ 73). 

No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio. 

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüente. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz". 

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: "nós o experimentávamos… ", diziam os discípulos de Emaús. 

sábado, 23 de abril de 2011

Pode-se Adorar a Santa Cruz?





Padre Françoá Costa

Sempre me deixou impressionado as palavras que a Liturgia da sexta-feira santa usa ao referir-se ao culto à Cruz: “solene adoração da santa Cruz”, deixando inclusive a possibilidade de dobrar o joelho diante dela. Penso que essas palavras calaram no coração de mais de um cristão deixando-o pensativo. 

A reflexão teológica que segue é – aceitando com alegria e admiração o que a Igreja em sua liturgia nos traz – uma tentativa de entender melhor a fé expressada na oração da Igreja, e espero não confundir mais a cabeça do leitor. Pode-se adorar a Cruz? Em que sentido? Parece-me ver uma explicação bastante satisfatória numas palavras de um teólogo muito recomendado pela mesma Igreja.

O TRÍDUO SAGRADO DA PÁSCOA - SEXTA-FEIRA SANTA


A Sexta-feira Santa está centrada no mistério da Paixão, dia de jejum e de penitência, completamente orientada para a contemplação de Cristo na Cruz. Nas igrejas é proclamada a narração da Paixão e ressoam as palavras do profeta Zacarias: "Hão-de olhar para aquele que traspassaram" (Jo 19, 37). 


E também nós, na Sexta-Feira Santa, desejamos realmente dirigir o olhar para o coração traspassado do Redentor, no qual escreve São Paulo estão "escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento" (Cl 2, 3), aliás, no qual "habita realmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2, 9), por isso o Apóstolo pode afirmar com decisão de não querer saber outra coisa "a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado" (1 Cor 2, 2). 


É verdade: a Cruz revela "a largura, o comprimento, a altura e a profundidade" as dimensões cósmicas, este é o seu sentido de um amor que ultrapassa todas as consciências o amor vai além do quanto se conhece e nos enche "de toda a plenitude de Deus" (Ef 3, 18-19). No mistério do Crucificado "cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio, com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo o amor na sua forma mais radical" (Deus caritas est, 12). A Cruz de Cristo, escreve no século V o Papa São Leão Magno, "é fonte de todas as bênçãos, e causa causa de todas as graças" (Discurso 8 sobre a paixão do Senhor, 6-8; PL 54, 340-342).

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O TRÍDUO SAGRADO DA PÁSCOA - QUINTA-FEIRA SANTA


O TRÍDUO SAGRADO DA PÁSCOA: JESUS MORTO, SEPULTADO, RESSUSCITADO 


Um olhar de conjunto

“Ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis seus caminhos!... Porque tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos! Amém” (Rm 11, 33.36).

A expressão de maravilha e de louvor por parte do apóstolo diante do mistério da aliança irrevogável de Deus com Israel - aliança que vai além da sua infidelidade - e do chamado dos pagãos a participarem da sua plena realização na morte e ressurreição de Cristo, bem interpreta os sentidos mais profundos da Igreja ao celebrar o solene Tríduo Pascal. Este evento Pascal é a fonte divina e perene da sua vida, assim como do caminho espiritual desenvolvido ao longo do ano litúrgico. A Igreja nos convida a entrar em atitude de maravilha e adoração.

O Tríduo Sagrado inicia-se na tarde da quinta-feira santa, com a celebração da Ceia do Senhor, e acaba com as segundas Vésperas do dia da Páscoa. A Igreja contempla com fé e amor e celebra o mistério único e indivisível do seu Senhor Morto (Sexta-feira santa), Sepultado (Sábado santo) e Ressuscitado (Vigília e dia de Páscoa).

Com o Tríduo Pascal chegamos ao coração da história inteira e ao escopo da própria criação. A luz Pascal deste Santo Tríduo ilumina a vida de Jesus, sua missão desde seu nascimento e o projeto salvífico de Deus no seu desenvolvimento histórico: desde a criação e através das relações especiais da aliança com os patriarcas e os profetas, testemunhadas pelo Antigo Testamento. Na morte e ressurreição de Jesus e na efusão do Espírito, aquele projeto se revela em todo seu sentido profundo, e inicia a etapa radicalmente nova desta história que caminha rumo a seu cumprimento no fim dos tempos (cf. Ef 1,1-14; Cl 1, 15-20).

