terça-feira, 30 de novembro de 2010

Eucaristia: Sacramento e Sacrifício



S


Sacramento é algo que nos é doado, e sacrifício é algo que oferecemos a Deus. Na Eucaristia como sacrifício, Jesus oferece mais uma vez ao Pai seu holocausto pela nossa Salvação; enquanto como sacramento o Senhor doa-se a nós para nossa santificação.

Como sacrifício a Eucaristia é uma realidade transitória, que se realiza durante a celebração da Santa Missa, e seu fim primário é glorificação de Deus. Como sacramento é uma realidade permanente, o Santíssimo Sacramento, e tem como desígnio a nossa santificação.
O Sacramento

A Eucaristia distingue-se dos demais sacramentos pela sua sublimidade, de modo que se pode dizer que a Eucaristia é a plenitude dos demais sacramentos, posto que os são os canais da graça de Deus, que comunicam à alma de quem os recebe o mistério salvífico de Cristo. Porém, de forma mais perfeita, na Eucaristia não recebemos só os méritos do mistério pascal, mas o próprio Cordeiro de Deus.

Todos os sacramentos confluem para o Santíssimo Sacramento: os batizados fazem-se filhos da Igreja, e a Igreja reúne os seus da mesma forma que Jesus reuniu-se com seus apóstolos, no partir do Pão. Os crismados são confirmados a fim de se fazerem perfeitos cristãos e dar testemunho de vida verdadeiramente cristã, e como soldados fiéis que deverão ser, têm a necessidade de receber o Pão dos Céus. A Penitência por sua vez, é o sacramento que capacita as almas que fraquejaram a receber a Sagrada Comunhão. E o sacramento da Ordem, para que fim mais belo foram instituídos pelo próprio Jesus os sacerdotes da Nova Lei, senão para que tivessem o poder de fazer presente sobre os altares o próprio Mestre, em obediência as suas palavras “fazei isto em memória de mim”?

O sacramento do matrimônio, instituído primariamente para gerar aqueles que pelo Batismo far-se-ão filhos de Deus, e este Deus Pai misericordioso é o Bom Pelicano que alimenta os filhotes com a sua própria carne. Por fim, o sacramento da Unção dos Enfermos, é dado para unir os filhos da Igreja aos supremos tormentos da Paixão do Redentor, a fim de que quando abandonarem este mundo, possam gozar da visão Eucarística, só que agora já não mais ocultada pelos véus das aparências de pão e vinho.

Na Sagrada Escritura, Jesus deixa singularmente clara sua realidade eucarística, Ele intitula-se o Pão Vivo descido do Céu, e depois na última ceia, tomando o pão diz: “Este é o meu corpo”.

Também é indispensável lembrar àqueles que negam o Santíssimo Sacramento, aquela passagem em que Nosso Senhor depois de ter feito o milagre de multiplicar os pães e os peixes, é seguido pela multidão. Jesus então os repreende por que eles O Seguiam não por Ele ter feito milagres, mas por tê-los saciado a fome. Jesus vai mandar que trabalhem não pela comida que perece, mas pela comida que dura para vida Eterna e que Ele dará; o povo logo pede a Jesus deste pão, e Jesus responde: “Eu sou o Pão da Vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (São João 6, 35). Jesus vai ser ainda mais enfático dizendo: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (São João 6, 53 - 56). Então muitos de seus discípulos murmuraram e foram embora.

Jesus não foi correndo até eles e disse: “acalmem-se vocês não me entenderam bem, é claro que minha carne não é uma verdadeira comida.” Ao contrário, Jesus mantém o que acabara de dizer, e ainda, aproximando de seus doze apóstolos diz: “Quereis vós também retirar-vos?” (São João 6, 67). Jesus não retificou o que acabara de dizer mesmo tendo visto que muitos se afastaram, porque aquilo o que disse não era uma figura, não era um simbolismo, mas era simplesmente verdade. Como Jesus está presente na Sangrada Hóstia? Tanto nas aparências de pão quanto de vinho, é Jesus todo inteiro e vivo como está no Céu; pois Jesus ressuscitado não morre mais, por isto seu sangue já não mais separa de seu corpo, logo onde está o corpo está concomitantemente o sangue, assim também onde está o sangue está por concomitância o corpo; e onde está o corpo e o sangue está a alma e a divindade.

O Sacrifício

Eucaristia enquanto sacrifício, a Santa Missa, é a renovação do sacrifício da Cruz. O Papa Pio XII proferiu esta admirável sentença: “O altar de nossas igrejas não é diferente do altar do Gólgota, pois ele também é um monte encimado por uma Cruz e por um Crucificado, e é nele que se realiza a reconciliação entre Deus e o homem”. Também asseverou o Doutor Angélico “Tanto vale a celebração da Santa Missa, quanto vale a Morte de Jesus na cruz”.

Importante compreender que a Santa Missa, o sacrifício Eucarístico que nela acontece, não é o outro, mas o mesmo sacrifício da Cruz; separados apenas na ordem cronológica, mas o que existe sobre o altar, é mesma Vítima, o mesmo oferecimento e o mesmo sacerdote da Cruz. A única diferença está no modo em que Jesus se oferece: o Sacrifício da Cruz foi oferecido com derramamento de Sangue (cruento), e o Sacrifício da Missa é incruento (sem derramamento de sangue). Poderiam dizer os hereges: “que sacrifício pode dar-se sem derramamento de sangue?” Ora, Abraão voltando da guerra encontrou um rei chamado Melquisedec; aquele rei ofereceu a Deus pão e vinho, este era um sacrifício em que não havia derramamento de sangue, portanto incruento.

A Santa Missa é um verdadeiro sacrifício em que o sacerdote é o próprio Jesus; no Salmo 110, o profeta Davi profetiza a respeito do Messias: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec”. Estas palavras do salmista, não se referem ao sacerdócio que Jesus exerceu na Cruz, porque nele houve derramamento de sangue; mas esta profecia anuncia o Sacerdócio de Jesus na Santa Missa, onde a oblação é incruenta.

Neste verdadeiro sacrifício que é a Missa, Jesus é não só sacerdote, mas como na Cruz, é também a Vítima oferecida ao Pai. A Missa é um memorial do Sacrifício da Cruz, porque é uma lembrança da paixão e morte de Nosso Senhor; a morte é simbolizada na separação das aparências do pão e vinho, como na Cruz separaram-se o corpo e o sangue, é portanto uma morte mística, isto é que se dá nos gestos e nas palavras, posto que após a sua ressurreição Jesus já não pode morrer. Porém a Missa não é uma simples lembrança, pois nela Jesus oferece-se verdadeiramente ao Pai tornando novamente presente a oferta feita por Ele na Cruz.
Qual a finalidade de renovar esta oblação? Primeiro para que nos ofereçamos com Ele, já que não pudemos estar presentes na sua Cruz do Gólgota, agora devemos estar presentes com Ele na patena do celebrante, e em união com os merecimentos de sua Paixão e Morte darmos glórias a Deus. Ainda, para que possam ser aplicados a nós os frutos deste Santo Sacrifício, e assim conseguirmos de Deus o perdão pelas nossas faltas e alcançarmos graças que nos forem necessárias. Também por meio da Santa Missa que Jesus fazendo-se presente sobre o altar pode vir sacramentalmente as nossas almas na Santa Comunhão.

