domingo, 23 de outubro de 2011

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 23: Sacrário no centro?

Mito 23: "O Sacrário no centro é anti-litúrgico"

Não é.


O Santo Padre Bento XVI (Sacramentum Caritatis, n. 69) afirma que, se o Sacrário é colocado na nave principal da Igreja, "é preferível colocar o sacrário no presbitério, em lugar suficientemente elevado, no centro do fecho absidal ou então noutro ponto onde fique de igual modo bem visível."

O Sacrário no centro tem, no espírito tradicional da Sagrada Liturgia, o significado de dar a Jesus Eucarístico o destaque no lugar central.


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Comentário sobre este Mito (22/10):

É comum nós ouvirmos hoje o mito de que, após a reforma litúrgica depois do Concílio Vaticano II, seria errado o Sacrário no centro das igreja e capela.

Isso é um equívoco, como a própria Carta Apostólica do Papa, no trecho em que citamos, bem como um simples olhar para o espírito tradicional da Liturgia.

Aliás, esta imagem que colocamos ao lado é da capela privada do Papa, onde, como podemos ver, o Sacrário está no centro.

Antes de falarmos de aprofundarmos os aspectos disciplinares da questão, vamos olhar para a realidade espiritual da Eucaristia.

Para isso, continuamos a seguir, como nas postagens anterior, o Papa Bento XVI, na Carta Apostólica Sacramentum Caritatis e no seu maravilhoso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", onde existe um capítulo inteiro chamado (é o cap. IV do parte 2):

"A guarda do Santíssimo Sacramento".

Vamos ao cerne da questão:

Ensina-nos o Sagrado Magistério da Santa Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377. Ele se faz presente durante a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar, pelas mãos do sacerdote (Cat. 1362-1372; 1411).

A respeito da importância da Adoração Eucarística, diz o Papa (Sacramentum Caritatis, n.66):

"...aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da idéia que o pão eucarístico nos fora dado não para ser contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento; já Santo Agostinho dissera: « Nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; (...) peccemus non adorando – ninguém come esta carne, sem antes a adorar; (...) pecaríamos se não a adorássemos ». De facto, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos."

E continua o Papa, falando sobre a Adoração Eucarística fora da Missa, diz o Papa (Sacramentum Caritatis, n. 66):

"De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algummodo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica."

E ainda (n. 67):

"Juntamente com a assembléia sinodal, recomendo,pois, vivamente aos pastores da Igreja e ao povo de Deus a prática da adoração eucarística tanto pessoal como comunitária. Para isso, será de grande proveito uma catequese específica na qual se explique aos fiéis a importância deste atode culto que permite viver, mais profundamente e com maior fruto, a própria celebração litúrgica. Depois, na medida do possível e sobretudo nos centros mais populosos, será conveniente individuar igrejas ou capelas que se possam reservar propositadamente para a adoração perpétua. Além disso, recomendo que na formaçãocatequética, particularmente nos itinerários de preparação para a Primeira Comunhão, se iniciem as crianças no sentido e na beleza de demorar-se nacompanhia de Jesus, cultivando o enlevo pela sua presença na Eucaristia."

Existe uma objeção que, sem que haja uma negação expressa da doutrina católica sobre Presença Real e Subtâncial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada, é colocada por muitos que se opõe a pratica da Adoração Eucarística fora da Santa Missa:

"No primeiro milênio da Igreja não era comum a prática da Adoração Eucarística fora da Missa, e neste tempo não havia Tabernáculo para conservar o Santíssimo Sacramento".

O que pensar em relação a isso?

Responde o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI ("Introdução ao Espírito da Liturgia"), partindo da questão do Sacrário (Tabernáculo):

"As igrejas do primeiro milênio não conheceram Tabernáculo. (...) O Tabernáculo como tenda sagrada, como sítio da Schekhina, da Presença do Senhor Vivo, só se desenvolveu no segundo milênio, como fruto de esclarecimentos teológicos dolorosamente alcançados, em que se destaca nitidamente a Presença do permanente de Cristo na Hóstia transubstanciada."