As pessoas que foram regeneradas na fé e no amor pelo batismo receberam as potencialidades e a vocação a viver como homens e mulheres “partícipes da vida do Ressuscitado”, partilhando a mesma energia divina de Cristo no Espírito (cf. Ef 2, 4-8; Cl 3, 1-4: 5-11).

terça-feira, 19 de abril de 2011

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 14: Comunhão em duas espécies

Mito 14. "A comunhão tem que ser em duas espécies"

Não tem.


Embora a Comunhão sob duas espécies tenha um significado simbólico expressivo (Redemptionis Sacramentum, n.100), a Santa Igreja tem a justa preocupação de evitar heresias e profanações, e por isso só permite a Comunhão sob duas espécies em casos particulares e sob rígidas determinações.

Por isso que o Sagrado Magistério, no Concílio de Trento (séc. XVI), definiu alguns princípios dogmáticos á respeito da Comunhão Eucarística sob as duas espécies; princípios estes que foram expressamente relembrados na Redemptionis Sacramentum (n. 100).

Assim definiu o Concílio de Trento (n. 930-932):

"Por nenhum preceito divino [os fiéis] estão obrigados a receber o sacramento da Eucaristia sob ambas as espécies, e que, salva a fé, de nenhum modo se pode duvidar que a comunhão debaixo de uma [só] das espécies lhes baste para a salvação. (...) Nosso Redentor, como ficou dito, instituiu na última ceia este sacramento e o deu aos Apóstolos sob as duas espécies, contudo devemos confessar que debaixo de cada uma delas se recebe Cristo todo inteiro e como verdadeiro sacramento."

Partindo desses princípios, e da justa preocupação de evitar profanações, a Santa Igreja estabeleceu que somente em casos particulares seria ministrada a Sagrada Comunhão aos féis sob a aparência do vinho.

Nesse sentido, afirma a Instrução Redemptionis Sacramentum (n. 101) que "para administrar aos fiéis leigos a sagrada Comunhão sob as duas espécies, devem-se ter em conhecimento, convenientemente, as circunstâncias, sobre as que devem julgar, em primeiro lugar, os Bispos diocesanos. Deve-se excluir totalmente quando exista perigo, inclusive pequeno, de profanação das sagradas espécies."

A seguir, a mesma Instrução aponta as formas pela qual a Sagrada Comunhão sob duas espécies pode ser administrada (n. 103):

"As normas do Missal Romano admitem o principio de que, nos casos em que se administra a sagrada Comunhão sob as duas espécies, o Sangue do Senhor pode ser bebido diretamente do cálice, ou por intinção, ou com uma palheta, ou uma colher pequenina."

domingo, 17 de abril de 2011

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

Entrada Triunfal em Jerusalém





A Semana Santa começa no domingo chamado de Ramos porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que o aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”.

Esse povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia há poucos dias e estava maravilhado. Ele tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos Profetas; mas esse povo tinha se enganado no tipo de Messias que ele era. Pensavam que fosse um Messias político, libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.

Para deixar claro a este povo que ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, mas o grande libertador do pecado, a raiz de todos os males, então, Ele entra na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena. Ele não é um Rei deste mundo!

Dessa forma o Domingo de Ramos é o início da Semana que mistura os gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras. Os ramos significam a vitória: "Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas".

Os Ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da Fé Católica, especialmente nestes tempos difíceis em que ela é desvalorizada e espezinhada.

Os Ramos sagrados que levamos para nossas casas após a Missa, lembram-nos que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.