Eucaristia: Mistério da Fé, Prodígio do Amor

A Eucaristia é um mistério da fé, e uma recordação constante e imperecível do amor de Deus pelas suas pobres criaturas. Certa vez um árabe, o emir Abd-el-ksder, estava andando pela cidade de Marselha com um oficial francês, quando encontraram com um sacerdote levando o Santo Viático à um enfermo; no mesmo instante o oficial francês parou, descobriu a cabeça e se ajoelhou. O árabe logo perguntou a razão de tal saudação, e ouviu do justo francês: “estou saudando o meu Deus, que o Sacerdote vai levando a um doente.” O emir reagiu dizendo: “como acreditar que Deus, sendo tão grande, faça-se tão pequeno, a ponto de ir até aos barracos dos pobres? Nós maometanos fazemos uma idéia bem mais alta de Deus.” O oficial então responde-lhe seguro: “É porque vós, tendes só uma idéia da imensa grandeza de Deus, mas não conheceis o seu amor”.

A Eucaristia é o amor de Deus, no milagre eucarístico de Lanciano, o fragmento de carne em que se transformou a Hóstia Consagrada, é cientificamente atestado ser um fragmento do músculo cardíaco humano e vivo. Como é misericordiosa a providência de Deus, sendo o coração o símbolo do amor, Deus nos quis mostrar esta doce verdade: Jesus na Divina Eucaristia é só amor. “A Eucaristia é o amor que supera todos os outros amores no Céu e na Terra” (São Bernardo).

Só o amor pode confinar um Deus a uma pequena partícula. Só o amor pode fazer um Deus querer nosso coração como Sua morada. Só o amor pode fazer um Deus suportar o abandono em tantos sacrários onde permanece esquecido. Só o amor pode fazer um Deus obediente às palavras do sacerdote, e por meio delas vir fazer-se presente sobre o altar. Enquanto os homens querem conquistar os pólos mais altos do mundo, na ilusão de serem grandes homens; só o amor pode fazer um Deus querer ser tão pequeno. Só o amor pode fazer um Deus querer tudo isto, e só um Deus pode amar assim.

Ao aproximarmo-nos da Diviníssima Eucaristia, é essencial compreender bem a quem iremos receber, e por assim sabermos, fazermos todo o possível para recebê-lo dignamente. A Santa Missa e a Comunhão são os centros da nossa fé, nestas horas não cabem quaisquer irreverências, mas todo o respeito, solenidade e reverência que pode merecer um Deus. Quando se inicia a Santa Missa, o católico deve esquecer-se de tudo mais que exista para ver somente o Cristo e oferecer-se com Ele; deve colocar-se no Calvário ao lado da Santíssima Mãe do Redentor; deve morrer misticamente com Jesus, para ressuscitar com Ele para uma vida de mais perfeição cristã; por isso o católico deve sair de cada Santa Missa melhor do que chegou a ela.

Uma vez quando perguntado se sofria por estar apoiado sobre as chagas sangrentas dos pés durante a Santa Missa , São Pio de Pietrelcina respondeu: “Durante a Missa, não estou de pé, estou suspenso”; isto é participar verdadeiramente da Santa Missa; São Pio não sentia-se apenas no Calvário, assistindo a Santa Missa, mas ele se pregava a Cruz. Conta-se também na vida de São Bento, que um dia celebrando a Santa Missa, após ter pronunciado as palavras “Isto é o meu Corpo”, ouviu uma resposta vinda da Hóstia a pouco consagrada: “É o seu também, Bento!”. Porque a verdadeira participação na Santa Missa, deve nos fazer não só expectadores do Sacrifício de Cristo, mas vítimas com a Vítima.

Para encerrar , não nos esqueçamos nem um só momento, que a Eucaristia é nosso grande tesouro de valor infinito, pois contém o próprio Deus; Santo Agostinho dizia sobre a Eucaristia: “Sendo Deus onipotente, não pôde dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar”.


Fernanda Carminati Azevedo

sábado, 27 de novembro de 2010

Artigo - Imagens Católicas ou ídolos pagãos?

As provas Bíblicas do uso de imagens e ícones na liturgia e devoção.




Fiquei muito satisfeito com a visita de dois Testemunhas de Jeová à minha casa. Foi muito desafiante ver que os dois eram bem firmes sobre sua crença. Um homem e uma mulher, Bíblia na mão, desejosos em começar a discussão. Uma foto colorida da estátua de Nossa Senhora de Fátima - a que verteu lágrimas em Nova Orleans - estava em um lugar bem proeminente na parede da sala. Os TJs não perderam tempo.

 "Eu era católica, sabia?", ela iniciou, "até que compreendi que estava adorando ídolos ao invés de Jeová", disse candidamente. "Me livrei de todos os ídolos que tinha, e centrei minha atenção na Bíblia". Imaginei que se meus visitantes fossem Anglicanos ou algum outro ministro protestante poderíamos ter tido uma discussão mais racional sobre este assunto. Mas não com TJs.

A maioria dos anglicanos da Austrália não relutaria em ver estátuas da rainha Vitória nos parques públicos. O mesmo se aplica ao capitão Cook e outros grandes personagens da história daquele país. Nem os protestantes dos Estados Unidos - clássicos ou pentecostais - acreditam que o Memorial Lincon em Washington é um templo pagão para adoração de um ídolo de fundição cujas características são de um presidente já morto.


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Como participar da Santa Missa



O sacrifício de Cristo foi suficiente para pagar por nossas dívidas com Deus, pois como ensina São Paulo: "Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo. (...) Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício... (...) Por uma só oblação ele realizou a perfeição definitiva daqueles que recebem a santificação." (Hb 10,10.12a.14) 

Se o próprio Deus morre, o valor de Seu sacrifício há de ser infinito, suficiente para saldar qualquer dívida! 

Na Última Ceia Jesus antecipou Seu sacrifício, instituindo-o como perpétuo, através do oferecimento de Seu Corpo e Seu Sangue. O mesmo Corpo morto na Cruz e o mesmo Sangue derramado foram distribuídos aos Seus Apóstolos, numa verdadeira antecipação do sacrifício. Além disso, Nosso Senhor tornou-o perpétuo, quando mandou: "fazei isto em memória de mim." (Lc 22,19) 

sábado, 20 de novembro de 2010

Como os primeiros cristãos celebravam o culto a Deus?

Missa católica ou culto protestante?

