quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 27: Obedecer o padre em tudo?

Mito 27: "O padre é autoridade, por isso deve-se obedecê-lo em tudo"

Não se deve.




A Santa Igreja é hierárquica, e uma determinação de um sacerdote que vá contra uma determinação de Roma é automaticamente nula.

O Concílio Vaticano II, como foi dito acima, deixa claro que nem mesmo os sacerdotes podem alterar a Sagrada Liturgia (Sacrossanctum Concilium, n. 22)

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, é incisivo em dizer ("O Sal da Terra"):

"Do que precisamos é de uma nova educação litúrgica, especialmente também os padres."


A Instrução Redemptionis Sacramentum afirma ainda que todos tem responsabilidade em procurar corrigir os abusos litúrgicos, mesmo quando isso implica em expor queixa aos superiores. Diz o documento (n. 183-184): "De forma muito especial, todos procurem, de acordo com seus meios, que o santíssimo sacramento da Eucaristia seja defendido de toda irreverência e deformação, e todos os abusos sejam completamente corrigidos. Isto, portanto, é uma tarefa gravíssima para todos e cada um, excluída toda acepção de pessoas, todos estão obrigados a cumprir este trabalho.


Qualquer católico, seja sacerdote, seja diácono, seja fiel leigo, tem direito a expor uma queixa por um abuso litúrgico, ante ao Bispo diocesano e ao Ordinário competente que se lhe equipara em direito, ante à Sé apostólica, em virtude do primado do Romano Pontífice. Convém, sem dúvida, que, na medida do possível, a reclamação ou queixa seja exposta primeiro ao Bispo diocesano. Para isso se faça sempre com veracidade e caridade."

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Comentário sobre este Mito (20/11):

Reverenciar imensamente os sacerdotes, com todo coração, alma e entendimento? SEMPRE!

Pois o Sacerdote é "Persona Christi", tem a alma configurada ministerialmente ao Único e Eterno Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat), nos n. 1667-1673. 


Por suas mãos sacerdotais, Nosso Senhor se faz presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho (Cat. 1374-1377). Ele se faz presente durante a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar (Cat. 1362-1372; 1411).

Como disse um santo, estando diante de um mim um anjo de Deus, cheio de esplendor, e um humilde padre católico, não hesito: a este último prestarei maior honra!

Por isso, o tradicional e belo costume de beijar a mão do sacerdote, como que beijando as Santa e Adorável Mão de Jesus.

Porém, como diz São Paulo (II Cor 4,7), "temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós".

Pois o sacerdote também é um homem pecador; diz o autor da carta aos Hebreus que "também ele está cercado de fraqueza" (Hb 5,2), e por isso "ele deve oferecer Sacrifícios tanto pelos próprios pecados, como pelos pecados do povo". (Hb 5,3)

O sacerdote portanto, NÃO menos que nós leigos, o sacerdote precisa ser obediente a autoridade de Deus, exercida pela Santa Igreja!

Aqui nestas postagens, temos falado a respeito de vários abusos litúrgicos, que são desobediência aos documentos oficiais da Santa Igreja. O próprio Concílio Vaticano II, na Constituição Sacrossanctum Concilium (n.22), e o próprio Código de Direito Canônico (n. 846) determina que, "mesmo que seja sacerdote", ninguém... "Ninguém mais, absolutamente, mesmo que seja SACERDOTE, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica."

"Na celebração dos Sacramentos, sigam-se fielmente os livros litúrgicos aprovados pela autoridade competente; portanto, ninguém acrescente, suprima ou altera coisa aguma neles, por própria iniciativa."

Também a Instrução Inaestimabile Donum, de 1980, afirma:


"Aquele que oferece culto a Deus em nome da Igreja, de um modo contrário ao qual foi estabelecido pela própria Igreja com a autoridade dada por Deus e o qual é também a tradição da Igreja, é culpado de falsificação."

Por isso mesmo, quando o sacerdote "determina" que os fiéis cometam algum desses abusos, tais "determinações" simplesmente NÃO tem nenhum valor em termos de dever de obediência.