O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rápido. Ela nos mostra que a nossa pátria não é neste mundo mas na eternidade, que aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Inquisição



Retirado do blog http://www.caiafarsa.wordpress.com

Venho por meio deste tópico esclarecer a todos sobre um dos temas mais polêmicos envolvendo a Igreja Católica, a Inquisição. Os dados foram obtidos de fontes diversas (citadas nas referências) e também através de diversos posts e outros blogs mais. Trata-se de um exaustivo estudo. Resolvi compilá-los para fins didáticos a todos interessados pelo tema. Boa leitura!



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Por muito tempo instaurou-se na sociedade a idéia fantasiosa de que a Igreja cometeu atos abomináveis em nome da justiça divina, torturas, fogueiras, etc, etc.

Em 1998, João Paulo II autoriza a abertura dos arquivos secretos da Congregatio pro Doctrina Fide (antigo Santo Ofício) onde se encontra a maior base documental sobre a Inquisição (fonte primária). O estudo desses documentos culminou com um Simpósio Internacional de Historiadores chamado “A Inquisição”, presidido por ninguém menos que Rino Camillieri.

Em discurso do Papa aos cientistas participantes no simpósio sobre “a Inquisição” João Paulo II afirma:


“O argumento sobre o qual vos detivestes requer, como é fácil intuir, atento discernimento e notável conhecimento da história.”


Nesse sentido devemos portanto desconstruir a idéia errada de considerar todos os tribunais medievais simplesmente como “Inquisição”. Devemos distinguir que havia na verdade Tribunal Civil, Tribunal Eclesiástico e Tribunal Protestante. Somente o Tribunal Eclesiástico respondia pela Igreja Católica. 


De princípio vou me ater ao tribunal Eclesiástico e Civil para depois expor o que se passou pelos Tribunais Protestantes.


Parte I – Posicionamento da Igreja Católica frente às práticas comuns ao Direito Civil: 

No livro “A Inquisição em seu mundo” de João Bernardino Gonzaga lemos o seguinte: 

Conforme atestam inúmeros documentos, a antiga Igreja sempre foi radicalmente hostil à utilização de violências nas investigações criminais. Muito citada é a carta que o papa Nicolau I escreveu, no ano 866, a Bóris, príncipe da Bulgária: 

“Eu sei que, após haver capturado um ladrão, vós o exasperais com torturas, até que ele confesse, mas nenhuma lei divina ou humana poderia permití-lo. A confissão deve ser espontânea, não arrancada”; e advertiu: “Se o paciente se confessa culpado sem o ser, sobre quem recairá o pecado?” 

Eis, portanto, a repulsa da Igreja – acusada injustamente – frente à tortura. Continuando, se fosse usado algum artifício e tortura, temos que ela não deveria pôr em perigo a vida e a integridade fisica do paciente; vedada era a efusão de sangue; um médico devia estar presente; somente podia ser aplicada uma vez, jamais reiterada; a confissão por meio dela obtida apenas valeria se depois livremente confirmada. Condições muito mais suaves, portanto, do que as vigorantes na Justiça secular. 

Ainda nesse sentido, uma distinção clara entre os tribunais civis e eclesiástico é vista em relação ao ordálio... 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 13: Comunhão de joelhos e na boca?

Mito 13: "É errado comungar na boca e de joelhos"

Não é.


A norma tradicional para receber o Corpo de Nosso Senhor, mantida como a única forma lícita por muito séculos, é que se receba diretamente na boca e estando de joelhos, como sinal de reverência e adoração.

Após o Concílio Vaticano II, Roma permitiu, devido ao pedido de algumas conferências episcopais, que em alguns locais os fiéis que desejassem pudessem receber o Corpo de Nosso Senhor na mão.