E ainda, expondo e contrapondo-se as idéias "arqueologistas" (que consideram que precisaríamos retornar para as mesmas formas litúrgicas do primeiro milênio), afirma o Papa:

"Aqui atravessa-se-nos no caminho a teoria da curruptibilidade, a canonização do primordial e o romantismo do primeiro milênio. É habitual considerar que a transubstanciação (a transformação do pão e do vinho), a adoração do Senhor através do Sacramento, o Culto Eucarístico com custódia e procissão - tudo isso seriam equívocos medievais que devem ser abandonados de uma vez por todas."

E logo após, como é evidente, o Papa reafirma que a Santa Igreja sempre teve muita clareza a respeito da Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada:

"Já Paulo expõe peremptoriamente a transformação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo como um fato de ser O Ressuscitado, Ele próprio, que está aqui, oferecendo-se-nos para comer. A ênfase, com que em Jo 6 é realçada a Presena Real, quase não tem igual. Também os primeiros Padres da Igreja - referimo-ns a Justino, o Mártir, ou a Inácio de Antioquia - não tem a mínima dúvida acerca do Mistério desta Presença, que nos é oferecida na transformação dos dons na Oração Eucarística. Até um teólogo tão virado para o espiritual como Agostinho, nunca manifestou nenhuma dúvida."

E se a Adoração Eucarística fora da Missa é uma prática que se desenvolveu no segundo milênio, é importante lembrar que a ciência litúrgica, assim como outras ciências, também evoluem. É claro que NÃO em um sentido de ruptura de doutrina (pois o Sagrada Magistério da Igreja é infalível em matéria de fé e moral; ver Catecismo da Igreja Católica, n. 2035), mas em um sentido de uma consciência cada vez mais clara que a Santa Igreja, conduzida pelo Espírito Santo, adquire a respeito dela mesma.

Foram exatamente em oposição as heresias surgidas, negando a Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada, que se desenvolveu com mais força o costume da adoração prolongada ao Santíssimo Sacramento e as maravilhosas procissões eucarísticas, quando os católicos saem as ruas para proclamar a sua fé eucarística: É DEUS!

Sobre este assunto, o Pe. Paulo Ricardo, da Arquidiocese de Cuiabá-MT, afirmou em sua entrevista concedida ao Salvem a Liturgia.

"Nos tempos que correm, nós não podemos nos dar ao luxo de arqueologismos litúrgicos."

E referindo-se o Pe. Paulo ao primeiro milênio da Igreja:

"... não tinha herege que não acreditava na Presença Real de Jesus na Eucaristia. Nós estamos em um tempo diferente, e a Igreja evolui também na sua forma de demonstrar devoção a Cristo. Foi de mil anos para cá que começaram aquelas heresias que negaram a Presença de Cristo na Eucaristia que culminaram com a reforma protestante, que a negou de vez, e agora estamos nessa situação. O Papa está nos dando exemplo de devoção eucarística, de verdadeira união a tradição da Igreja, mas uma tradição que sabe evoluir ao longo dos tempos; a Igreja sabe, como mãe e mestra, colocar o remédio certo na hora certa. E em um tempo em que, infelizmente, acontecem abusos e padres que perdem a fé na Presença de Jesus na Eucaristia, a Igreja como mãe e mestra quer renovar essa fé."

Sobre o Sacrário (Tabernáculo) especificamente, continua o Papa ("Introdução ao Espírito da Liturgia):

"A Presença Eucarística no Tabernáculo não opõe nem acrecenta uma outra compreensão de Eucaristia à celebração eucarística; ela significa, no fundo, a sua plena realização. É, portanto, por um intemédio dessa presença que há sempre de novo Eucaristia de novo. Ela nunca se torna se torna espaço morto, sendo sempre vivificada pela presença do Senhor que promana da ecelebração eucaristica, levando-nos ao mesmo tempo, para dentro dela...."

