sábado, 19 de março de 2011

Uma Quaresma com Santo Agostinho


Há pessoas que adoram histórias de santos, sobretudo quando se trata de mártires ou santos aventureiros. Mas, hoje, quero falar de um “santo” amigo catarinense. Não era santo, era um jovem faceiro e brincalhão como tantos da sua região. 


Certo dia, depois de outra dessas noitadas de fim de semana, caiu em forte depressão. Ninguém entendia o porquê! De fato, parecia ter tudo na vida: amigos, festas e dinheiro nunca faltavam. O que era uma vida cor-de-rosa, de repente virou uma angústia encarnada.

Vagando pela rua no final da tarde, resolveu entrar numa igreja. Era justamente a hora da Missa e, sem muito pensar, decidiu permanecer um momento. Na homilia, o padre falou do convite de Jesus ao jovem rico: “Vá, vende tudo o que tens e dá aos pobres, depois vem e segue-me” (Mc 10, 21). Infelizmente - concluiu o pároco - esse jovem não teve a valentia da generosidade com Jesus; pelo menos não naquele momento. A homilia culminou com outro “jovem rico”: narrou o itinerário da conversão de Santo Agostinho, o qual teve uma adolescência cheia de aventuras em prazeres e superficialidades; e inclusive chegou a abandonar a fé católica por alguns anos. Ponderou sua inteligência e talentos de orador, mas a ciência e o dinheiro não salvam, repetia o padre vendo a atenção dos ouvintes. O que pesa na balança da vida é a amizade pessoal com Deus. 

À noite, em casa, olhando os livros da família, esse meu amigo deu de cara com o santo da homilia: encontrou as Confissões, uma autobiografia espiritual de santo Agostinho. O que tinha sabor de uma homilia ordinária, foi um estímulo providencial. Comovido pela coincidência, leu algumas páginas. Até parecia ler a sua própria história diante de Deus: “Estavas dentro de mim e eu estava fora, e aí te procurava... Estavas comigo e eu não estava contigo... Mas Tu me chamaste, clamaste e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e curaste a minha cegueira”. São páginas de miséria e de misericórdia; de pecado e de perdão. 

Quem sabe o leitor também se sinta identificado com Agostinho! Você também cai na rede da liberdade de pecar e necessita conversão? Pode ser por isso que Agostinho se pareça com você, que percorre seu caminho e descobre que nada faz sentido sem a presença de Deus.

Sem saber, talvez, possa chegar à mesma conclusão: um homem que vive longe de Deus vive longe da felicidade. Não fomos criados para mendigar dinheiro e prazeres fugazes; o nosso coração permanecerá inquieto, enquanto não encontrar aquela Paz que o meu amigo encontrou na igreja. 

Não dê espaço à depressão nesta Quaresma. Levante e siga os passos de Cristo. Ele dará a verdadeira paz que seu coração deseja. 

Ah, esqueci de dizer o nome do amigo. Quem sabe possa ser você!


Pastoralis

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