domingo, 25 de julho de 2010

Série: Grandeza Cristã na Idade Média VII - Por Rafael Vitola Brodbeck



“Com a modernidade começa a gastar-se no mundo ocidental a cosmovisão antropocêntrica que, há mais de dois séculos, vem configurando uma cultura de tipo prometeico, cujo objeto é a autolibertação absoluta do homem frente à natureza e Deus. A cosmovisão antropocêntrica absolutiza a totalidade do homem enquanto realidade criadora do mundo e se apóia na primazia do progresso técnico-científico, que, por sua vez, se impõe como único critério do processo cultural.” (CHEUICHE, D. Fr. Antônio do Carmo, OCD. Cultura e Evangelização, Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995, p. 122)

Para a Igreja, a Idade Moderna, caracterizada sobretudo pelo Renascimento e pela Reforma Protestante, foi uma época de crise, pela qual, à semelhança de uma ponte, o mundo caminhou ao Iluminismo e à vitória dos liberais na Revolução de 1789. É bem verdade que a Idade Moderna ainda conservaria traços de cristianismo bem vivos, como se nota na evangelização da América, nas grandes espiritualidades que se desenvolveram no período – os jesuítas de Santo Inácio de Loyola, a reforma do Carmelo por Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz, a popularização da devoção ao Coração de Jesus por São Cláudio de la Colombière, as famílias espirituais fundadas por São Francisco de Sales, por Santa Joana de Chantal, por São Vicente de Paulo e por Santa Luísa de Marillac etc –, na arquitetura eclesiástica. A Renascença não tinha perdido, de todo, o ethos católico. “Poder-se-ia dizer que a Idade Média”, pontifica Berdiaeff, “havia preservado as forças criadoras do homem e preparado o florescer esplêndido do Renascimento. O homem penetrou no Renascimento com a experiência e a preparação medievais. E tudo o que houve de autêntica grandeza no Renascimento, estava vinculado com a Idade Média cristã.” (BERDIAEFF, NICOLAS. Una nueva Edad Media, Barcelona: Apolo, 1934, p. 25)

Todavia, tais traços de fé cristã iam pouco a pouco se apagando nos ambientes temporais, ao mesmo tempo em que os verdadeiros católicos a eles se apegavam para explicitar sua adesão plena à Igreja, em um combate que será travado amplamente no século XIX. “O novo espírito que inicia a descristianização moderna da Europa traz também consigo uma admiração nova pela Antigüidade pagã greco-romana. A Idade Média, evidentemente, conhecia e apreciava a Antigüidade, porém, ainda que a assumisse em boa parte, considerava-a superada pelas grandes sínteses da Cristandade posterior. O Renascimento, pelo contrário, estima a Antigüidade como uma era de ouro, ao mesmo em que desvaloriza a Idade Média.” (IRABURU, Pe. José Maria. Hechos de los Apóstoles de América, 3ª ed., Pamplona: Fundación Gratis Date, 2003, p. 101) Daí surge a lenda negra, tentativa anticatólica de falsificação da Idade Média, e de considerar eventuais abusos em tal período cometidos como normais e corriqueiros – e mesmo como aceitos. Tempo tão pleno do Evangelho, que, segundo os Papas, governava os Estados , precisava ser alvo de campanhas difamatórias e mentirosas por parte dos que odiavam a Igreja, se quisessem estes ver seus planos vitoriosos.



Fonte: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=55975&tid=2560771280547206494&kw=idade+m%C3%A9dia&na=1&nst=1

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