Por outro lado, os documentos oficiais da Santa Igreja recomendaram que o costume de comungar na boca fosse conservado, e proíbem expressamente que os sacerdotes e demais ministros neguem o Corpo de Nosso Senhor diretamente na boca a quem deseja receber desta forma.


domingo, 10 de abril de 2011

Catequese - V Domingo da Quaresma

V Domingo da Quaresma - Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45


Evangelho comentado pelo Pe. Carlo Battistoni

Postado por Jorge Kontovski em 8 abril 2011 às 13:30



V Domingo de Quaresma
(Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45)

« As irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: "Senhor, aquele que amas está doente". Ouvindo isto, Jesus disse: "Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela". Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. Então, disse aos discípulos: "Vamos de novo à Judéia". Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá". Respondeu-lhe Jesus: "Teu irmão ressuscitará". Disse Marta: "Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia". Então Jesus disse: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?". Respondeu ela: "Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo". Quando Jesus a viu chorar e viu chorar também os Judeus ficou profundamente comovido e perguntou: "Onde o colocastes?". Responderam: "Vem ver, Senhor". E Jesus chorou. Então os judeus disseram: "Vede como ele o amava!". Alguns deles, porém, diziam: "Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?". De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. Disse Jesus: "Tirai a pedra!". Marta, a irmã do morto, interveio: "Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias". Jesus lhe respondeu: "Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?". Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: "Pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste". Tendo dito isso, exclamou com voz forte: "Lázaro, vem para fora!". O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: "Desatai-o e deixai-o caminhar!". Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. »

PALAVRA DA SALVAÇÃO - Glória a Vós, Senhor!



Percorremos o itinerário da vida cristã resumido nestes cinco domingos de Quaresma. No primeiro refletimos sobre a “tentação” e com ela sobre a liberdade das nossas opções; no segundo, com a Transfiguração de Jesus, meditamos sobre a beleza que o homem carrega em si e que se manifesta quando se deixa envolver pela mesma “nuvem” que envolveu Jesus; no terceiro, o encontro com a Samaritana nos apresenta Jesus como fonte de vida para quem se “deixa encontrar”; no quarto domingo através do cego de nascença vemos um pouco de cada um de nós quando se deixa iluminar por Jesus e obedece ao seu pedido de ir lavar-se nas águas do Batismo. O episódio de hoje representa o ponto alto da revelação de Jesus. É um episódio de impacto tão forte que desencadeou definitivamente a decisão dos judeus de suprimir Jesus e o próprio Lázaro que Ele havia ressuscitado dos mortos: « naquele dia decretaram de matar Jesus... e também Lázaro » (Jo 11,53;12,10). 

Para entender um pouco mais aquilo que acabamos de ler, precisamos recorrer a outras partes deste trecho que por necessidade prática foram omissos, mas que levaremos em consideração.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Qual a base Bíblica para a Doutrina do Purgatório?


Deus nos manda sermos santos: "Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo" (Lv 19,2). 


A Bíblia ensina em diversas oportunidades que na morada de Deus não entra o pecado. Vejamos por exemplo Hebreus: 

"E tão terrível era o espetáculo, que Moisés exclamou: Eu tremo de pavor. Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, da assembléia festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus, e de Deus, juiz universal, e das almas dos justos que chegaram à perfeição, enfim, de Jesus, o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloqüência que o sangue de Abel" (Hb 12,21-24) 

O Apocalipse confirma que na “cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial” só entrarão as “almas dos justos que chegaram à perfeição”, veja: 

"Levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, revestida da glória de Deus. Assemelhava-se seu esplendor a uma pedra muito preciosa, tal como o jaspe cristalino [...] Nela não entrará nada de profano nem ninguém que pratique abominações e mentiras, mas unicamente aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida do Cordeiro" (Ap 21,10-11.27) . 


O próprio livro do Apocalipse é rico em referências ao necessário estado de santidade em que se encontram aqueles que JÁ ESTÃO no Céu, veja em Ap 3,5; 7,9.13-14; 22,14. 


Por isso é que sabendo de tudo isso exclamou Davi: 

"Senhor, quem há de morar em vosso tabernáculo? Quem habitará em vossa montanha santa? O que vive na inocência e pratica a justiça, o que pensa o que é reto no seu coração, cuja língua não calunia; o que não faz mal a seu próximo, e não ultraja seu semelhante. O que tem por desprezível o malvado, mas sabe honrar os que temem a Deus; o que não retrata juramento mesmo com dano seu, não empresta dinheiro com usura, nem recebe presente para condenar o inocente. Aquele que assim proceder jamais será abalado" (Sl 14). 