JOHN LENNON J. DA SILVA




Que culto os cristãos devem prestar a Deus, é uma questão presente em algumas discussões religiosas promovidas por círculos cristãos diversos. Com o crescimento das seitas no Brasil, desde o fim da década passada podemos verificar a soberba de muitos não-catolicos em afirmar que o culto ou liturgia que eles prestam a Deus são verdadeiros e solidamente legítimos, pois identificam-se com o culto que os primeiros cristãos tributavam a Deus, sendo seu culto bíblico; seria verdadeiro este argumento? Acusam que a Missa católica é invenção humana e não se trata de um culto a Deus, mais uma simples reunião social, cujo Deus não ouve ou aceita, sem base bíblica mais um sacrifício paganizado; verdade estas afirmações?

Vamos analisar a historicidade litúrgica do culto oferecido pela Igreja, que tipo de culto e ritos os cristãos prestavam a Deus na antiguidade, sabemos que os primeiros cristãos seguiram a doutrina ensinada pelos apóstolos e mais tarde guarnecida pelos Padres da Igreja, o próprio mandamento do Senhor diz como lembra Paulo: "Fazei isto em memória de mim. Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a minha morte, e confessareis a minha ressurreição" (1 Cor 11,26) . Lembra também Jesus no Evangelho de João “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos” Jo 6, 53.

Os cristãos primitivos então viviam:

Na comunhão do pão e na oração perseveravam os primeiros cristãos convertidos após a Ressurreição de Cristo, como atestado na Igreja primitiva (At 2, 42), celebrando os santos mistérios sacramentais, e no inicio do II séc. usando a disciplina do Arcano¹, onde os mistérios cristãos eram celebrados secretamente para que não se paganizassem e se mantivessem no seio da Igreja, vivos, os gentios não participavam, os que podiam gozar de tais mistérios os “sacramentos” eram os já catequizados e batizados e não os catecúmenos. No serviço litúrgico (At 13, 2); reunidos na casa de membros da comunidade ou em lugares ocultos (como catacumbas), devido à perseguição, nos tempos primitivos muitos apóstolos ministraram a “liturgia”, ou seja, o oficio ou serviço de adoração a Deus, em suas casas edificações que ficaram conhecidas como Domus Eclesiae que mais tarde virá a se tornar Domus Dei edifícios só para o culto cristão.
Celebravam no primeiro dia depois do sábado (o Domingo, segundo São João, Ap. 1, 10), quando S. Paulo diz para partir o pão (At. 20,7), os cristãos cultuavam a Deus mais frequentemente. Faziam à leitura dos profetas, das epístolas dos apóstolos, das cartas que dirigiam às igrejas. Estas leituras eram explicadas, conforme S. João, que, conduzido a Éfeso, limitou-se a esta exortação: "Meus filhos, amai-vos uns aos outros". Desta prática de explicar o que era lido no Texto Sagrado, deriva a realização das homilias e sermões.

Vejamos os primeiros registros sobre a liturgia o que dizem os Pais Apostólicos da Igreja.

S. Justino Mártir, (103-167) filósofo pagão que se convertera , tornando-se sacerdote e mártir, contemporâneo de Simeão (que havia ouvido Nosso Senhor Jesus Cristo), de S. Inácio, de Clemente, companheiro de S. Paulo na pregação, de Potino e de Irineu, discípulos de Policarpo em sua obra Apologia 2, escreve: "No chamado dia do Sol todos os fiéis das vilas e do campo se reúnem num mesmo lugar: em todas as oblações que fazemos, bendizemos e louvamos o Criador de todas as coisas, por Jesus Cristo, seu Filho, e pelo Espírito Santo" e sobre a reunião dos primeiros cristãos para culto ele descreve.


"Lêem-se os escritos dos profetas e os comentários dos apóstolos. Concluídas as leituras, o sacerdote faz um discurso em que instrui e exorta o povo a imitar tão belos exemplos". "Em seguida, nos erguemos, recitamos várias orações, e oferecemos pão, vinho e água".

"O sacerdote pronuncia claramente várias orações e ações de graças, que são acompanhadas pelo povo, com a aclamação Amem!". "Distribui-se os dons oferecidos, comunga-se desta oferenda, sobre a qual pronunciara-se a ação de graças, e os diáconos levam esta comunhão aos ausentes".

"Os que possuem bens e riquezas dão uma esmola, conforme sua vontade, que é coletada e levada ao sacerdote que, com ela, socorre órfãos, viúvas, prisioneiros e forasteiros, pois ele é o encarregado de aliviar todas as necessidades".

"Celebramos nossas reuniões no dia do Sol, porque ele é o primeiro dia da criação em que Deus separou a luz das trevas, e em que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos".

Outro atestado é de:

S. Inácio de Antioquia, (†110) terceiro bispo de Antioquia, sucessor de S. Pedro e de Evódio, contemporâneo dos apóstolos quando muito jovem, que declarou ter visto Nosso Senhor ressuscitado; Conheceu pessoalmente São Paulo e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma onde morreu nos dentes dos leões no Coliseu. A caminho de Roma escreveu Cartas as igrejas de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo S. Policarpo de Esmirna. Apresenta alguns detalhes sobre a oblação da Eucaristia, na sua primeira carta aos cristãos de Esmirna. E nesta aparece pela primeira vez a expressão “Igreja Católica”.

“Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, por que não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nos sos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou.” (Epístola aos Esmirnenses: Cap. VII; Santo Inácio de Antioquia).

S. Ireneu de Lião, (130-202) eminente teólogo ocidental, confirma-nos o sacrifício que era prestado pelos primeiros cristãos figurado no sacrifício de Cristo, em outra obra ele ressalta a importância e a transubstanciação na Eucaristia.

“(Nosso Senhor) nos ensinou também que há um novo sacrifício da Nova Aliança, sacrifício que a Igreja recebeu dos Apóstolos, e que se oferece em todos os lugares da terra ao Deus que se nos dá em alimento como primícia dos favores que Ele nos concede no Novo Testamento. Já o havia prefigurado Malaquias ao dizer: Porque desde o nascer do sol, (...) (Malaquias, I, 11). O que equivale dizer com toda clareza que o povo primeiramente eleito (os judeus) não havia mais de oferecer sacrifícios, senão que em todo lugar se ofereceria um sacrifício puro e que seu nome seria glorificado entre as nações." (Adversus haereses, São Ireneu de Lion).

Outro Registro é o:

Didaqué um catecismo cristão que fora escrito por volta do ano 120 d.C. um dos mais antigos registros do cristianismo, fala nos do culto cristão e da celebração dos primeiros crentes após transcrever regras a respeito da celebração da eucaristia; diz:

“Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães". (Didaqué, Cap. IX, Nº 5)

Também diz sobre a reunião dos crentes:

“Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro” (Didaqué, Cap. XIV, nº 1)

O que tem em comum estes testemunhos do fim do I séc. e inicio do II século, comprovam a liturgia católica como herdeira, da liturgia dos primeiros cristãos oferecidas em suas reuniões, mais tarde no séc. III conhecidas pelo termo Missa, que Procede do latim “mitere”, que quer dizer "enviar, mandar, despedir". Missa é o particípio que adquira o sentido de substantivo; "missão, despedida, dispensa,” é, pois a despedida na partida. Podemos observar que eles perseveravam na comunhão e na celebração eucarística então onde ficam os cultos protestantes? Os gritos, os longos sermões, e as musicas e estilos exagerados e sentimentais, além dos pseudo-exorcismos e das tidas manifestações do “Espírito”? Se não tem embasamento histórico, bíblico ou nas reuniões dos primeiros cristãos? Trata-se de invenções humanas posteriores a antiguidade cristã.

