sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Somente pela fé?



A salvação é um presente de Deus que Ele faz possível pelo sacrifício de Cristo Jesus. Não ganha por nossas próprias obras ou méritos. Negar a verdade da salvação por Cristo é negar o catolicismo e afirmar a antiga heresia do juízo. Entretanto, disto não se pode deduzir que é possível evitar as conseqüências de nossos atos ou evitar a responsabilidade que provém de nosso compromisso de viver a fé, tal como se afirma na tradição protestante. Cada um deve decidir se deseja aceitar ou rechaçar a salvação ganha para nós por Cristo. Por exemplo, se participaremos do plano criativo de Deus ou se obstinadamente insistiremos no nosso próprio. Devemos responder afirmativamente o chamado de Deus em forma ativa e decidida antes de entrar em sua vida eterna. 

Em contraste com esta afirmação, Martinho Lutero ensinou que somos salvos "só pela fé" (sola fide) e que não há maldade alguma que possamos cometer que possa pôr em perigo nossa salvação. A Bíblia contradiz essa proposta. São Paulo nos ensina em Romanos 6, 23 que "o pagamento do pecado é a morte." A seguir se encontram dúzias de textos bíblicos que refutam o falso ensinamento de Lutero. A Bíblia ensina que, certamente, somos salvos pela fé, mas não “somente pela fé." Devemos viver nossa fé em obediência, perseverança e amor. Onde os reformadores quiseram pôr uma cunha que separasse a fé e as boas obras; aí mesmo a Bíblia nos diz que ambas são inseparáveis.

Tiago 1, 22-25 — Mas têm que pô-la em prática e não só escutá-la, enganando-vos lastimosamente a vós mesmos. Porque quem se contente ouvindo a Palavra de Deus e não a pratica, este tal será parecido a um homem que contempla ao espelho seu rosto nativo, sujado com algumas manchas e que não faz mais que olhar-se e vai sem tirá-las e logo se esquece de como está. Mas quem contemplar atentamente a lei perfeita do Evangelho, que é a da liberdade, e perseverar nela, não fazendo-se ouvinte esquecido, senão executor da obra, este será, por suas obras, bem-aventurado.

Tiago é claro. Nossa participação ativa no plano de Deus e nossa resposta afirmativa ao chamado de Deus de viver a fé é requisito indispensável da vida cristã.


Tiago 2, 14-16 — Do que servirá, meus irmãos, que alguém diga ter fé se não ter obras? Por ventura a este tal a fé poderá lhe salvar? Em caso que um irmão ou uma irmã estejam nus e necessitados do alimento diário, do que lhes servirá que algum de vós lhes diga: "Ide em paz, defendei-vos do frio e comei com satisfação", se não lhes dais o necessário para reparo do corpo?

Tiago parece estar bem seguro que "a fé somente" não é suficiente para a salvação, porque até o Diabo e seus sequazes têm "fé somente". Esta passagem se erige como uma estentórea — e divinamente inspirada — refutação à doutrina errônea de Lutero. Não é maravilha que Lutero tentasse impugnar a canonicidade da Carta de Tiago no Novo Testamento e se referisse a ela como "uma epístola de palha".

Mateus 25, 31-46 — Quando vier, pois, o Filho do Homem com toda sua majestade e acompanhado de todos seus anjos, sentar-se-á então no trono de sua glória. E fará comparecer diante dele todas as nações e separará umas das outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, pondo as ovelhas a sua direita e os cabritos à esquerda. Então o Rei dirá aos que estarão a sua direita: "Venham benditos de meu Pai, a tomar posse do reino celestial, que vos está preparado desde o começo do mundo. Porque eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me hospedastes; estando nu, me cobristes; enfermo e me visitastes; encarcerado e vieste a ver-me e me consolar." Ao qual os justos lhe responderão, dizendo: "Senhor, quando te vimos nós faminto e te demos de comer; sedento e te demos de beber? Quando te achamos peregrino e te hospedamos; nu e te vestimos? Ou quando te vimos doente e no cárcere e fomos visitar-te?" E o Rei em resposta te dirá: "Na verdade te digo, sempre que o fizestes com algum destes meus mais pequenos irmãos, comigo o fizestes". Ao mesmo tempo dirá aos que estarão à esquerda: "Aparte-vos de mim, malditos, ide ao fogo eterno, que foi destinado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; sede e não me destes de beber; era peregrino e não me recolhestes; nu e não me visitastes; doente e encarcerado e não me visitastes". Ao que replicarão também os maus: "Senhor! quando lhe vimos faminto, ou sedento, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou encarcerado e deixamos de te assistir?" Então lhes responderá: "Digo-vos na verdade, sempre que deixastes de fazê-lo com algum destes meus pequenos irmãos, deixastes de fazê-lo comigo. E em conseqüência irão estes ao eterno suplício e os justos à vida eterna".