domingo, 3 de abril de 2011

Catequese - IV Domingo da Quaresma

IV Domingo da Quaresma - Jo 9,1-41


Evangelho comentado pelo Pe. Carlo Battistoni


IV Domingo da Quaresma
(Jo 9,1-41)

« Quando ele ia passando, viu um homem que era cego de nascença. Os discípulos perguntaram: “Mestre, quem pecou, para este homem nascer cego, foi ele ou seus pais?” Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais, mas isso aconteceu para que as obras de Deus se manifestem nele. Devemos realizar as obras daquele que me enviou, enquanto durar o dia. Porque vem a noite e então ninguém poderá trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”. Tendo falado isto, cuspiu no chão, fez um pouco de lama com a saliva e untou os olhos do cego com ela, ordenando-lhe: “Vai te lavar na piscina de Siloé” (palavra que significa Enviado).

Foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que antes o conheciam como mendigo, diziam: “Não é ele que vivia sentado a mendigar?”. Uns diziam: “É ele mesmo”. Mas outros afirmavam: “Não é ele, não, e sim alguém parecido com ele”. E ele próprio afirmava: “Sou eu mesmo”. Perguntavam-lhe então: “Como foi que teus olhos se abriram?” Respondeu: “Aquele homem chamado Jesus fez um pouco de lama, untou-me os olhos com ela e me disse: ‘Vai a Siloé e lava-te’. Fui, lavei-me e comecei a enxergar”. Interrogaram-no: “Onde está ele?” Respondeu de novo: “Não sei”. Então levaram à presença dos fariseus o homem que antes tinha sido cego. 

Era um sábado o dia em que Jesus fez lama e abriu seus olhos. Então os fariseus lhe perguntaram como é que tinha começado a ver. O cego lhes explicou: “Ele colocou lama nos meus olhos, lavei-me, e agora enxergo”. Alguns dos fariseus diziam: “Este homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado”. Mas outros também diziam: “Como poderia um pecador fazer tais sinais?” E havia divisão de opiniões entre eles. Perguntaram ainda ao cego: “Qual é a tua opinião a respeito de quem te abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta!”. Os judeus não queriam acreditar que ele tinha sido cego e tivesse recuperado a vista. Por isso chamaram seus pais. E perguntaram a eles: “É este o vosso filho de quem dizeis que nasceu cego? Como é que agora enxerga?”. Os pais responderam: “Sabemos que é nosso filho e que nasceu cego. Mas não sabemos como é que está vendo agora e quem lhe abriu os olhos. Perguntai a ele. Tem idade bastante. Explique-se ele próprio a seu respeito”. 

Os pais diziam isto com medo dos judeus, os quais já tinham decretado que se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da Sinagoga. Por isso é que seus pais disseram: “Tem idade bastante. Perguntai a ele!”. Chamaram o cego pela segunda vez e lhe impuseram: “Da glória a Deus! Nós sabemos que este homem é um pecador”. Ele respondeu: “Se é pecador, não sei. Uma coisa sei: é que eu era cego e agora vejo”. Perguntaram de novo: “O que ele te fez? Como te abriu os olhos?”. Ele respondeu: “Já o disse e não quisestes escutar. Que pretendeis ainda ouvir? Será que desejais fazer-vos também discípulos dele?”. Então os fariseus começaram a insultá-lo dizendo: “Seja tu discípulo dele. Nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés. Quanto a ele, não sabemos de onde vem”. O homem se defendeu, dizendo: “Isto é espantoso! Ele me abriu os olhos e vós não sabeis de onde ele vem! Sabemos que Deus não escuta os pecadores. Mas Deus escuta quem o serve com piedade e cumpre a sua vontade. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não fosse Deus, nada poderia fazer”. 

