sexta-feira, 3 de agosto de 2012

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 32: Obrigação da Missa Dominical?

Mito 32: "Ir à Missa dominical não é obrigação"

É moralmente obrigado aos Católicos participarem da Santa Missa Dominical, sim.


Muitos relativizam isso falando coisas como "não se visita um amigo por obrigação, mas por amor".

Evidentemente, Deus é Aquele que nos amou primeiro, precisa ser nosso melhor amigo e é digno de todo nosso amor e de todo nossa adoração. Porém, não estamos falando aqui de um "amiguinho qualquer", mas de Deus!

E é Justo que se obedeça as Suas Leis, que inclui a Lei da Santa Igreja, como foi explicado acima. Estamos moralmente obrigado a isso. Isso é dar a Deus o que é de Deus (Mateus 22, 21).

Diz o Catecismo:

"O Mandamento da Igreja determina e especifica a Lei do Senhor. Aos Domingos e nos outros dias de festa preceito, os fiéis tem a obrigação de participar da Missa. Satisfaz ao preceito de participar da Missa quem assista à Missa celebrada segundo o rito católico no próprio dia ou na tarde do dia anterior." (n. 2180)
 
 
A participação na Santa Missa no Sábado à tarde, portanto, cumpre o preceito dominical.

Além disso, devem ser guardados como dia de festa de preceito o "dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania, da Ascensão e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, de Santa Maria, Mãe de Deus, de sua Imaculada Conceição e Assunção, de São José, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e, por fim, de Todos os Santos." (n 2177).

Os fiéis Católicos tem, portanto, obrigação de participar da Santa Missa também nos dias de cada uma dessas festas ou nas tardes dos dias anteriores à cada uma delas.

No Brasil, para facilitar o cumprimento do preceito, várias destas festas são transferidas para o Domingo, por determinação da CNBB com a aprovação da Santa Sé. 

As únicas que permaneceram no calendário litúrgico além dos Domingo são: Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo (25 de dezembro), Santa Maria, Mãe de Deus (01 de Janeiro), Corpus Christi (data móvel) e Imaculada Conceição da Virgem Maria (08 de Dezembro) - ver comentário do Pe. Jesús Hortal sobre o cânon 1246, no Código de Direito Canônico editado pela Loyola.

Ainda em relação à participação da Santa Missa nos dias de preceito, o Catecismo deixa claro:

"Os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado mortal." (n. 2181) 

O cânon 1245 afirma que o pároco pode conceder ao fiel, por razão justa, a dispensa da obrigação de guardar uma festa de preceito.

Importa dar a Deus o que é de Deus (Mateus 22, 21).

"Amor com amor se paga", diz São João da Cruz, doutor da Santa Igreja.

Persevera no amor quem vive os mandamentos de Deus (Jo 15,10).

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Comentário sobre este Mito (17/12):

É comum nos depararmos hoje com polêmicas envolvendo o valor do Domingo como o dia da semana, por excelência, reservado para o culto à Deus na Igreja Católica Apostólica Romana.

Há denominações protestantes, principalmente de corrente adventista, que acusam os Católicos de traírem à ordem de Deus dada à Moisés no Antigo Testamento de guardar o Sábado como o Dia do Senhor. 

Além disso, existem Católicos que infelizmente ainda desconhecem a importância do Domingo e não compreendem o seu sentido. A solução para tais controvérsias, porém, se encontra de forma muito clara e segura nos documentos da Santa Igreja.

Convém primeiramente esclarecer que as leis cerimoniais do Antigo Testamento eram meramente uma preparação para a Primeira Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, e NÃO leis morais que deveriam ser sempre seguidas. Dentro do conjunto dessas leis cerimoniais se encontram as proibições à comer certas comidas, as regras relativas aos sacrifícios de animais, a necessidade da circuncisão e o preceito de guardar o Sábado (Dt 5,12; Ex 31,15).

Tais leis cerimoniais eram meramente uma preparação para o Novo Testamento e uma sombra de coisas vindouras, ou seja, elementos que perderam o seu sentido diante da Plenitude da Revelação Divina que se dá no Novo Testamento, como escreveu São Paulo aos Colossenses: "Ninguém, pois, vos condene pelo comer ou pelo beber, ou por causa dum dia de festa, ou duma lua nova, ou dum sábado, coisas que são sombra das vindouras" (Cl 2,16). 

O sábado era apenas uma figura do domingo, assim como os sacrifícios de animais no templo dos judeus eram figura do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz e a proibição de certas comidas era figura da proibição do pecado aos cristãos.