Notas:

Disciplina do Arcano¹: Disciplina do Segredo, ou Lei do Arcano, é o termo teológico para expressar o costume que prevaleceu na Igreja primitiva, na qual o conhecimento dos mistérios da religião cristã era, por medida de prudência, cuidadosamente mantido oculto aos gentios, aos não-iniciados e até mesmo aos que se submetiam à instrução na fé, para evitar que aprendessem algo que pudessem fazer mau uso, o costume pendurou-se até o séc. VI.

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Toda Pessoa que se suicida está condenada?


Algumas pessoas consideram que um suicida, após sua morte, está condenado, não tem salvação.

Mas o que a Igreja fala sobre isto ?

Antigamente se pensava que sim, embora a Igreja nunca tenha ensinado isso oficialmente; pois ela nunca disse o nome de um condenado. Hoje, com a ajuda da psicologia e psiquiatria, sabemos que a culpa do suicida pode ser muito diminuída devido a seu estado de alma.

Evidentemente que o suicídio é, objetivamente falando, um pecado muito grave, pois atenta contra a vida, o maior dom de Deus para nós. Infelizmente há países que chegam a facilitar e até mesmo estimular esta prática para pacientes que sofrem ou para doentes mentais. Na Suíça, por exemplo, uma decisão da Suprema Corte abriu o caminho para a legalização da assistência ao suicídio de pacientes mentalmente doentes. O país já permite legalmente o suicido assistido para outros tipos de pacientes com uma ampla faixa de doenças e incapacidades físicas. É o império da “cultura da morte” através da eutanásia.


O Catecismo da Igreja ensina que:


§2280 – “Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela”.


§2281 – “O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo”.


Mas o Catecismo lembra também que a culpa da pessoa suicida pode ser muito diminuída:


§2282 – “Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrário à lei moral. Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida”.

Portanto, ninguém deve pensar que a pessoa que se suicidou esteja condenada por Deus; os caminhos de Sua misericórdia são desconhecidos de nós. O Catecismo manda rezar por aqueles que se suicidaram:


§2283 – “Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”.

Certa vez o santo Cura D´Ars, São João Maria Vianney, ao celebrar a santa Missa notou que uma mulher vestida de luto estava no final da igreja chorando, seu marido havia suicidado na véspera, saltando da ponte de um rio. O santo foi até ela no final da Missa e lhe disse: “pode parar de chorar, seu marido foi salvo, está no Purgatório; reze por sua alma”. E explicou à pobre viúva: “Por causa daquelas vezes que ele rezou o Terço com você, no mês de maio, Nossa Senhora obteve de Deus para ele a graça do arrependimento antes de morrer”. Não devemos duvidar dessas palavras.



Fonte: Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Igrejas Modernas, “feias como o pecado” X Igrejas Tradicionais, Antecâmaras do Céu


Para arquiteto americano, muitos sentem, mas poucos dizem: as igrejas modernas criam um ambiente que leva à perda da fé. Em sentido contrário, as igrejas antigas, fiéis à tradição, estimulam a fé e a piedade, tornam atraente a virtude e alimentam o desejo do Céu                               


Luis Dufaur

Por certo o leitor já terá visto igrejas católicas em estilo moderno ou modernizado, ou mesmo entrado em alguma delas. Que impressão causam? Para muitos, as formas e estilos artísticos não tradicionais causam mal-estar psicológico. Por isso, não raramente lamentam-se, e confessam ter saudades dos estilos antigos. Se o leitor conhece gente assim, ou é um deles, encontrará aqui algo que lhe explicará muitas coisas.


Faltava a publicação de um estudo que apontasse com clareza, conhecimento, seriedade e respeito o que a nova arquitetura católica tem de censurável. 
Michael S. Rose, jovem arquiteto americano, doutor em Belas Artes pela Brown University (dos EUA), pôs o dedo na ferida. 

E a repercussão foi vasta. Seu livro, Feia como o pecado — Por que transformaram nossas igrejas de lugares sagrados em salas de reunião, e como voltar atrás (1), tornou-se leitura de referência. 

Na esteira desse sucesso, o autor publicou Em camadas da glória: o desenvolvimento orgânico da arquitetura das igrejas católicas através das épocas (2) e entrou na lista dos best sellers do “New York Times”.
No texto que segue, o primeiro livro será citado com a letra U (de Ugly, feia), seguida do número da página. E o segundo livro será citado com a letra T (de Tiers, camadas), também seguida pela página correspondente.
Ambiente arquitetônico influencia tendencialmente os fiéis
Michael S. Rose
Embora Dr. Rose seja católico, escreveu sua obra do ponto de vista de um arquiteto. Identificou os princípios e usos que guiam os profissionais quanto à feiúra arquitetônica religiosa moderna. Vasculhou na tradição e na história da Igreja as razões pelas quais um templo é católico independente de estilos, escolas e eras históricas. 

Encontrou um tesouro de doutrinas — algumas reveladas por Deus, e muitas outras elaboradas pelo Magistério tradicional da Igreja.

Constatou que os fundamentos dos estilos católicos para construir igrejas ao longo de dois milênios foram contestados e expulsos pela nova arquitetura eclesiástica. 

Não é uma divergência de gostos, preferências, comodidade ou custos, segundo o autor. Trata-se de uma oposição medular entre dois modos de considerar a ordem do Universo, da Redenção e da Igreja, aplicados à arquitetura.

As duas concepções passam mensagens antagônicas, através de formas estéticas, cores, proporções, num sem-número de elementos simbólicos materiais. 


Capas
Elas modelam o modo de sentir, de praticar e de aderir à fé e atingem algo muito íntimo: o próprio modo de ser de quem freqüenta as igrejas.

Dr. Rose timbra em ressaltar: “Um postulado básico que os arquitetos aceitaram durante milênios é que o ambiente arquitetônico tem a capacidade de influenciar profundamente a pessoa, o modo como ela age e sente, o que ela é” (T, 9). 

E acrescenta: “A arquitetura da igreja afeta o modo mediante o qual o homem pratica o culto; o modo de prestar culto afeta o que ele crê; e o que ele crê afeta não somente sua relação pessoal com Deus, mas o modo como se comporta na vida diária” (U, 7). 

Como isso acontece? Rose o mostra, historiando a origem de ambas concepções.


Fidelidade das igrejas antigas às origens bíblicas e canônicas 

O arcabouço do templo católico foi ditado por Moisés durante a travessia do deserto. Ele mandou que os judeus demarcassem nos acampamentos um espaço retangular sagrado. 


Foto 1
Numa extremidade era montada a tenda, ou tabernáculo, que continha a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei. 

Diante da tenda, erigia-se o altar do sacrifício. Este esquema guiou a construção, pelo rei-profeta Salomão, do Templo de Jerusalém, completado em 966 a.C. 