E acrescenta:

"Haverá fiéis que não tenham experiementado isso? Uma igreja sem Presença Eucarística é, de um certo modo, morta, ainda que convide para oração. Mas uma igreja onde esteja acesa a luz eterna em frente do Tabernáculo será sempre viva, será sempre mais do que apenas uma construção de pedra: nela, o Senhor está presente a minha espera, chama-me, quer fazer-me eucarístico a mim próprio. Ele prepara-me assim para a Eucaristia, põe-me em andamento rumo ao Seu Regresso."

E conclui o Papa:

"Quantos santos - precisamente também santos da caridade - se alimentaram dessa experiência que os guiou para o Senhor! Não podemos, de maneira alguma, perder essa riqueza. O tabernáculo deve encontrar lugar que lhe cabe na arquitetura da igreja, para que a presença do Senhor nos toque concretamente."

Estabelecida, pela Doutrina Católica e pelas palavras do Papa, a certeza da importância do Sacrário em nossas igrejas, vamos a questão disciplinar:

Onde deverá estar o Sacrário?

Diz o Papa na Sacramentum Caritatis (n. 69):

"Uma correcta localização do mesmo ajuda a reconhecer a presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento; por isso, é necessário que o lugar onde são conservadas as espécies eucarísticas seja fácil de individuar por qualquer pessoa que entre na igreja, graças nomeadamente à lâmpada do Santíssimo perenemente acesa."

Diz também a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), n. 314:

"Conforme a arquitetura de cada igreja e de acordo com os legítimos costumes locais, guarde-se o Santíssimo Sacramento no sacrário, num lugar de honra da igreja, insigne, visível, devidamente ornamentado e adequado à oração."

E ainda:

"Habitualmente, o tabernáculo deve ser único, inamovível, feito de material sólido e inviolável, não transparente, e fechado de tal modo que evite o mais possível todo o perigo de profanação."

O significado de haver um único Sacrário na igreja é bem evidente: como Nosso Senhor é um sí, é liturgicamente mais adequado que também para o Sácrário seja um só.

Entretando, vejamos que a Instrução Geral do Missal fala que "HABITUALMENTE, o Sacrário deve ser único"; é "habitualmente" comporta excessões.

Um exemplo disso é a própria Basília de São Pedro, em Roma, onde há dois um Sacrários: um localizado na Capela de Adoração do Santíssimo Sacramento, e o outro no braço esquerdo da Basílica, no altar dedicado ao Castíssimo São José.

Quanto a localização específica do Sacrário, a questão é a seguinte:

É verdade que o Sacrário no centro NÃO é a única opção.

Segundo os documentos da Santa Igreja, há 3 possibilidades:

- No centro da igreja, na parede "absidal" (parede do fundo) ou próximo dela

- Em outro lugar de destaque na presbitério

- Em uma capela de adoração à parte, "adequada à adoração e oração privada dos fiéis, que esteja organicamente unida à igreja e visível aos fiéis cristãos" (IGMR. n. 315)

Penso, então, que não podemos aderir ao "dentro do que é permitido, tanto faz" (isso seria reduzir a Liturgia ao legalismo), e sim, nos perguntar:

Dentre as opções possíveis, qual é a melhor, dentro da situação específica?

A resposta, porém, talvez não seja tão fácil, pois dependerá de aspectos liturgicas e pastorais de cada realidade, olhando para as vantagens e desvantagens.

Façamos uma rápida tentativa de fazer isso em cada uma das opções:

- Opção 1: No centro da igreja, na parede "absidal" (do fundo) ou próximo dela

Vantagens: dá a Jesus Eucarístico o destaque do lugar principal, que evidentemente, é o centro

Desvatagens: se a Santa Missa é celebrada com o sacerdote voltado para o povo ("versus populum"), há a desvatagem de o sacerdote ficar de costas para Jesus Eucarístico a maior parte do tempo (se a Missa for em "Versus Deum", "Voltados para Deus", com o sacerdote e povo voltados na mesma direção, esse problema não existe); há a desvantagem de o Sacrário não estar em um lugar permanentemente silencioso para a adoração (a não ser que haja mais de um Sacrário)

- Opção 2: Em outro lugar de destaque no Presbitério

Vantagens: se a Santa Missa é celebrada com o sacerdote voltado para o povo, há a vantagem de o sacerdote NÃO ficar de costas para Jesus Eucarístico a maior parte do tempo (se a Missa for normalmente em Versus Deum, essa vantagem não existe).