Replicaram: “Tu nasceste no pecado, e pretendes ensinar a nós?” E o expulsaram. Jesus ficou sabendo que o tinham expulsado e disse, quando se encontrou com ele: “Tu acreditas no Filho do homem?”. Ele respondeu: “Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?”. Jesus declarou: “Tu o estás vendo: é o que fala contigo”. Ele exclamou: “Creio, Senhor!” E prostrou-se diante dele. Jesus disse: “Eu vim ao mundo para um julgamento; a fim de que vejam os que não vêem e os que vêem se tornem cegos”. Alguns dos fariseus que estavam com ele ouviram isto e perguntaram-lhe: “Por acaso também nós somos cegos?”. Jesus respondeu: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis: nós vemos, por isso vossa culpa permanece” ».

PALAVRA DA SALVAÇÃO - Glória a Vós, Senhor!


O riquíssimo episódio do cego de nascença que acabamos de ler assume um maior relevo se considerado no âmbito da nossa caminhada quaresmal. Esta, ao longo de quarenta dias de maior atenção ao mistério da Páscoa, visa reconduzir o cristão às suas raízes. Uma vez que isso acontece, toda a nossa vida é repensada à luz das nossas origens. Tudo assume um sentido novo quando somos convidados a relembrar o motivo e as implicações do nosso batismo.

sábado, 2 de abril de 2011

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 12: Absolvição comunitária?

Mito 12: "A absolvição comunitária substitui a confissão individual"


Não substitui.



Diz o Catecismo da Igreja Católica (n.1483):


"A confissão individual e íntegra e a absolvição constituem o único modo ordinário pelo qual o fiel, consciente de pecado grave, se reconcilia com Deus e com a Igreja: somente a impossibilidade física ou moral o escusa desta forma de confissão".


Continua o Catecismo (n.1483):

"Em casos de grave necessidade, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação, com confissão geral e absolvição geral. Tal necessidade grave pode ocorrer quando há perigo iminente de morte, sem que o sacerdote ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A necessidade grave pode existir também quando, tendo em conta o número dos penitentes, não há confessores bastantes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável, de modo que os penitentes, sem culpa sua, se vejam privados, durante muito tempo, da graça sacramental ou da sagrada Comunhão. Neste caso, para a validade da absolvição, os fiéis devem ter o propósito de confessar individualmente os seus pecados graves em tempo oportuno. Pertence ao bispo diocesano julgar se as condições requeridas para a absolvição geral existem. Uma grande afluência de fiéis, por ocasião de grandes festas ou de peregrinações, não constitui um desses casos de grave necessidade."

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Comentário sobre este Mito (25/06):

Temos recebido notícias chocantes de que um problema gravíssimo, que ocorre em alguns lugares do Brasil, praticamente NÃO há mais confissões individuais (!!!) em nome das "absolvições comunitárias".

O Sacramento da Confissão, ao contrário do que muitos pensam, foi de fato instituído pelo próprio Senhor, como nos ensina o Catecismo (n. 1444-1455):

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Ressurreição acontece logo após a Morte?



Alguns teólogos defendem, contra o ensinamento do Magistério da Igreja, que a ressurreição da pessoa aconteça imediatamente após a morte. Tanto o Catecismo da Igreja quanto a Sagrada Congregação da Fé, da Santa Sé, ensinam que a morte se dá pela separação da alma e do corpo, segundo a Tradição cristã, para dissipar doutrinas que professam a ressurreição logo após a morte, onde isso não aconteceria. 

Essa doutrina errada, de fundo holista, ensina que o corpo e alma não se distinguem realmente, portanto não se separam entre si. Conseqüentemente, quando o ser humano morre, morre como um todo (corpo-alma); e, para que não aconteça um vazio na existência do sujeito, é suposta a ressurreição do mesmo logo após a morte, sem que haja necessidade de se esperar o fim dos tempos para que ocorra a ressurreição dos mortos. A Igreja nunca aceitou essa hipótese, pois contradiz o nosso Credo. 

A Congregação da Fé publicou (“Acta Apostolicae Sedis” 71; 1979, pp. 939-943) sob o título “Epistula ad Venerabiles Praesules Conferentiarum Episcopalium de quibusdam quaestionibus ad eschatologian pertinentibus” (Carta aos Veneráveis Presidentes das Conferências Episcopais a respeito de algumas questões concernentes à escatologia). 
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