Durante as perseguições romanas, os primeiros cristãos foram constrangidos a se congregarem em casas ou nas catacumbas. 

Quando obtiveram a liberdade em 313, com o edito de Milão, do Imperador Constantino, eles escolheram para suas igrejas os altos, ricos e imponentes edifícios chamados basílicas. 

Eram as construções mais próximas do Templo ideal. Possuíam cinco naves e uma abside reservada para os magistrados, a qual apresentava o chão elevado. Os cristãos acrescentaram um transepto para que a planta do edifício formasse uma cruz. No cruzamento dos braços da Cruz instalaram o altar. Em Roma, podem-se visitar algumas das mais famosas dessas basílicas, como a de São Paulo fora dos Muros, São João de Latrão e Santa Maria Maggiore. [foto 1]

Foto 2: Igreja Nossa Senhora da Conceição - Ouro Preto
Essas basílicas cristianizadas constituíram o ponto de partida do estilo românico. 

Neste, o teto plano foi substituído pelos arcos de meio ponto que nos remetem à abóbada celeste.

Surgiu depois o estilo gótico, com a ogiva que acena para alturas infinitas. Ele é hierático, sacral e solene; lógico, matizado e requintado; um resumo da ordem do Universo. 

O estilo barroco deu ênfase ao movimento, às cores e à estatuária, manifestando aos fiéis a proximidade do mundo sobrenatural com o terreno. Luminoso, cálido e acolhedor, contrapôs-se à visão do protestantismo: ressequida, hirsuta, cinzenta e utilitária. Podemos apreciá-lo em inúmeras igrejas coloniais brasileiras. [foto 2]

O século XIX misturou os estilos, e até viu renascer o gótico. A variedade foi pasmosa, mas o espírito e o ambiente das igrejas católicas continuou sempre marcado pelo recolhimento, a sacralidade e a unção sobrenatural, sinais da aprovação divina. Esta continuidade, explica o autor, deve-se a que todos eles respeitaram os princípios da tradição arquitetônica católica.

Origens protestantes das igrejas católicas modernas 

Na primeira metade do século XX apareceram igrejas em estilos modernos, desprovidas desse espírito. Como foi isso possível? 

O arquiteto americano mostra que o protestantismo, estéril por natureza, foi incapaz de gerar um estilo arquitetônico próprio. Seus heresiarcas fundadores preferiram galpões sem graça. 

Porém, os pastores heréticos conservaram antigas igrejas católicas usurpadas, para se darem ares de credibilidade. É a razão pela qual, no Brasil, eles construíram alguns templos de inspiração neogótica. 

Até que, em meados do século XIX, um movimento interno no protestantismo reivindicou prédios mais consentâneos com o seu espírito. 

Esses templos foram construídos focalizando leitura e reunião, e não o sacrifício do altar. 

Eles imitam anfiteatros e auditórios. Surgiu assim uma arquitetura “deliberadamente não-eclesiástica, sem altar, sem tabernáculo e sem presbitério” (T, 99). 

Tendência análoga processava-se no modernismo católico. 

“Após a II Guerra Mundial, os católicos começaram a experimentar novas formas e configurações. [...] Algumas destas experiências foram inspiradas pelo movimento liturgicista católico, e dirigidas por líderes da arte e da arquitetura modernista [...]. 

A estatuária foi evitada, a estrutura de basílica foi descartada e o sagrado não foi mais diferenciado do profano. Utilizando linhas retas e geometrias abstratas, arquitetos como Rudolph Schwartz e Dominikus Bohm criaram 'espaços de culto' frios e secos muito antes que estas experiências atingissem o seu auge nas décadas que seguiram o Concílio Vaticano II” (T, 100-101). Nessas “experiências”, a piedade e a unção sobrenatural desapareceram.


Le Corbusier cria igrejas-máquina, ou de pesadelo

Foto 3
O arquiteto suíço Le Corbusier criou dois exemplos típicos da nova arquitetura em sintonia com a nova teologia. 

“Sua Notre Dame du Haut (1950-1954) [foto 3] em Ronchamp, França, é talvez o epítome de uma igreja desenhada como uma escultura abstrata.


O mosteiro dominicano de La Tourette (1951) [foto 4], [...] com seus espaços áridos e opressivos, foi um fracasso monumental” (T, 101-102). (3) Le Corbusier sustentava que a casa é uma “máquina para morar”. 


Foto 4
Portanto, máquina, e não a figura humana, seria o paradigma para a arquitetura. 

Este critério insano “foi aplicado na arquitetura eclesiástica católica dos anos 60, enquanto que a Igreja, desorientada como foi pelo novo movimento litúrgico, sucumbiu à idéia de que a arquitetura da nova igreja deveria explorar os materiais e os métodos modernos.
 
Então, a maioria das obras desta época foram efetuadas com aço, vidro e concreto, desenhadas como grosseiras massas, obedecendo à forma de conchas, navios, arcas e outros temas náuticos; ziggurats, naves espaciais, colméias, toldos de índio, artefatos para pouso lunar, e vários tipos de origami” (T, 102).(4) 


Entre esses templos revolucionários, Dr. Rose cita a catedral do Rio de Janeiro. [foto 5] 

Igreja cônica, algo sem precedentes no catolicismo, lembra ela os templos babilônicos, dos quais o maior foi a Torre de Babel (T, 100).


Foto 5

O autor alude também à catedral de Brasília — que compara a uma torre para esfriar água [foto 6] — e à de Maringá, cuja forma cônica reporta-se ao satélite soviético Sputnik, lançado em 1957. [foto 6.1]

Foto 6

Foto 6.1

Protótipos para o século XXI causam horror 

O desconcerto e o mal-estar cresciam. Mas o pior estava por vir. 

Foto 7
No ano 2000, segundo o arquiteto americano, três projetos visaram marcar a arquitetura do novo milênio. 

O primeiro foi a Igreja do Jubileu 2000, [foto 7] na paróquia romana em Tor Tre Teste, construída pelo arquiteto Richard Meier. Dela “se diz que foi concebida pela diocese de Roma como um protótipo para o III Milênio”. 

Reúne uma “série de paredes de concreto retilíneas e curvilíneas recheadas com vidro, todas num plano horizontal, como se o prédio pudesse ser arrancado qualquer dia e transportado a alguma outra superfície” (T, 104). Para os críticos, evoca mais a Opera de Sydney ou uma sala protestante perfeitamente puritana.

Foto 8
O segundo foi a catedral de Nossa Senhora, de Los Angeles, EUA. [foto 8] 

Teve-se em vista uma catedral que “com o seu aspecto grosseiramente volumoso, contrastes agudos, estrutura assimétrica desprovida de ângulos retos, rompesse deliberadamente com a continuidade histórica de dois milênios de arquitetura católica para as igrejas. 

Mas paga tributo aos últimos cinqüenta anos de estruturas para escritório, banais e sem inspiração, que têm poluído a paisagem do centro de Los Angeles e da maioria das outras cidades americanas” (T, 105).