No Juízo Final, Jesus reconhecerá àqueles que viveram sua fé amando-se uns aos outros e obrando de acordo com esse amor mútuo.

Mateus 7, 21-23 — Nem todo aquele que me diz, Senhor, Senhor, entrará por isso no reino dos céus: senão o que faz a vontade de meu Pai celestial, esse é o que entrará no reino dos céus. Muitos me dirão naquele dia do juízo: "Senhor, Senhor, pois não havemos nós profetizado em seu nome e arrojado em seu nome os demônios e feito muitos milagres em seu nome?" Mas então eu lhes protestarei: "Jamais vos conheci por meus: apartai-vos de mim, operários da maldade".

Jesus é claro. Nosso julgamento dependerá de como tenhamos vivido nossa fé e não de se temos "somente a fé". Jesus nos diz que os que fazem a vontade de seu Pai serão salvos e condena mais bem aos operários da maldade que aos incrédulos.Faz-se insistência nesse mesmo ponto em Lucas 13, 25-28.

João 5, 29 — E sairão os que fizeram boas obras a ressuscitar para a vida eterna; mas os que as fizeram más, ressuscitarão para ser condenados.

Nosso julgamento depende de como vivamos nossa vida. Este singelo ensino é expresso em forma muito clara nas Escrituras.

Eclesiástico (Sirac) 16, 12-14 — Porque piedade e cólera vêm do Senhor, que é potente no perdão e derrama cólera.

Tão grande como a sua misericórdia é sua reprovação, ele julgará os homens segundo suas obras. 

É necessário esclarecer isto?

Lucas 10, 25-28 — E eis que um legista se levantou e disse para experimentá-lo: "Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Ele disse: "Que está escrito na Lei? Como lês?" Ele, então, respondeu: "Amarás ao Senhor teu Deus, de todo teu coração, de toda a tua alma, com toda tua força e de todo o teu entendimento; e ao teu próximo como a ti mesmo." Jesus disse: " Respondeste corretamente; faze isso e viverás."

Aqui Jesus responde diretamente a uma pergunta sobre a salvação. Esta parte da Bíblia é terminante. Observe a pergunta que o homem faz: "O que devo fazer?" Logo examine a resposta do Mestre. Aqui Jesus não sustenta o princípio de Lutero — que afirma que somos salvos "somente pela fé " — Jesus nos diz que devemos amar — o que em si mesmo é uma ação — de fato, é uma ação que pressupõe uma quantidade de ações subseqüentes, do contrário não somos salvos. Finalmente, não perca de vista a palavra obter que é diferente da palavra ganhar. 

Em algumas versões da Bíblia se traduz corretamente esta palavra grega (kleronomeso) como herdar. Em seu sentido mais comum, uma herança é um presente que se recebe e não um salário que ganha. Nossas ações, guiadas pelo amor são o modo de aceitar nossa herança, que foi ganhada por Jesus, o Cordeiro de Deus.

Romanos 2, 13 — Porque não são os que ouvem a Lei que são justos perante de Deus, mas os que cumprem a Lei que serão justificados.

Simplesmente ouvir a Lei com "fé somente" não é suficiente para nos salvar. Devemos estar determinados a cumpri-la. Requer-se que atuemos. É necessária uma resposta afirmativa ao chamado de Deus.

Romanos 2, 5-11 — [...] se revelará o justo julgamento de Deus, que retribuirá a cada um segundo suas obras.

Paulo é claro: seremos julgados por obrar segundo a fé. O qual não é o mesmo que dizer que nossa salvação provém de nossas próprias obras ou méritos. É por isso que a Igreja sempre ensinou que sem Jesus não existe possibilidade de redenção.

Ezequiel 33, 13-14 — Se eu disser ao justo: “Tu viverás", mas ele, confiado em sua em sua justiça, praticar o mal toda a sua justiça não será lembrada, e ele morrerá pela maldade que praticou. Se eu disser ao ímpio: "Tu morrerás", mas ele se converter do seu pecado e praticar o direito e a justiça, devolvendo o penhor recebido, restituindo o furtado e observando os preceitos que dão vida, não praticando a iniqüidade, certamente viverá, não morrerá. Todos os pecados que cometeu já não serão lembrados: ele praticou o direito e a justiça, portanto, viverá.

Estes versículos declaram explicitamente que somos julgados por nossas ações e em nenhuma parte se menciona que "só a fé" seja suficiente para obter a salvação. De fato, não se menciona a fé para nada. Também se desautoriza aqui à doutrina protestante da "eterna certeza," pela qual o pronunciar uma só vez pela fé nos assegura a salvação, sem importar as ações subseqüentes. Novamente, esta passagem não diz que "ganhamos" nossa admissão na vida eterna fora do sacrifício de Jesus. O que diz é que é necessário que respondamos ao chamado de Deus com a "obediência da fé," como São Paulo ensina. Se falharmos em fazê-lo, não seremos salvos.

