sábado, 29 de janeiro de 2011

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 2: Eucaristia e Adoração

Mito 2: "A Eucaristia é para ser comida e não para ser adorada"
 
É para ser adorada, sim!

A Hóstia consagrada é a Presença Real e substancial de Nosso Senhor, e por isso a Santa Igreja dedica a ela toda a adoração. O Santo Padre Bento XVI responde (Exortação Sacramentum Caritatis, n.66, de 2006) :"...aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da idéia que o pão eucarístico nos fora dado não para ser contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento; já Santo Agostinho dissera: « Nemo autem illam carnem manducat, nisi prius adoraverit; (...) peccemus non adorando – ninguém come esta carne, sem antes a adorar; (...) pecaríamos se não a adorássemos ». De facto, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos." 


Dizer que a Eucaristia não é para ser adorada implica em negar a que a Hóstia Consagrada é o Corpo de Nosso Senhor, ou pensar que Deus não é digno de adoração...
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Comentário sobre este ponto (14/04):

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, ainda antes de ser, escreveu no seu maravilhoso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia":

"Já Paulo expõe peremptoriamente a transformação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo como um fato de ser O Ressuscitado, Ele próprio, que está aqui, oferecendo-se-nos para comer. A ênfase, com que em Jo 6 é realçada a Presena Real, quase não tem igual. Também os primeiros Padres da Igreja - referimo-ns a Justino, o Mártir, ou a Inácio de Antioquia - não tem a mínima dúvida acerca do Mistério desta Presença, que nos é oferecida na transformação dos dons na Oração Eucarística. Até um teólogo tão virado para o espiritual como Agostinho, nunca manifestou nenhuma dúvida."

E mais adiante:

"Ninguém diga agora, a Eucaristia seja para tomar e não para olhar. Como realçam as tradições mais antigas, ela não é . Tomá-la é - como já dissemos - é um acontecimento esiritual, inteiramente humano. significa: adorá-lo. significa: deixá-lo entrar em mim, a fim de minha pessoa ser transformada, a fim de que Nele nos tornemos , abrindo-se para o grande (Gl 3, 17). Deste ponto de vista, a adoração não se encontra em posição oposta à comunhão nem ao lado dela; a comunhão só alcançará a sua profundidade quando sustentada e envolvida pela adoração."

Vemos, portanto, que no coração da fé católica, há três mistérios sublimes:

- a Presença Real de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada (Cat. n. 1374-1377)

- a Renovação incruenta do Sacrício de Nosso Senhor na Santa Missa (Cat. n. 1362-1372; 1411)

- o Sacerdócio (Cat. 1536-1600)

São mistérios que expressam de forma encantadora o amor entre a Santíssima Trindade e Amor de Deus por nós. Nosso Senhor foi até o fim em seu aniquilamento, como nos ensina São Paulo (Fil 2,7); e Nosso Senhor fez isso por obediência ao Pai Eterno e por amor à nós.

Tal aniquilamento chega ao seu extremo na Calvário e na Hóstia Consagrada, onde Ele se oferece por nós e à nós, mesmo sabendo que:

- seria tratado por muitos com indiferença e incredulidade na Hóstia Consagrada

- se cometeriam sacrilégios que aconteceriam, pelas que comungariam sem estarem preparados (Cat. 1385).

- que muitos fragmentos das Hóstias Consagradas que seriam perdidos por falta de zelo

- que Hóstias Consagradas seriam roubadas das igrejas para serem profanadas em cultos satânicos

- que haveriam sacerdotes que não viveriam uma vida condinzente com o seu ministério e não celebrariam o Santo Sacrifício da Missa da forma como manda a Santa Igreja

Nesse contexto, compreendemos bem o que Nosso Senhor falou a Santa Maria Margarida Alacoque, quando revelou a devoção ao Seu Sagrado Coração:

"Eis o Coração que tanto tem amado os homens, que a nada tem se poupado até se esgotar e consumir para testemunhar-lhes o seu amor; e em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências e sacrilégios, tibiezas e desprezo que usam para comigo neste Sacramento de amor. E o que mais me custa é serem corações a mim consagrados os que assim me tratam."

Eis o aniquilamento de Deus!Eis o desconcertante Amor de Deus para com os homens! Ignorar isso é ignorar a própria essência desconcertante da Liturgia Católica...

Por ser a Eucaristia a expressão máxima do Amor de Deus, o Demônio investe todosos esforços para que o Corpo Eucarístico de Nosso Senhor não seja adorado. O reconhecido teólogo dol século XIX, P. Emmanuel (Prior do Mosteiro de Mesnil-Saint-Loup) afirma que o Anticristo, ou seja, aquele que se opõe a Cristo (IJo 2, 22), pretende aboliar o "Sacrifício Perpétuo" que fala o profeta Daniel (Dn 12,11), isto é, abolir o Santo Sacrifício da Missa.

Embora reconhecemos um poder espiritual maligno que atua, em toda a história da humanidade, por detrás das limitações humanas, nunca é demais lembrar que nestes estudos NÃO temos nenhuma pretensão de julgar as intensões de quem eventualmente defende mitos ou distorções litúrgicos, pois este julgamento não nos cabe. A avaliação que fazemos aqui é somente a nivel de conteúdo. E desta forma, queremos por amor ao Deus-Amor Sacramento e a Santa Igreja, prestar este serviço, para o bem das almas e a Glória de Deus.

Retomados este pressupostos, prosseguimos a reflexão:

Dizem alguns teólogos modernistas que a Liturgia, durante séculos, teve "erroneamente", como centro, a Presença Eucarística de Nosso Senhor (!). Tais modernistas compreender bem o valor dos símbolos para o ser humano, e para que suas novas concepções litúrgicas sejam aos poucos assimiladas, fazem questão de desprezar os sinais externos da Liturgia que apontam para sua verdadeira essência e para a adoração de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada:

- o dobrar os joelhos para adorar

- as paramentações completas do sacerdote que celebra
- o altar esplendoroso, ornamentado com castiçais e arranjos de flores


- o uso frequente do incenso


- o valor do latim como língua sagrada


- a Santa Missa celebrada em "Versus Deum" ("Voltado para Deus", com sacerdote e povo voltados para a mesma direção, como o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, recomenda que se faça no seu livro "Introdução ao Espírito da Liturgia")

...e assim por diante.

Muitas dessas atitudes destes liturgistas modernistas são sustentadas por muitos dos demais Mitos Litúrgicos que estamos estudando no artigo citado. Estes e outros aspectos serão estudados com maior profundida durante esta sequência de postagens, quando estudarmos os demais Mitos.

Ignorar o valor desses sinais sagrados é ignorar a própria alma humana, a influência do meio externo e a importância dos elementos simbólicos. A Liturgia católica é extremamente humana: compatível com todas as necessidadesdo ser humano.

Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente reconhecidas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."

Que pela intercessão da Santíssima Virgem e dos santos anjos, nós façamos parte daqueles que ADORAM a Presença Real e Substancial do Deus-Amor Sacramentado, na Hóstia Consagrada!


Postado por: Francisco Dockhorn

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