A terceira grande experiência foi a Catedral Christ the Light, em Oakland, Califórnia. 

O projeto vencedor, de Santiago Calatrava, propôs “uma concha gigante semi-aberta, uma caixa torácica ou pança de uma baleia. 

Foi a primeira catedral que iria ter um teto retráctil. [...] "The San Francisco Chronicle" descreveu a proposta como 'uma estrutura de costelas de aço pintado, vidro e concreto, que parece tão futurista como os restos de um esqueleto de uma criatura pré-histórica corcunda’” (T, 106-107). 


Após descrever a divergência existente nas origens das duas tendências, o autor desce aos pormenores das oposições.


Notre Dame de Paris, arquétipo de catedral católica

A arquitetura eclesiástica católica bem sucedida é uma corporificação material das doutrinas da fé. 

Foto 10
Dr. Rose exemplifica isso com a catedral Notre Dame de Paris. 

Ela é a jóia-da-coroa da Cidade Luz, o verdadeiro epicentro, a alma da capital francesa. 

Solene e maternal, ela irradia sua influência a partir da Île de la Cité, como uma grande dama a partir do palácio, no centro do seu feudo. 

Ela é a representação do Cristianismo na sua totalidade: desde o império universal de Nosso Senhor Jesus Cristo até os sofrimentos dos precitos no inferno. Nela, o peregrino percebe a luta entre o bem e o mal, entre o sagrado e o profano, entre o eterno e o passageiro. [foto 10 e 10.1] 

Foto 10.1
Notre Dame, ele insiste, é arte no sentido mais nobre do termo, é arquitetura da mais alta classe, um “lugar sagrado” que espelha as realidades eternas. Ela é, antes de tudo, a casa onde Deus habita na Terra. 


Visibilidade, hierarquia e simbolismo da igreja 

Para os construtores de igrejas, diz Dr. Rose, as palavras de Cristo são normativas. E o Divino Mestre ensinou no Sermão das Bem-aventuranças: “Não pode se esconder uma cidade que está situada sobre um monte. Nem os que acendem uma luzerna a metem debaixo do alqueire, mas põem-na sobre o candeeiro, a fim de que ela dê luz a todos que estão na casa” (Mt 5, 14-15). 

Foto 11
Por isso, a igreja não pode ficar dissimulada ou escondida. A igreja tem que sobressair no panorama. 

Esse destaque deve ser audível também. Os sinos lembram a presença de Nosso Senhor na Terra, convocam à oração, marcam os acontecimentos transcendentais da vida, espantam os demônios. [foto 11] 

Porque é sagrada, a igreja tem uma superioridade natural sobre os prédios profanos que a circundam. 

O bom encaixe estético e hierárquico foi bem alcançado com uma transição harmônica. Onde possível, uma praça ou um largo, que pertencem à esfera temporal, faz o primeiro espaço de transição. Logo vem o átrio, pátio aberto que lembra o átrio do Templo de Salomão, e que pertence à igreja. 


Foto 12
A fachada é o rosto da igreja. Ela evangeliza, ensina, catequiza. 

Na Idade Média, bastava ao catequista explicar o significado das inúmeras estátuas e cenas entalhadas na pedra, para dar aulas perfeitas sobre as verdades fundamentais da fé, as virtudes e os vícios opostos, a História Sagrada, a ordem do Universo, a hierarquia das ciências, etc. 

No coração da fachada de Notre Dame encontra-se a rosácea. 

Ela forma a coroa da Santíssima Virgem. A rosa é emblema de Nossa Senhora. Na Idade Média, quase todas as catedrais foram dedicadas à Mãe de Deus. [foto 12] 

A rosácea é denominada “olho de Deus”, porque antecipa a visão beatífica. Representa também a perfeição, o equilíbrio e a harmonia da alma purificada, que se prepara para ingressar no Reino Celeste eternamente.

A nave, símbolo da Arca da Salvação e da maternidade da Igreja

O nártex (vestíbulo sob o coro) é o primeiro espaço sagrado da casa de Deus. Também é conhecido como galilé, porque dali parte a procissão que, no início da Missa, dirige-se até o altar, simbolizando a jornada de Cristo desde a Galiléia até Jerusalém, rumo ao sacrifício do Calvário. No nártex, a água benta lembra o batismo, a necessidade do perdão dos pecados, e tem efeito exorcístico sobre o demônio e as tentações. 

Foto 13
A nave encarna a “Arca de Salvação”. A Igreja, Ela própria, é essa arca, a Barca de Pedro. 

Simboliza também o seio materno, pois a Igreja gera as almas para o Céu.  

Ela é ainda imagem do Corpo Místico de Cristo posto a serviço de sua cabeça: Deus Nosso Senhor. 

Um famoso diagrama coloca o Crucificado sobre a planta de uma igreja típica. 

Sua divina cabeça repousa no presbitério, os braços no transepto, o corpo e as pernas na nave. As colunas da nave representam os Apóstolos, e as colunas do cruzeiro simbolizam os quatro Evangelhos. 

Os genuflexórios servem para a posição corporal essencial do culto: a genuflexão, que é própria da adoração, necessária para se obter o perdão dos pecados. 

São Carlos Borromeo recomendou que os confessionários sejam situados nas partes laterais da igreja; que o penitente nele esteja ajoelhado, separado do confessor por uma tela, numa posição onde possa ver o presbitério. [foto 13] 

O púlpito, de preferência hexagonal, encontra-se no lado norte da igreja, à direita de quem entra. Como no hemisfério setentrional o norte é o lado menos luminoso, simboliza as trevas, a barbárie e o erro, que os sermões devem dissipar, ou devem ser eliminados pela pregação destemida das verdades evangélicas. Também no lado norte deve situar-se a pia batismal, pois as crianças que ali chegam ainda não pertencem à Igreja. As igrejas devem apontar para o Oriente, pois de lá veio o Salvador, e por ali chegará em sua segunda vinda, em pompa e majestade.
A indispensável posição monárquica do presbitério
 
Foto 14
A arca de salvação está ordenada em função do presbitério, local do altar do sacrifício e do tabernáculo, que está dirigido para o Oriente. É o equivalente cristão ao Santo dos Santos dos hebreus, no deserto e no Templo de Salomão. 

Foto 14.1
O nível do presbitério é mais alto que o da nave. A ele se destinam os mais ricos materiais e a arte mais elaborada. Desta forma, lembra-se ao fiel que a Igreja é hierárquica, composta de membros diferentes, sendo Nosso Senhor a cabeça, representado pelo Papa, bispos e sacerdotes, e com os religiosos e leigos cumprindo suas funções na Igreja militante.

Foto 14.2
Foto 14.3
O arquiteto Ralph Adams Cram explicou que “cada linha, cada massa, cada detalhe deve ser concebido e disposto para exaltar o altar, conduzir a ele” (U, 84). Outro elemento indispensável no presbitério é um Crucifixo, que o Abade Suger chamava de “estandarte da salvação”. [fotos 14, 14.1, 14.2 e 14.3]

As funções do coro e dos vitrais nas igrejas

O Concílio de Trento dispôs que o coro e os instrumentos ficassem na galeria acima do nártex. Não é desejável que músicos e coristas sejam visíveis. Eles devem ir à igreja como fiéis, e não como artistas. As “vozes desencarnadas” do coro evocam o canto dos anjos, proveniente de cima para baixo e ressoando de modo belo nas abóbadas da igreja.