Desvatagens: tira de Jesus Eucarístico a destaque do lugar central; e há a desvantagem de o Sacrário não estar em um lugar permanentemente silencioso para a adoração (a não ser que haja mais de um Sacrário)

- Opção 3: Em uma capela de adoração à parte

Vantagens: se a Santa Missa é celebrada com o sacerdote voltado para o povo, há a vantagem de o sacerdote NÃO ficar de costas para Jesus Eucarístico a maior parte do tempo (se a Missa for normalmente em Versus Deum, essa vantagem não existe); outra vantagem é que nesse caso há um lugar permanentemente mais silencioso para a adoração.

Desvatagens: tira de Jesus Eucarístico da nave principal da igreja, e deixa a igreja, nas palavras do Papa, "morta" (a não ser que haja mais de um Sacrário). Retomemos as palavras do Papa, citadas acima:

"Uma igreja sem Presença Eucarística é, de um certo modo, morta, ainda que convide para oração. Mas uma igreja onde esteja acesa a luz eterna em frente do Tabernáculo será sempre viva, será sempre mais do que apenas uma construção de pedra: nela, o Senhor está presente a minha espera, chama-me, quer fazer-me eucarístico a mim próprio."

- Opção 4: A outra opção seria ainda uma interação das 3 opções anteriores:

Estudar a possibilidade litúrgica de se colocar mais de um Sacrário na igreja, um deles no presbitério - no centro ou em outro lugar do Presbitério (observando também as vantagens e desvantagens da opções 1 e 2) - e um Sacrário em uma capela à parte (observando as vantagens da opção)

Qual é, ainda, o problema real em tudo isso?

Como falamos anteriormente, dizem alguns teólogos modernistas que a Liturgia, durante séculos, teve "erroneamente", como centro, a Presença Eucarística de Nosso Senhor (!), e se tinha uma "visão ultrapassada" de que "a Missa é Sacrifício" (!).

Tais modernistas compreendem bem o valor dos símbolos para o ser humano, e para que suas novas concepções litúrgicas sejam aos poucos assimiladas, fazem questão de desprezar os sinais externos da Liturgia que apontam para sua verdadeira essência e para a adoração de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada:

- a genuflexão à Jesus Eucarístico

- o dobrar os joelhos para adorar

- as paramentações completas do sacerdote que celebra

- o altar esplendoroso, ornamentado com castiçais e arranjos de flores

- o uso frequente do incenso

- o valor do latim como língua sagrada

- a Santa Missa celebrada em Versus Deum ("Voltado para Deus", com sacerdote e povo voltados para a mesma direção, como o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, recomenda que se faça no seu livro "Introdução ao Espírito da Liturgia")

...e assim por diante.

É preciso perceber esta movimentação modernista e revolucionária que existe hoje, para nos posicionarmos.

Inclusive porque muitos destes liturgistas modernistas se opõe, por princípio, a que haja Sacrário nas igrejas, ou pelo menos que o Sacrário esteja no centro, para, no contexto explicado acima, tirar a centralidade de Jesus Eucarístico.

O que responder a isso?

Ora, se o Sacrário no centro NÃO é a única opção litúrgica possível (e realmente não o é, como já vimos), ela é UMA DAS OPÇÕES POSSÍVEIS, e guarda um profundo significado espiritual.

E, nas palavras do Papa que vimos, "uma igreja sem presença eucarística é, de um certo modo, morta."

Alguns destes liturgistas modernistas colocam ainda a seguinte objeção:

"O Sacrário não pode estar no centro, porque o centro é o altar".