Romanos 1, 4-6   estabelecido Filho de Deus com poder por sua ressurreição dos mortos, segundo o espírito de santidade, Jesus Cristo nosso Senhor, por quem recebemos a graça e a missão de pregar para louvor do seu nome a obediência da fé entre todos os gentios, das quais fazeis parte também vós, chamados de Jesus Cristo.

A fé requer de nós uma resposta, um "ato de obediência," como podemos ler neste texto. A fé obra como resultado uma mudança na vida do crente. Devemos obedecer nossa fé e nos submeter à vontade de Deus. São Paulo entrelaça a fé e as boas obras quando exorta a "nos submeter à fé".

Romanos 6, 16 — Não sabeis que, oferecendo-vos a alguém como escravos para obedecer, vos tornais escravos daquele a quem obedeceis, seja do pecado que leva à morte, seja da obediência que conduz à justiça?

De novo São Paulo se refere à submissão ou obediência à fé. Note-se que São Paulo não se refere em nenhum momento a "somente a fé" separada da obediência, das boas obras ou do amor. A fé implica e requer todas essas coisas. "Só a fé" é, em realidade, "nada de fé".

Romanos 16, 25-26 — Àquele que tem o poder de vos confirmar segundo o meu evangelho e a mensagem de Jesus Cristo—revelação do mistério da redenção envolvido em silêncio desde os séculos eternos, agora, porém, manifestado e, pelo escritos proféticos e por disposição do Deus eterno, dado a conhecer a todas as nações, para levá-las a obediência da fé.

A "obediência da fé" pregada por São Paulo, é uma resposta de fé, um compromisso que fazemos de trocar a própria vida para responder positivamente a Deus, que nos salvou.

Ezequiel 18, 26-30 — Com efeito, ao renunciar o justo à sua justiça e ao fazer o mal, é em virtude do mal que praticou que ele morre. E se o ímpio renunciar à sua impiedade, passando a praticar o direito e a justiça, salva a sua vida. Caiu em si e renunciou a toda a iniqüidade que tinha cometido. Certamente ele viverá e não morrerá. E no entanto a casa de Israel diz:"O modo de proceder do Senhor não está certo". Será meu procedimento que não está certo, ó casa de Israel? Não antes o vosso procedimento que não está certo? Por isso mesmo eu vos julgarei, a cada um conforme o seu procedimento, ó casa de Israel, oráculo do Senhor Iahweh. Convertei-vos e abandonai toda as vossas transgressões. Não torneis a buscar pretexto para fazerdes mal. Lançai fora todas as transgressões que cometestes, formai um coração novo e um espírito novo. Por que eis de haver de morrer, ó casa de Israel. Eu não tenho prazer na morte de quem quer que seja, oráculo do Senhor Iahweh. Convertei-vos e vivereis!

Novamente o juízo se fundamenta tanto em nossas ações como em nossa fé, mas não em "somente a fé."

1 Coríntios 13, 2-3 — Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto detransportar montanhas, se não tiver a caridade, nada seria. Ainda que distribuísse todos os meus bens aos famintos, Ainda que entregasse meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade isso nada me adiantaria.

Justificaria este texto uma doutrina de "somente o amor"? Então, como fazemos para justificar uma doutrina de "somente a fé" que não dispõe tão sequer de um só versículo que a mencione expressamente?

Efésios 5, 4-7 — Pois é bom que saibas que nenhum fornicário ou impuro ou avarento – que é idólatra - tem herança no Reino de Cristo e de Deus.

Deus não nos julga pelo que acreditamos meramente, senão pela maneira em que vivemos nossas crenças. Em suas cartas, São Paulo condena aos transgressores em quatro ocasiões dizendo que os que praticam tais coisas "merecem a morte," que ficarão a mercê "da ira de Deus" e que não "herdarão o Reino." (Veja também as seguintes escrituras: Romanos 1, 18-32; 1 Coríntios 6, 9-10; Gálatas 5, 19-21 e Colossenses 3, 5-6.) São Paulo não menciona a fé dos transgressores senão somente suas ações.

Romanos 3, 28 — Porquanto nós sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem a prática da lei.

Lutero admitiu a adição da palavra "só" neste verso para que se lesse: "Porquanto nós sustentamos que o homem [sozinho] pela fé...” Essa doutrina pôde parecer-lhe certa a Lutero, mas não provém de Deus. De fato sabemos que Revelação 22, 18-19 condena a qualquer que troque tão sequer uma palavra da Escritura. Além disso, se um coteja o contexto deste versículo pode ver-se claramente que São Paulo está falando da lei mosaica, contra a crença de muitos judeus da época, que supunham que Deus estava obrigado a salvar a quem cumprisse exteriormente os preceitos da lei, apesar de sua arrogância e dureza de coração.