Os vitrais ocupam um lugar especial na arquitetura eclesiástica. O Abade Suger, na Idade Média, chamou-os "janelas radiantes que iluminam as mentes dos homens de maneira que, por meio da luz, possam chegar à percepção da luz divina”. Ele dizia serem “sermões que tocavam o coração, através dos olhos, ao invés de entrar pelo ouvido” (U, 77). Toda outra forma artística no recinto sagrado, como pintura e escultura, está concebida para ser vista sob uma luz filtrada. O artista deve pintar com a luz de Deus, explica o Dr. Rose. Quando o sol se põe, através dos vitrais a luz projeta figuras multicolores no interior da igreja, criando uma sensação do além, uma faísca da beleza do Céu.

O contraste do modernismo: igrejas “sem-rosto”

A seguir, o autor fornece exemplos da revolução da arquitetura eclesiástica moderna em seu país, os EUA, e que apresenta casos análogos no Brasil.

Foto 15 
A igreja moderna não pode ser localizada a olho nu nem pelo som dos sinos. Uma sinalização Church Parking (estacionamento da igreja) avisa que a estrutura ao lado é uma “casa de culto”, e o mapa confirma que é uma moderna igreja católica. 

A fachada dessa igreja é sem-rosto. [foto 15] Não evangeliza, não ensina, não catequiza. Até se confunde com outros prédios da rua. A fachada é sem-rosto porque concebida para ser só uma “pele da ação litúrgica”, no linguajar da nova arquitetura. 

É uma estética agnóstica, que não reflete nem a tradição católica nem a História. 

Arquitetos e consultores de projeto litúrgico — LDC, sigla do inglês Liturgical design consultant — de igrejas modernas evitam os símbolos católicos como o Crucifixo ou a cruz latina. 

No máximo, quando colocam a cruz, ela aparecerá como um signo a ser decifrado –– por exemplo, na estrutura metálica que sustenta a vidraça exterior. [foto 16]

Espaços interiores mudam, segundo o capricho da moda 

Foto 17 - São Leonardo, Ohio
A arquitetura moderna apresenta portas semelhantes às de um prédio público ou supermercado [foto 17]. Sandra Schweitzer, LDC na renovação da catedral dos SS. Pedro e Paulo, em Indianápolis, EUA, explicou: “Substituímos as portas pesadas, grossas, de metal, pelas portas de vidro que dizem 'vocês são sempre bem-vindos aqui’” (U, 101). Essas portas inculcam a idéia de que o prédio não é sagrado, observa Rose.

Foto 18 - São João Vianney, Ohio
Após essas portas, a igreja moderna inclui um espaço vasto e vazio. É um local de reunião após a Missa, bem iluminado e despojado. Se há algum objeto de devoção, situa-se num canto, junto a um bebedouro, às toaletes ou a um telefone público. Nesse espaço pode encontrar-se uma fonte batismal estilo banheira. [foto 18] 

Nos anos 80, o progressismo exaltou o batismo de imersão. A forma preferida foi a sauna, conhecida pelo nome comercial Jacuzzi. Na verdade, como escreveu a consultora de desenho litúrgico Christine Reinhard, a pia batismal “desde o Vaticano II, tem girado um pouco por toda a igreja. De início, os litúrgicos julgavam fundamental que ela ficasse bem visível. Agora, o consenso é que a visibilidade é o menos importante...” (U, 105). Um muda-muda caprichoso e errático, próprio de uma religiosidade em contínua evolução rumo ao ignoto. 


A partir dos anos 90, tornou-se moda incluir obras de arte temporárias de “símbolos universalmente reconhecíveis”, como o pagão e gnóstico yin-yang, quadros de “modelos contemporâneos”, de “testemunhas do batismo”, projeções ou encenações. Os personagens e os temas vão mudando sobre um fundo laicizante ou esquerdizante: Martin Luther King ou o teólogo contestatário Karl Rahner, por exemplo.


Interior decapitado, sem ponto monárquico 

Michael Rose descreve o ambiente típico de uma igreja americana moderna. As cadeiras circundam o altar. Não há genuflexórios, e as poltronas convidam a cruzar as pernas, passar o braço por cima do espaldar do vizinho ou pôr os pés no respaldo da frente. As posturas informais calham bem com a atmosfera criada pela nova arquitetura. Não há espírito de oração nem reverência. Não há arte sacra. Há burburinho e bate-papo entre os fiéis. Uns procuram amigos e parentes com o olhar, e trocam “tchauzinhos”. Não há ponto monárquico. Não raro o altar está baixo demais para ser visível. O sacerdote, quando senta, desaparece. Se alguém está lendo, só se fica sabendo por causa das caixas de som. 



A igreja moderna não é hierárquica: tudo é igual. Não há lugar sagrado. O presbitério não se distingue da nave. Esta foi decapitada. É mais um local de reunião. A igreja de Cristo Rei, em Las Vegas, é reconfigurada de tempos em tempos. Por vezes o altar está no centro, outras vezes junto a uma das paredes. As cadeiras, ora em torno do altar, ora dispostas em asas. Os paroquianos não sabem o que os espera a cada domingo. 


O atril ou ambão (pequena tribuna em forma de plano inclinado, onde se colocam livros ou pautas para serem lidos) está em alguma parte perto da mesa. Cantores e músicos se exibem num local proeminente, em que possam aparecer destacadamente. Coro, pianista, guitarrista, violinista, baterista ficam olhando para a assembléia. O chamado “ministério da música” é mais perceptível que o do altar. E como o agradável e o comum são objetivos da nova arquitetura, a música também tem que ser prazenteira e popular. Os cânticos dos fiéis são abafados pelo sistema de som. 
Foto 19
O altar não faz referência ao sacrifício, assemelha-se a uma mesa de jantar. Não há iconografia sacrifical, e poucas vezes um Crucifixo destacado. Na hora da comunhão, muitos leigos distribuem as hóstias; e se colocam em tantos lugares, que é difícil escolher de qual deles se aproximar. 


Quando a Missa termina, os fiéis saem conversando, rindo. Em instantes o “espaço de culto” fica abandonado, folhetos cobrem as cadeiras e o chão fica como após o término de partida de beisebol. Domina a sensação de vazio. 


E o Santíssimo Sacramento? Nas últimas décadas, a tendência foi levá-lo para uma sala à parte. O tabernáculo do novo estilo pode assemelhar-se a uma gaiola de passarinhos ou até a um totem, como no convento agostiniano de Nossa Senhora das Graças, em Ontário, Canadá [foto 19]. Outros são cilíndricos ou cônicos, conhecidos como “torres do sacramento”. O ambiente em torno nada tem de sacral, acolhedor, nobre ou elevado, e não convida à adoração.

