quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

São João da Cruz - 14 de Dezembro


Carmelita e Doutor da Igreja

Foi no ano de 1542 que em Fontiberos, pequena localidade de Castela, nasceu João da Cruz, hoje venerado como grande Santo na Igreja. Depois da morte prematura do pai, a mãe com seus quatro filhos se mudou para Medina del Campo, onde João iniciou os estudos e entrou na Ordem de Nossa Senhora do Carmo. 

Desde a infância o distinguiu sempre uma terna devoção a Maria Santíssima, que mais uma vez lhe salvou a vida, milagrosamente. O que raramente se observa em meninos: O desejo da mortificação, em João era bem pronunciado, quando contava apenas 9 anos. Escolhendo para si um leito duro, poucas horas de sono dava ao corpo, castigando-o ainda com jejuns assaz rigorosos. Estudante , ainda tinha por ocupação predileta visitar doentes nos hospitais e prestar-lhes serviços de enfermeiro. 


Uma vez feito religioso, não se satisfazia com as praxes disciplinares usuais: Tinha o intento de moldar a vida religiosa pelo rigor antigo da Ordem. 

Tendo chegado o dia da celebração da primeira Missa, examinou a consciência com o maior escrúpulo; não achando falta com que tivesse gravemente ofendido a Deus, deu muitas graças, pedindo a Nosso Senhor, que o preservasse sempre do pecado mortal. 

Esta oração foi ouvida, concedendo-lhe Deus a graça da inocência até a morte. Alcançou na perfeição um grau tão elevado, que na sua vida não há exemplo de pecado venial deliberado. 

Santa Teresa de Jesus, que foi sua contemporânea, considerava-o santo, e afirma que nunca lhe observou a mínima falta. A mesma Santa conheceu São João da Cruz, por ocasião da fundação dum convento em Medina del Campo. João, levado pela inclinação à vida austera, tencionava entrar na Ordem dos Trapistas, mas antes de tomar qualquer resolução definitiva neste sentido, pediu o conselho de Santa Teresa. 

Esta lhe disse, que mais acertado, andaria por ser mais do agrado de Deus, se permanecesse na Ordem Carmelita, e se incumbisse também da reforma da disciplina regular; era esta a vontade de Deus. 

João apresentou este plano a Deus nas orações e ao confessor, e decidiu seguir a opinião de Santa Teresa. Em pouco tempo, conseguiu a graça de Deus a reforma de alguns conventos da Ordem. A opiniões contrárias fechava os ouvidos, dizendo que o caminho estreito para o Céu, não exigia causa de menos valor. 

Só Deus conhece os sofrimentos, perseguições e injúrias de que o reformador foi alvo no cumprimento da nobre missão. 

João não procurava a honra própria. O amor de Deus era a única força motriz que o impelia a trabalhar e sofrer. 

Jesus Cristo, em uma aparição com que se dignou de distinguir a seu servo, perguntou-lhe pela recompensa que esperava pelos trabalhos e sofrimentos. João respondeu: "Não outra coisa, Senhor, do que sofrer por vosso amor e ser desprezado pelos homens." 

Eram três coisas que pedia a Deus, lhe concedesse: Primeiro, dar-lhe força para trabalhar e sofrer muito; segundo, não o fazer sair deste mundo como superior de uma comunidade e terceiro, deixá-lo morrer desprezado e escarnecido pelos homens. 

Este desejo de ser desprezado, era fruto da meditação constante sobre a Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Falando neste grande mistério da nossa Religião, o semblante ardia-lhe, e durante a celebração da santa Missa, era freqüente o estado extático, e dos olhos lhe corriam abundantes lágrimas. 

Nosso Senhor Jesus Cristo, mostrou-se-lhe uma vez na figura que tinha, quando morreu na cruz. Esta imagem ficou tão profundamente gravada na memória do santo, que não podia recordá-la sem chorar. 

A todos que com ele se relacionavam, João da Cruz recomendava com muito empenho e devoções ao Salvador Crucificado, à Santíssima Trindade, ao Santíssimo Sacramento. 

Os pecadores mais empedernidos não resistiam à eloqüência e ao zelo do fervoroso carmelita e muitos lhe deveram a conversão. 

É inegável que a graça divina muito o auxiliou, na grande influência que exercia sobre os corações. 

A muitos pecadores desvendou os pecados mais ocultos, em muitos casos predisse o futuro, doentes desenganados recuperaram a saúde em virtude de sua palavra. Muitas vezes lhe apareciam Maria Santíssima, São José, São João e o próprio Salvador. 

Memoráveis são as aparições, com que foi consolado durante a prisão de nove meses, a que injustamente fora condenado. 

Em 1591, foi o fiel servo de Deus chamado à recompensa. Uma longa e dolorosa doença precedera-lhe a morte. 

Quando os médicos lhe comunicaram a incurabilidade da moléstia, disse João as palavras do salmista: “Muito me alegrei em ouvir isto; hei de entrar na casa do Senhor”. Meia hora antes da morte, mandou reunir os confrades, exortou-os à perseverança e disse: “São horas de eu partir”. 

Quando ouviu o sino bater meia-noite, hora em que a comunidade costumava cantar as matinas, exclamou: “Eu as cantarei no céu!”. Depois, tomou o crucifixo nas mãos, beijou-o ternamente, dizendo: “Em vossas mãos, eu encomendo o meu espírito”. 

São João da Cruz, figura entre os mestres da teologia mística. Escreveu as seguintes obras: 

“A Subida ao Carmelo” 
“A Noite Escura da Alma”
“Cântico Espiritual Entre a Alma e o Cristo”
“A Viva Chama de Amor” 
“Os Espinhos do Espírito”. 

São obras clássicas que lhe merecem o título de Doutor da Igreja, com que Pio XI o distinguiu em 24 de agosto de 1926.


Reflexões


Na primeira santa Missa, São João da Cruz pediu a Deus a graça de ficar isento de todo o pecado mortal. Em outra ocasião, pediu para sofrer muito, trabalhar pela glória de Deus e ser desprezado e ludibriado por amor de Cristo.

Bem diferente é nossa oração. Que é que pedimos a Deus? Em que intenções prometemos a Deus santas Missas, jejuns e romarias? Não é quase sempre para obtermos favores materiais, restabelecimento da saúde, felicidade nos negócios, etc. Os interesses de nossa alma não são muito mais elevados? 

E deles, no entanto, não nos lembramos. Por que não fazemos petições e promessas para alcançarmos a graça da perseverança, a graça de ficarmos livres do pecado mortal, de vencer paixões e vícios? Devemos pedir a Deus tudo aquilo que é útil e necessário para nossa salvação.


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