1 João 3, 21-24 — Amados, se nosso coração não nos condena, temos confiança diante de Deus; e tudo o que lhe pedimos recebemos dele, porque guardamos seus mandamentos e fazemos o que lhe é agradável. Este é o seu mandamento: crer no nome de seu Filho Jesus Cristo e amar-nos uns aos outros, conforme o mandamento que ele nos deu. Aquele que guarda seus mandamentos mora em Deus e Deus nele; e nisto reconhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.

A fé, o amor e as boas obras são inseparáveis.

Romanos 6, 23 — Porque o salário do pecado é a morte, e a graça de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Na teologia de Lutero não há ação alguma que possa afetar a salvação – nem o pecado nem as boas obras - Este é o resultado da interpretação errada de Romanos 3, 28. Sua teologia, entretanto, contradiz este outro versículo da mesma carta aos Romanos. Agora temos evidência clara do erro de Lutero, já que sabemos que a Bíblia não pode conter contradições.

2 Coríntios 5, 10 — Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba do que tiver feito durante sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal.

De novo: "só a fé" não é suficiente. Devemos viver nossa fé.

Lucas 8, 13 — Os que estão sobre a pedra são os que, ao ouvirem, acolhem a Palavra com alegria, mas não têm raízes, pois crêem apenas por um momento e na hora da tentação desistem. Um dos pontos principais da parábola do semeador é que a salvação não está assegurada. Quando optamos pelo mal – pondo nossa vontade acima da vontade de Deus – perdemos a salvação que Jesus ganhou para nós.

Filipenses 2, 12 — Portanto, meus amados, como sempre, tendes obedecido, não só na minha presença, mas também particularmente agora na minha ausência, operai a vossa salvação com temor e tremor.

São Paulo é claro: a salvação não está assegurada. Sempre existe a possibilidade de que sucumbamos à tentação e rechacemos a Deus e ao plano que Ele tem para nossa vida.

1 João 3, 7 — Filhinhos que ninguém vos desencaminhe. O que pratica a justiça, assim como ele é justo.

São João diz que a pessoa que "exercita a justiça" se salva e não a pessoa que "crê". Para salvar-se é absolutamente necessária uma participação ativa e comprometida com nossa fé.

Atos dos Apóstolos 10, 34-35 — Dou-me conta, em verdade, que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça, lhe é agradável. 

De acordo às palavras de São Pedro nesta passagem, é evidente que o temor de Deus e a prática da justiça são necessários para ser aceito por Deus.

São Tiago 1, 4 — [...] mas é preciso que a paciência efetue sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma [...]

Devemos perseverar na luta pela salvação enquanto vivemos neste mundo. Se nossa salvação estivesse assegurada nesta vida, este versículo que fala de "perseverança" não teria nenhum sentido.


Mateus 19, 16-21 — [...] Se queres ser perfeito, vai, vende o que possui e dá aos pobres e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me.

O jovem rico não falhou por falta de fé. Mas bem sua falha consistiu em não atuar de acordo com sua fé. Não lhe faltava fé senão determinação para atuar de acordo com sua fé.

Mateus 5, 19-20 — Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar aos homens a fazer o mesmo, será chamado o menor no reino dos céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, será chamado grande no Reino dos Céus. Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa justiça não ultrapassar a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.

As ações parecem ser importantes para Jesus. Espera que guardemos seus mandamentos ainda sabendo que sua morte pagará o preço de nossos pecados.

Mateus 6, 1-4 — Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário não recebereis recompensa junto ao vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não te ponhas a trombetear em publico, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o propósito de ser glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz tua direita, para que tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê no segredo te recompensará.

Se as boas obras não tiverem efeito algum, como ensina Lutero, por que nos diz Jesus que o Pai nos recompensará quando as fizermos?

Hebreus 10, 26-29 — Pois, se pecarmos voluntariamente e com pleno conhecimento da verdade, já não há sacrifícios pelos pecados. Aguarda-nos apenas um julgamento tremendo e o ardor de um fogo que consumirá os rebeldes. Quem transgride a Lei de Moisés é condenado à morte, sem piedade, com base em duas ou três testemunhas. Podeis, então, imaginar que castigo mais severo ainda merecerá aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança pela qual foi santificado e ultrajou o Espírito autor da graça?

Seremos castigados com maior severidade que aqueles que pecaram antes da vinda de Jesus.

