quarta-feira, 6 de junho de 2012

Catequese - Solenidade de Corpus Christi


Homilia para a Solenidade de Corpus Christi – D. Henrique Soares da Costa

51. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo". 52. Os judeus discutiam entre si, dizendo: "Como esse homem pode dar-nos a sua carne a comer?" 53. Então Jesus lhes respondeu: "Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. 56. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. 57. Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim, 58. Este é o pão que desceu do céu. Ele não é como o que os pais comeram e pereceram; quem come este pão viverá eternamente".

Laus Tibi Christe!



“Hoje a Igreja te convida: ao pão vivo que dá vida vem com ela celebrar!” – Caríssimos irmãos, é, precisamente, este o sentido da hodierna solenidade: celebrar, proclamar, professar, expressar a nossa fé inabalável na presença real do Cristo morto e ressuscitado nas espécies eucarísticas!

Eis a nossa fé: cremos com todo o nosso coração e com toda a nossa mente que, nas espécies eucarísticas oferecidas como Sacrifico de Cristo – sacrifico único, perfeito, eterno – o Senhor Jesus está realmente presente no seu Corpo e no seu Sangue, alma e divindade, tão perfeito e real como está no céu. Ante o pão e o vinho consagrados, podemos cantar, como o povo cristão canta: “Deus está aqui! Ó vinde, adoradores, adoremos a Cristo redentor!” Eis: nas espécies consagradas já não há mais pão, já não há mais vinho: há somente o Corpo e o Sangue do Senhor morto e ressuscitado, todo no que era vinho, todo no que era pão. É ele: adorável, amável, Vida para nossa vida!
 
 
Caríssimos, trata-se de um Mistério de fé que somente pode ser compreendido de joelhos! 

Trata-se de uma realidade concreta que somente pode ser apreendida se abrirmos o coração ao desígnio amoroso e salvífico de Deus! 

Não há como perceber, não há como provar, não há como demonstrar cientificamente! Não podemos apreendê-lo, capturá-lo com nossa razão e nossos sentidos: o paladar falha, pois saboreia pão e vinho; o tato falha, pois pega pão e vinho; a visão falha, pois enxerga pão e vinho; o olfato falha, pois cheira pão e vinho… 

Somente pelo ouvido, que crê o que escuta, podemos perceber o Mistério; somente a audição não falha: “Isto é o meu corpo; isto é o meu sangue! Eu sou o pão vivo descido do céu. O pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo!” Eis, que mistério tão grande: o pão que Cristo dá é a carne dada, a carne sacrificada, entregue na cruz, para a vida do mundo! Que mistério! Que amor!

Os judeus entenderam, os judeus contestaram, os judeus se escandalizaram, os judeus o abandonaram! Infelizmente, há cristãos que não entendem, que contestam, que se escandalizam e não comem nem bebem a Vida que dura eternamente!

Mas, Jesus insiste: “Em verdade, em verdade os digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós! Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei!” – São palavras impressionantes, quase que inacreditáveis: o corpo e sangue de Jesus devem ser comidos como fonte de vida! 

Não de qualquer vida, mas da vida eterna, vida de Deus! Esta vida é o próprio Espírito Santo, que ressuscitou Jesus e que impregna seu Corpo e Sangue nas espécies eucarísticas! 

Por isso, na comunhão, recebemos, comemos a Vida já agora e plantamos esta Vida para a ressurreição final!

“Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele!” – O que mais Jesus poderia dizer para deixar mais claro e patente que sua presença na Eucaristia é realmente real? 

É “verdadeiramente comida, é verdadeiramente bebida!” “Como o Pai que me enviou vive – é o Deus vivente e pleno de vida -, e eu vivo pelo Pai, o que come de mim viverá por mim!” – Que dom, que graça: viver por Jesus, viver com a mesmíssima vida que Jesus ressuscitado recebeu do Pai: viver daquela vida escondida no pão e no vinho! Eis o dom que o Senhor faz de si mesmo! 

E Jesus conclui, no Evangelho de hoje: Este é o pão que desceu do céu, não é um simples pão deste mundo! Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram! O maná não dava a vida divina, o maná não era transfigurado pelo Espírito Santo, Senhor que dá a vida! Aquele que come este pão viverá para sempre!”

Caríssimos! Na travessia do deserto da vida, o Senhor nos conduz entre humilhações e provas, que nos revelam quem somos, o que temos no coração… O Senhor não nos infantiliza, não nos livra dos embates da existência, mas permanece conosco: “Não te esqueças do Senhor teu Deus: ele foi teu guia no vasto e terrível deserto. Foi ele que fez jorrar água para ti da pedra duríssima e te alimentou no deserto com o maná que nem tu nem teus pais conhecíeis, para te mostrar que nem só de pão vive o homem, mas o homem vive de toda palavra que sai da boca de Deus!” 

Nos nossos desertos, nesse deserto da longa história humana, que a Igreja vai atravessando, nutramo-nos desse pão e bebamos da bebida que sai do Cristo, nossa Rocha! 

Este alimento verdadeiro, de vida verdadeira, ei-lo no altar: “O cálice que abençoamos é a nossa comunhão com o sangue de Cristo. O pão que partimos é a nossa comunhão com o corpo de Cristo!” 

Comunguemos, pois,com ele: comunguemos no sacramento, no afeto, nas escolhas, nas situações da vida, nas certezas, na morte e na vida eterna!

“Bom Pastor, pão de verdade,/ piedade ou Jesus, piedade, / conservai-nos na unidade, / extingui nossa orfandade,/ transportai-nos para o Pai.

Aos mortais dando comida,/ dais também o pão da vida;/ que a família assim nutrida/ seja um dia reunida/ aos convivas lá do céu”. Amém.


D. Henrique Soares da Costa

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