Por outro lado, em um ***contexto específico***, TALVEZ possa se justificar, como ***tolerância*** (NÃO como aprovação) que se faça algumas coisas (contrárias as normas litúrgicas) que o sacerdote "manda" mesmo sem autoridade pra isso (quem sabe, permanecer em pé na Consagração?), se isso for feito com a intenção de manter boas relações com o sacerdote e com a Paróquia, para poder realizar ali um apostolado eficaz - e futuramente corrigir este e outros abusos. Talvez. 


Mas neste caso, vejamos que NÃO é por haver "dever de obediência", e sim por prudência e tolerância (e tolerância significa fazer "vistas grossas" para um mau, em prol de um bem maior).

Mais ainda, o trecho da Constituição Redemptionis Sacramentum, citada mais acima, incentiva que os próprios leigos façam queixas a respeito dos sacerdotes que cometem abuso litúrgicos.

Penso, porém que NÃO é bom sair fazendo queixa a torto-e-direito (até porque os abusos litúrgicos no Brasil estão ultra-generalizados e penso que é grande parte das vezes NÃO é má intenção, e SIM déficit na formação do sacerdotes), mas sim:

- primeiro de tudo, AMARMOS os sacerdotes, REZARMOS por eles, e nos colocarmos como amigos e suportes: os sacerdotes sofrem muito, passam por tentações e provações fortíssimas, e acredito que cada sacerdote tem uma legião de demônios mobilizados para derrubá-lo...

Os leigos precisam dos sacerdotes, e de alguma forma (claro que guardadas as devidas proporções), os sacerdotes precisam dos leigos!

Sabia frase que diz: "Quem não reza pelos sacerdotes, não tem o direito de reclamar deles..."


... e penso que cada povo tem o clero que merece.

- segundo, quando vemos os abusos e somos diretamente atingidos por eles, se formos fazer alguma coisa, penso que, em geral, a primeira coisa é procurar convesar amigavelmente com o sacerdote, já que talvez a questão seja um défict de formação da parte dele;

- terceiro, nos preocuparmos realmente, nesse sentido, com aqueles abusos realmente mais graves, ao invés de "fazermos tempestade em copo d-água" ou ficarmos "debatendo sobre as panelas estragadas na cozinha enquanto matam nossos filhos no quarto"...


Mesmo que Roma não tenha condições de fazer algo específico a nível local, penso que a quantidade de queixas sobre algum aspecto em específico pautará as futuras ações de Roma a nivel geral.

Falta de caridade isso? JAMAIS!

Falta de caridade é ver os direitos de Deus e dos fiéis sendo infligidos gravemente dentro das igrejas e não fazer nada, em nome de um puritanismo "politicamente correto"...

Falta de caridade é colocar impecilhos para que os fiéis, que tem o DIREITO de ter uma Liturgia bem celebrada, não a tenham e com isso tenham impecilhos em santifcar suas almas...

Retomamos a Constituição Redemptionis Sacramentum (n. 12):

..."todos os fiéis cristãos gozam do DIREITO de celebrar uma liturgia verdadeira, especialmente a celebração da santa Missa, que seja tal como a Igreja tem querido e estabelecido, como está prescrito nos livros litúrgicos e nas outras leis e normas."

Diz o Santo Padre Bento XVI (Caritas In Veritate, n.3):

"A caridade sem a verdade cai no sentimentalismo" (Caritas In Veritate, n.3).

Disse o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior (Arquidiocese de Cuiabá-MT): "Se salvarmos a Liturgia, seremos salvos por ela."

Roma exorta que as queixas necessárias sejam feitas com "verdade e caridade". (Redemptionis Sacramentum, n. 184)

Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente aprovadas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."

Que a Grande Mãe de Deus, Mãe da Eucaristia, pela Sua Poderosa Intercessão, nos conceda a graça de crer, adorar, amar e zelar pelo Santíssimo Corpo do Deus-Amor Sacramentado, pelo Santo Sacrifício da Missa, pelo Sacerdócio e pela Sagrada Liturgia da Igreja...




Francisco Dockhorn

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