2 Pedro 1, 5-11 — Por isso mesmo, aplicai toda diligencia em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento, ao conhecimento o autodomínio, ao autodomínio a perseverança, à perseverança a piedade, à piedade o amor fraterno e ao fraterno a caridade. Com efeito, se possuirdes essas virtudes em abundância, elas não permitirão que sejais inúteis nem infrutíferos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas aquele que as não possuí, é um cego, um míope: está esquecido da purificação de seus pecados de outrora. Por isso mesmo, irmãos, procurai com mais diligência consolidar a vossa vocação e eleição, pois agindo deste modo, não tropeçareis jamais, antes será outorgada generosa entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

A salvação não está garantida, devemos nos esforçar para preservá-la. Além disso, São Pedro nos indica que a seriedade de nossa eleição depende de nós e de nossa resposta ao chamado de Deus—não somente do Sacrifício do Senhor—As Escrituras mostram que a fé se manifesta na resposta do homem à graça de Deus. Em boa medida a fé é uma ação de assentimento à graça divina.

1 Coríntios 4, 4-5 — Verdade é que a minha consciência de nada me acusa, mas nem por isso estou justificado; meu juiz é o Senhor. Por conseguinte, não julgueis prematuramente, antes que venha o Senhor. Ele porá às claras o que está nas trevas e manifestará os desígnios dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que lhe for devido.

Nem sequer São Paulo pode estar seguro de sua salvação.

1 Corintios 9, 27 — Trato duramente o meu corpo e reduzo-o a servidão, a fim de que não aconteça que tendo proclamado aos outros, venha eu mesmo a ser reprovado.

Como pudesse alguém estar presunçosamente mais seguro de sua salvação que São Paulo?

1 Coríntios 10, 12 — Assim, pois, aquele que julga estar em pé, tome cuidado para não cair.

São Paulo é claro uma vez mais: não podemos estar seguros de nossa salvação. Depende de como nos conduzamos na vida-o compromisso que tenhamos com a fé que recebemos como graça disso Deus- é o que determinará ultimamente se somos salvos.

Gálatas 5, 6 — Pois, em Cristo Jesus, nem circuncisão tem valor, nem a incircuncisão, mas apenas a fé, agindo pela caridade.

Dificilmente pudera entender-se que este verso apóia a doutrina de “somente a fé”.

2 Timóteo 2, 11-12 — É uma verdade incontrastável: Que se morrermos com Ele, também com Ele viveremos: Se com Ele padecemos, reinaremos também com Ele; se o negarmos, Ele nos negará igualmente.

A salvação não se obtém somente com a fé. Se bem é um presente, a fé deve nos comprometer a trocar nossa vida, o qual requer perseverança, como observa São Paulo. As cláusulas condicionais "se morrermos", "se com ele padecemos", etc. não se podem ignorar.

Romanos 3, 25 — [...] a quem Deus propôs para ser a vítima de propiciação em virtude de seu sangue por meio da fé, a fim de demonstrar a justiça que dá Ele mesmo perdoando os pecados passados [...]

As Escrituras não nos dão nenhuma indicação que nossos pecados sejam perdoados antes de ser cometidos. A idéia do perdão por todos os pecados, "cometidos e por cometer" não é bíblica. Deus não perdoa os pecados adiantadamente.

1 João 3, 10 — Por aqui se distinguem os filhos de Deus dos filhos do diabo. Todo aquele que não pratica a justiça, não é filho de Deus e assim tampouco o é o que não ama a seu irmão.

Outra vez notamos que "amor somente" seria uma descrição melhor que "fé somente" para descrever o que é necessário para a salvação. O que nos distingue dos "filhos do diabo" não é a falta de fé senão a falta de amor e retidão.

1 João 5, 2-4 — [...] Porquanto o amor de Deus consiste, em que observemos seus mandamentos [...]

Não é então por "fé somente" que se demonstra o amor de Deus, mas sim por observar seus mandamentos.

Pedro 2, 20-21 — Porque se depois de haver-se afastado das asquerosidades do mundo pelo conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, enredados outra vez nelas são vencidos, sua última condição deve ser pior que a primeira. Pelo que melhor fora não ter conhecido o caminho da justiça, que depois de conhecido, voltar atrás e abandonar a lei Santa que se lhes havia dado.

Como se podem reconciliar estas palavras da Escritura com a doutrina protestante de "uma vez salvo sempre salvo"?

João 3, 5 — Em verdade, em verdade vos digo, respondeu Jesus, que quem não renascer pelo batismo da água e a graça do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus.

O batismo é necessário para a salvação e não "somente a fé". Na verdade, fazer distinção entre fé e batismo não tivesse tido nenhum sentido para os cristãos primitivos que entendiam que ambos estão intimamente relacionados. O batismo não está completo sem fé e vice-versa.