Mas desde quando Sacrário e Altar se opõe desta forma, se a Presença Eucarística de Nosso Senhor no Sacrário é a própria perpetuação do Sacrifício do Altar?

Pois, como vimos nas palavras citadas do Papa, "a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística". (Sacramentum Caritatis, n. 66)

Outras ainda vão mais longe na distorção litúrgica e afirmam que "o centro é o altar e o ambão", como se ambos tivessem o mesmo valor, como se a Eucaristia e a Palavra tivessem o mesmo valor, o que implicaria em negar a Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Eucaristia.

O próprio Concílio Vaticano II, na Constituição Sacrosanctum Concilium (n.7), afirma esta supremacia da Presença Eucarística:

"Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente na sua igreja, especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro - « O que se oferece agora pelo ministério sacerdotal é o mesmo que se ofereceu na Cruz » - quer e SOBRETUDO sob as espécies eucarísticas."

Penso que, na nossa realidade litúrgico-pastoral, não adianta criar um problema pior pra resolver outro. Penso que, tirar Jesus Eucarístico do centro para não deixar o sacerdote de costas pra Ele ou para se ter um lugar mais silencioso pra adoração (no caso de um só Sacrário da Igreja) é criar um problema ainda maior.

O problema de o sacerdote dar as costas pra Jesus Eucarístico o tempo todo é uma desvatagem, sim, mas penso que NÃO é o pior; até porque mesmo na Missa Tridentina, que é a forma tradicional do Rito Romano, o sacerdote fica de costas pra Jesus Eucarístico em alguns momentos quando ele se dirige ao povo, mesmo se houver Sacrário no centro, e nunca se viu maiores problemas nisso - a desvatagem, penso eu, aparece quando Ele se dirige a Deus de costas para Deus.

Portanto, penso que tirar Jesus Eucarístico do centro, na maioria dos casos, só piora a situação; ou pior ainda, se tirar Jesus Eucarístico do Presbitério.

Além de uma igreja sem Presença Eucarística, ser, de certa forma, "morta" (nas palavras do Papa que citamos acima), o que tenho observado é que muitos acabam nem indo mais visitar Nosso Senhor na Capela onde o Sacrário é colocado, se esquecem de Jesus Eucarístico e perdem o lindo e pedagógico costume de fazer genuflexão a Ele, ao entrar nas igrejas.

Pois a Jesus Eucarístico, faz-se genuflexão, como diz a Instrução Geral do Missal Romano (n. 274).

"A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até o chão, significa adoração; por isso, se reserva ao Santíssimo Sacramento, e à santa Cruz, desde a solene adoração na Ação litúrgica da Sexta-feira na Paixão do Senhor até o início da Vigília pascal."

Após esta exposição litúrgicas, vamos as nossas conclusões:

Penso, então, que em geral o melhor é o Sacrário no centro, tomando-se alguns
cuidados:

- EVITANDO "a cadeira do celebrante na frente", de costas o Sacrário (o que o Santo Padre fala expressamente na Sacramentum Caritatis, n. 69)

- fazendo SILÊNCIO NAS IGREJAS, inclusive antes das Missas, onde as vezes parece um shopping, com muitos de nós conversando e rindo; é quase uma virtude heróica conseguir fazer adoração em um ambiente assim! Penso que inclusive os ensaios das equipes de música, SE POSSÍVEL, a preferência é fazer em outro lugar.

- incentivando sempre mais, dentro das possibildiades pastorais as Missas em Versus Deum, o que já acaba com a "desvantagem" de o sacerdote ficar de costas pra Jesus Eucarístico.

- estudar a possibilidade litúrgica de se colocar mais de um Sacrário na igreja, um deles no presbitério (no centro ou em outro lugar do presbitério) e um Sacrário em uma capela à parte.

Que o Deus-Amor Sacramentado seja adorado por nós em todos os tabernáculos do terra, em união com a adoração de nossa Mãe Santíssima, do Castíssimo São José, e de todos os anjos e santos que rodeiam os altares de Deus!






Postado por Francisco Dockhorn


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