Igrejas deliberadamente não-igrejas

O que há na cabeça dos desenhistas desses “espaços de culto”? Rose reproduz axiomas de um maître-à-penser da arquitetura eclesiástica moderna, Edward Sövik. Este arquiteto luterano de Minnesota desenhou mais de 400 projetos para igrejas católicas e protestantes. 

Ele forjou o conceito de não-igreja, ou casa do povo: uma estrutura que poderia não ser uma igreja e onde o povo pode ter seu culto. Portanto, um recinto o mais descaracterizado possível, sem respeitabilidade nem beleza. 

Para Sövik, “se o local é reservado para a liturgia, logo vai ser interpretado como ‘casa de Deus’, vai ser visto como um lugar santo, enquanto outros locais serão vistos como profanos ou seculares” (U, 157). A santidade e a sacralidade da 'casa de Deus' é o mal a ser evitado! 

O padre católico Richard Vosko [foto 20], LDC da nova catedral de Los Angeles, EUA, explicou à imprensa que não quis criar um lugar sagrado, mas uma “forma arquitetônica que possa acolher formas rituais de uma religião, seja ela judaica, católica, muçulmana, ou não seja nada” (U, 170). Portanto, válida para qualquer crença ou erro: para falsos deuses! “Móveis e instrumentos simbólicos, pregou ainda Sövik, devem ser portáteis, variados, para serem trocados, mudados de lugar ou abandonados, na medida que o desejarem os paroquianos do futuro” (U, 157). Tudo deve ser perecível, banal, incapaz de transmitir tradições, tidas como um mal a evitar. [Que absurdo!]


Vias para uma contra-revolução na arquitetura católica 

Dr. Rose não fica na crítica. Ele propõe normas de ação positivas aplicadas em paróquias dos EUA. Lá, o desprezo pelas cafajestices arquitetônicas alimentou a tendência para que as igrejas voltem a ser como eram. Rose refere o caso da igreja de São Patrício em Forest City, Missouri. Ela foi modernizada por dentro com painéis de compensado. A Via Sacra, o velho altar, imagens e objetos sagrados desapareceram. Em 1999, o pároco, Pe. Joseph Hughes, iniciou a restauração. Objetos como a lâmpada do Santíssimo, o tabernáculo e os candelabros, piedosamente guardados pelos fiéis, foram reaproveitados. 


Foto 21
Onde o altar principal foi poupado, diz Rose, deve-se reinstalar o Santíssimo Sacramento no tabernáculo, removendo as modernidades acrescentadas, elaboradas em geral com materiais de segunda classe e já caducos. Restaurado o ponto monárquico, não é difícil devolver a hierarquia, a sacralidade e a beleza à igreja. No lugar em que os altares foram demolidos, a restauração poderá ser uma oportunidade para se desenhar e construir algo ainda mais rico e mais belo do que o original, segundo o autor. Assim ocorreu na catedral São Paulo, de Worcester, e em várias igrejas históricas na diocese de Victoria, Texas. 


Nas igrejas novas, como a arquitetura moderna montou estruturas tipo “use e jogue fora”, Rose propõe aplicar esse princípio e jogar fora os acréscimos modernosos. A seguir, deve-se dar à igreja um senso hierárquico, definindo um presbitério, uma nave, elevando um altar-mor, corrigindo as assimetrias, expurgando os ares de auditório ou teatro. 


Foto 22
No tocante às igrejas tão ousadas que nem adianta reformar, Rose lembra que foram feitas para durar pouco e servir para outras funções. Então, que se construam no mesmo lugar outras igrejas, fiéis à estética antiga. 

Michael Rose menciona novos grupos de arquitetos formados em prestigiosas universidades, e que desenvolvem projetos inspirados nas obras-primas dos séculos de glória da Igreja e de acordo com as necessidades do século XXI. [fotos 21 e 22] 


Mas isso não é tudo.

Formação da opinião católica, inclusive do clero

Para dar estabilidade à recuperação do patrimônio arquitetônico católico, é necessária uma campanha de formação do clero e dos fiéis. Como no caso do tratamento de alcoólatras, o primeiro passo é que eles admitam que andaram mal. Ou seja, admitam serem feias e antifuncionais, banais e incapazes de inspirar a religião, as igrejas novas pós-Vaticano II. O segundo passo consiste em identificar a causa do problema: as agendas teológicas que desejam mudar (desfigurar!) o rosto do catolicismo.

Vitrais Notre Dame, Paris
O terceiro passo é “remover o câncer”, ou seja, os LDCs devem deixar de interferir na hora de construir ou renovar as igrejas. Quarto: contratar arquitetos que tornem manifesta a fé no prédio da “casa de Deus”. Quinto: bispos, sacerdotes e leigos devem engajar-se na preservação e enriquecimento das igrejas com os melhores materiais razoavelmente disponíveis. Por fim: educar seminaristas, clérigos e leigos sobre o significado da igreja e sua íntima relação com a fé católica.
Dr. Rose conclui que os católicos do século XXI podem corrigir a calamitosa situação atual e impulsionar um renascimento da arquitetura sagrada, recuperar os tesouros do passado no seu esplendor original e erigir novas igrejas, belas, duráveis, verdadeiros vasos de significado para as gerações vindouras de fiéis.
O autor restringe-se a seu campo de arquiteto e faz um balanço substancioso de quase um século de Revolução Cultural na arquitetura religiosa. Ele não aborda diretamente a crise que grassa na Igreja Católica. Neste contexto, a restauração para a qual ele acena merece encorajamento, compreendendo-se porém que, sem a penitência e sincera conversão pedida por Nossa Senhora em Fátima, não se recuperará a plenitude de sanidade e glória na Igreja.
Vitrais Notre Dame, Paris
Sem essa conversão profunda, o sadio movimento — auspiciado pelo talentoso arquiteto Michael Rose — poderá impor um retrocesso parcial à Revolução Cultural religiosa, mas à la longue poderá ser tragado pela voragem progressista. Pois o foco causador da revolução estética é o processo de autodemolição, denunciado por Paulo VI, em curso na Igreja. Sem que este cesse, nada de durável poderá realizar-se. Tal autodemolição seria fatal, caso não existisse a promessa infalível de Nosso Senhor, de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja.
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Notas:

1. Michael S. Rose, Ugly as Sin — Why they changed our churches from sacred places to meeting spaces and how we can change them back again, Sophia Institute Press, Manchester, NH, 2001, 239 pp. (Citado no texto com a letra U).

2. Michael S. Rose, In Tiers of Glory: the Organic Development of Catholic Church Architecture Through the Ages, Mesa Folio Editions, 2004, 135 pp. (Citado com a letra T).

3. Nesse mosteiro acabou se suicidando o dominicano frei Tito de Alencar, religioso envolvido com a guerrilha no Brasil.

4. Origami: arte milenar japonesa, que consiste em dobrar papel a fim de formar objetos sem o auxílio de tesoura ou cola.




Fonte: Revista Catolicismo


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