Lucas 18, 9-14 — E referindo-se a alguns que se tinham por justos e desprezavam a outros, disse também esta parábola: "Dois homens subiram ao Templo para orar: um era fariseu e o outro, publicano. O fariseu, de pé, orava em voz baixa: "meu Deus, dou-te graças porque não sou como os demais homens, que são ladrões, injustos e adúlteros; nem tampouco como esse publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago a décima parte de todas as minhas entradas". Em troca o publicano, mantendo-se a distância, não se animava sequer a levantar os olhos ao céu, mas sim se golpeava o peito, dizendo: "Meu Deus, tenha piedade de mim, que sou um pecador!”Asseguro-lhes que este último voltou para sua casa justificado, mas não o primeiro. Porque todo o que se exalta será humilhado e o que se humilha será exaltado".

Na parábola das preces do fariseu e o coletor de impostos, Cristo nos ensina que "só a fé" não é suficiente para a salvação. O fariseu da parábola tinha muita fé, mas seu orgulho pecaminoso ofendeu a Deus. Sua “só fé” não foi suficiente para salvá-lo.

Mateus 18, 32-35 — Então lhe chamou seu senhor e lhe disse: "Ó criado mau! eu te perdoei toda a dívida porque me suplicastes. Não era, pois, justo que tu também tivesse compaixão de teu companheiro, como eu tive de ti?" E irritado o senhor lhe entregou em mãos dos verdugos, para ser atormentado até que satisfizesse a dívida toda por inteiro. Assim desta maneira se comportará meu Pai celestial convosco, se cada um não perdoar de coração a seu irmão [...]

Jesus nos ensina que a "obra" de perdoar-nos uns aos outros é necessária para a salvação.

1 Coríntios 4, 4-5 — [...] portanto, não queiram sentenciar antes do tempo, suspendei o julgamento até o momento que venha o Senhor, o qual tirará à plena luz o que está nos esconderijos das trevas e descobrirá naquele dia as intenções dos corações e então cada qual será de Deus louvado conforme mereça.

São Paulo nos mostra que a salvação não está eternamente assegurada.

Romanos 11, 22 — [...] se perseverares no estado em que sua bondade te há posto; do contrário tu também serás cortado.

A salvação não está assegurada até que passemos o dia do juízo. Isto afeta a toda a comunidade a que São Paulo escreve, os quais são em sua maioria, cristãos batizados.

Romanos 5, 2 — [...] e nos glorificamos na esperança dos filhos de Deus.

Se a salvação estivesse assegurada, o apóstolo houvesse dito "glorificamo-nos na certeza".

Romanos 8, 24-25 — [...] Se esperarmos, pois, o que não vemos ainda; claro está que o aguardamos por meio da paciência [...]

Nossa salvação não está totalmente assegurada. Devemos agüentar com paciência.

Lucas 13, 6-9 — [...] deixa-a ainda este ano e cavarei ao redor dela e lhe jogarei esterco, para ver se assim dará fruto; quando não, então a farás cortar.

Devemos produzir fruto nesta vida, ou seja devemos trabalhar em apoio aos planos de Deus, ou nos arriscamos a ser cortados. O que é o que assegura que "levemos fruto"? Certamente não a "fé somente", senão o compromisso de moldar nossa vida na fé.

Hebreus 6, 4-8 — Porque é moralmente impossível que aqueles que foram uma vez iluminados, que assim mesmo gostaram do dom celestial da Eucaristia, que foram feitos partícipes dos dons do Espírito Santo, que se alimentaram com a Santa Palavra de Deus e a esperança das maravilhas do século vindouro e que depois de tudo isto caíram; é impossível, digo, que sejam renovados pela penitência, posto que por sua parte crucificam de novo em si mesmos ao Filho de Deus e lhe expõem ao escárnio.

A salvação então, não está assegurada. 

Gálatas 6, 6-10 — [...] Não nos cansemos, pois, de fazer bem [...]

Nossas obras, nossas ações são importantes. É por isso que São Paulo exorta constantemente a seus seguidores a fazer o bem.

2 Coríntios 9, 6 — O que digo é: Que quem escassamente semeia, recolherá escassamente e quem semeia com mãos cheias, com mãos cheias recolherá.

São Paulo nos chama a dar generosamente do que somos e possuímos.

Romanos 7, 6 — [...] mas agora estamos isentos desta lei ocasião de morte, que nos tinha ligados, para que sirvamos a Deus segundo o novo espírito [...]

Os Dez Mandamentos resumem a Lei Natural — nem mais nem menos — e a inteira Lei de Moisés nunca foi suficiente para a salvação. Estamos chamados a fazer algo mais que evitar o mal. Devemos responder positivamente ao chamado de Jesus de amar a Deus e nos amar uns aos outros.

Romanos 8, 13 — Porque se viverdes segundo a carne morrereis; mas se com o espírito fizerdes morrer as obras ou paixões da carne, vivereis.

Uma vez mais, São Paulo nos ensina que seremos julgados de acordo à nossas obras.


Marcos 8, 34 — Depois convocando ao povo com seus discípulos, disse a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo e carregue sua cruz e me siga.

O carregar a Cruz supõe muito mais que simplesmente ter fé. Entende-se que a fé é o princípio que nos leva à Cruz, mas, além disso, necessitamos a fortaleza, o valor e a perseverança. O nos negar a nós mesmos e o amor são também necessários.

Apocalipse 21, 7-8 — [...] Mas aos covardes, os incrédulos e execráveis [...] sua sorte será no lago que arde com fogo e enxofre [...]

Deus julga nossas ações. Nossa fé deve produzir bons frutos. Isso ocorrerá se cooperarmos com a graça que Deus nos oferece e unimos nossa vontade a dele.

Marcos 14, 38 — Velai e orai para que não caiam na tentação [...]

A salvação não está assegurada até o Dia do Juízo. Podemos "cair em tentação" em qualquer momento e dar lugar ao pecado.

Mateus 10, 22 — [...] mas quem perseverar até o fim, este se salvará.

Nossa resistência — ou perseverança — é necessária.

Romanos 6, 16 — Não sabeis que se vos ofereceis por escravos de alguém para obedecer a seu império, pelo mesmo fato ficais escravos daquele a quem obedeceis, bem seja do pecado para receber a morte, bem seja da obediência à fé para receber a justiça ou vida da alma?

A justificação é um processo que devemos ter em mente constantemente. O ser justificado não é algo que acontece e fica terminado. Quem medita no conteúdo deste preceito de São Paulo, dá-se conta que a justificação é um processo contínuo cujo êxito resulta em vida para a alma da pessoa fiel e cujo fracasso resulta na morte da alma para os que não perseveram na fé.

Mateus 12, 36-37 — Eu vos digo, que até de qualquer palavra ociosa, que falarem os homens, têm que dar conta no dia do juízo. Porque por suas palavras terá que ser justificado e por suas palavras condenado.

Não somente nossas ações senão até nossas palavras ajudarão a determinar nosso julgamento.

Gálatas 5, 4-5 — Não tendes já parte nenhuma com Cristo, os que procuram a justificação na lei; perdestes a graça. Pois nós somente em virtude da fé esperamos receber do Espírito a verdadeira justiça ou santidade.

O ser declarado justos é um processo cuja resolução se espera. A justificação do fiel crente não é algo que tenha ocorrido no passado, ou seja, naquela primeira vez que pusemos fé nas promessas de Deus. É algo que aconteceu, acontece e acontecerá — um processo que continua — sempre e quando respondermos afirmativamente à graça do chamado divina.

Gálatas 2, 17 — E se querendo ser justificados em Cristo, devemos ser também nós pecadores por não observar a antiga lei, não se dirá então que Cristo é ministro e causa do pecado? Em nenhuma maneira pode jamais sê-lo.

A justificação nesta vida não é permanente nem está assegurada. Muitos que se consideram "salvos" serão de fato "achados pecadores".

Romanos 3, 24 — [...] sendo justificados gratuitamente pela graça [...]

São Paulo se refere à justificação em tempo presente. Disto se deduz que a justificação é um processo constante que tem lugar no passado, presente e futuro. Não é o preceito de "uma vez salvo, sempre salvo" que alguns erroneamente pregam.

1 Coríntios 1, 18 — À verdade que a pregação da Cruz ou de um Deus crucificado, parece uma necessidade aos olhos dos que se perdem; mas para os que se salvam, isto é, para nós, é a virtude e poder de Deus.

São Paulo se refere novamente à justificação como um processo presente e contínuo.

João 3, 19-21 — [...] quem obra mal, aborrece a luz e não se aproxima dela, para que não sejam repreendidas suas obras [...]

As más ações nos afastam da luz de Deus.

Tobías 4, 6 — Tu, porém, tenhas a Deus em tua mente todos os dias de sua vida e te guarde de consentir jamais em pecado e de quebrantar os mandamentos do Senhor nosso Deus.

O que fazemos é tão importante como o que cremos. Requer-se de nós que vivamos nossa fé por nosso obrar com justiça.

Mateus 9, 20 — Enquanto ia, certa mulher, que sofria de fluxo de sangue fazia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto.

A "fé somente" não curou esta mulher doente. Ela teve que ter fé suficiente para dar o passo de tocar a orla do manto de Jesus. A fé em Jesus combinada com sua ação decidida efetuaram a cura.

Gálatas 5, 5 — Pois nós somente em virtude da fé esperamos receber do Espírito a verdadeira justiça ou santidade.

Em suas cartas, muitas das referências que São Paulo faz a "as obras da Lei" estão dirigidas aos judeus de seu tempo que esperavam obter a salvação por meio de cumprir com a Lei Mosaica e sem a mediação do poder do sacrifício de Jesus. O que São Paulo nunca diz é que os crentes estejam livres da necessidade de responder à graça do chamado divino ou de viver na lei cristã do amor. O simplesmente recalca que o ser nascido judeu não assegura a ninguém a salvação. Os rituais e práticas da Antiga Aliança — o que em efeito significava "ser judeu" — foram eliminados pelo novo mandamento cristão do amor, escrito em nossos corações e não em tábuas de pedra.

2 Coríntios 3, 3 — Evidentemente sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério,e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações.

Este é um texto magnífico que indica como da lei cristã do amor deve ser incorporada em nossas vidas. O amor cristão não pode permanecer simplesmente como uma influência exterior, se não que ainda melhor, deve ser parte de nosso mesmo ser. Esta passagem definitivamente não indica que os crentes possam ignorar a lei e atuar como lhes agrada, abusando do próximo sem perigo de perder sua salvação, tal como se interpreta na doutrina protestante da "salvação assegurada".

2 Coríntios 9, 10 — Aquele que fornece semente ao semeador e pão para o alimento vos fornecerá também a semente e a multiplicará, e fará crescer os frutos da vossa justiça.

Nossas boas obras não pertencem somente a nós, mas sim são evidência do trabalho que Deus efetua em nós. Negar sua importância e significado é lhe tirar esse valor a nossa vida, fazendo que as lições que aprendemos sejam supérfluas.

Colosenses 1, 24 — Agora regozijo-me nos meus sofrimentos por vós, e completo o que falta às tribulações de Cristo em minha carne pelo seu Corpo, que é a igreja.

Que sofrimentos pudessem ter faltado ao sacrifício de Cristo? Um somente, a resposta livre e afirmativa de cada alma individual ao chamado do Espírito Santo. Jesus não pode responder pela fé de São Paulo — não pode salvar a Paulo contra sua vontade — e tampouco pode responder por nós. É por isso que "somente a fé" não é suficiente para nos salvar e é por isso que até o sacrifício perfeito de Cristo tampouco salva a cada indivíduo. Jesus nos redimiu, nos fazendo filhos adotivos do Pai e abrindo as portas do céu para nós. Corresponde-nos agora decidir se aceitaremos ou rechaçaremos essa redenção, se formos entrar pela porta que Ele abriu para que possamos entrar e aceitar nossa herança.

Desde seus primeiros dias, a Igreja ensinou que cada indivíduo, tendo sido salvo pelo sacrifício de Jesus, será julgado segundo a resposta que tenha dado à fé em sua vida. Perto do ano 200 d.C., São Clemente de Alexandria escreveu: "Quando ouvimos "tua fé te salvou" não entendemos que o Senhor simplesmente diz que serão salvos aqueles que tenham acreditado de qualquer modo, até se nunca tivesse seguido obra alguma." Ocorre freqüentemente que a Igreja resolveu um problema que logo confunde e molesta aos irmãos separados por séculos. Se ignorarmos os ensinos destes gigantes que viveram à sombra dos mesmos apóstolos, o fazemos por nossa conta e risco. 

Compare as passagens citadas nesta seção, nos quais as Escrituras urgem constantemente aos fiéis a viver vidas santas e justas, com o seguinte parágrafo tirado de uma carta escrita pelo Martinho Lutero a seu seguidor, Philip Melanchton em que afirma: "Sei que és um pecador e que seus pecados são intensos, mas que sua confiança em Cristo seja até mais intensa e te regozije em Cristo que triunfa vitorioso sobre o pecado, a morte e o mundo. Enquanto estejamos aqui cometeremos pecados, já que a justiça não reside nesta vida [...] Não há pecado que nos possa separar Dele, até se matássemos e cometêssemos adultério milhares de vezes por dia." Nesta carta Martinho não faz menção alguma do arrependimento, já que acreditava erroneamente que o arrependimento é em si mesmo uma "obra" e a teologia da salvação por Martinho não faz lugar para as boas obras. 


Mas bem, aqui Martinho prega a seus seguidores a pecar como sinal de sua fé. A perversidade de tal teologia é assombrosa e é possível que essa seja a razão pela que hoje já não podem obter-se facilmente as versões originais de suas obras completas. Com o tempo o luteranismo em geral se apartou deste tipo de ideia. Muitos dos agrupamentos eclesiásticos protestantes foram decantando suas doutrinas e agora, diferenciam-se marcadamente das doutrinas originais de seus fundadores. Por contraste, isto nos ensina a apreciar a maneira em que a Igreja Católica guardou cuidadosamente e sem mudanças as doutrinas da fé, mantendo-se fiel ao ensino original de Cristo e dos apóstolos.


Instituto do Verbo Encarnado


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