Diz o Catecismo da Igreja Católica que "Jesus ressuscitou dos mortos no primeiro dia da semana" (n. 2174), isto é, o Domingo. Afirma ainda: "O Domingo se distingue expressamente do Sábado, ao qual sucede cronologicamente, e cuja prescrição ritual substitui, para os cristãos. (...) Aqueles que viviam segundo a ordem antigas das coisas voltaram-se para a nova esperança observando NÃO MAIS O SÁBADO, MAS O DIA DO SENHOR, no qual a nossa vida é abençoada por Ele e por Sua morte (...) O culto dominical cumpre o preceito moral da Antiga Aliança, cujo o ritmo e espírito retoma ao celebrar cada semana o Criador e Redentor do seu povo. (...) O Domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja, como dia de festa de preceito por excelência." (n. 2174-177)

Nesse sentido, muitos são os testemunhos da Igreja Primitiva em relação à prática dos cristãos guardarem não mais o Sábado, mas o Domingo. A epístola de Barnabé, escrita em no ano 74 DC, afirma: "Guardamos o oitavo dia (domingo) com alegria, o dia em que Jesus levantou-se dos mortos" (Barnabé 15,6-8). 

Santo Inácio de Antioquia, escrevendo aos Magnésios em 107, disse: "Se aqueles que viveram segundo os velhos usos chegassem à novidade da esperança, não deveriam de modo algum guardar o sábado, mas sim o domingo, em que também nossa vida teve sua origem por Cristo e por Sua morte."

"No Tempo da Nova Aliança, inaugurada com o Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor que morreu para pagar pelos nossos pecados, o culto dos cristãos, por excelência, é a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar. 

Nela, Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, e Ele mesmo se oferece ao Pai como Sacrifício Perfeito, pelas mãos do sacerdote" (ver Catecismo, n. 1362-1377; 1411).

O Catecismo ensina ainda (n. 2186-2194)

"Durante o Domingo e os outros dias de festa de preceito, os fiéis se absterão de se entregar aos trabalhos e atividades que impedem o culto devido a Deus, a alegria própria do dia do Senhor, a prática da sobras de misericórdia e o descanso conveniente do espírito e do corpo. As necessidades familiares ou uma grande utilidade social são motivos legítimos para dispensa do preceito do repouso dominical. Os fiéis cuidarão para que dispensas legítimas não acabem introduzindo hábitos prejudiciais à religião, à vida familiar e à saúde. (...) A instituição do Domingo contribui para que todos tenham tempo de repouso e de lazer suficiente para lhes permitir cultivar sua vida familiar, cultural, social e religiosa."

O saudoso Papa João Paulo II acrescenta (Dia Domini, n. 52; 68. Maio de 1998):

"Se a participação na Eucaristia é o coração do domingo, seria contudo restritivo reduzir apenas a isso o dever de « santificá-lo ». Na verdade, o dia do Senhor é bem vivido, se todo ele estiver marcado pela lembrança agradecida e efetiva das obras de Deus. Ora, isto obriga cada um dos discípulos de Cristo a conferir, também aos outros momentos do dia passados fora do contexto litúrgico — vida de família, relações sociais, horas de diversão —, um estilo tal que ajude a fazer transparecer a paz e a alegria do Ressuscitado no tecido ordinário da vida. (...) 

Uma vez que o descanso, para não se tornar vazio nem fonte de tédio, deve gerar enriquecimento espiritual, maior liberdade, possibilidade de contemplação e comunhão fraterna, os fiéis hão de escolher, de entre os meios da cultura humana e as diversões que a sociedade proporciona, aqueles que estão mais de acordo com uma vida segundo os preceitos do Evangelho. 

Nesta perspectiva, o descanso dominical e festivo adquire uma dimensão « profética », defendendo não só o primado absoluto de Deus, mas também o primado e a dignidade da pessoa sobre as exigências da vida social e econômica, e antecipando de certo modo os novos céus e a nova terra, onde a libertação da escravidão das necessidades será definitiva e total. Em resumo, o dia do Senhor, na sua forma mais autêntica, torna-se também o dia do homem."

Cabe aos Católicos restaurarem o zelo pelo Domingo, como também pelas demais festas de preceito, para que Deus seja, cada vez mais, adorado pelos fiéis no culto sublime que Ele mesmo instituiu, e a fé cristã e católica seja cada vez mais testemunhada para nossa sociedade.

Tendo visto o sentido do Domingo e da obrigatoriedade canônica de os fiéis Católicos participarem da Missa Dominical, um último comentário a respeito deste assunto: Atualmente, as palavras "obrigação" e "lei" geram certo desconforto, como temos falado ao longo dessas postagens; mas precisamos restaurar, a começar em nós, uma visão positiva disso.

Neste sentido, o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Arquidiocese de Cuiabá-MT afirmou:

"Observar as normas litúrgicas e obedecê-las não é algo que está divorciado com o coração. É necessário escolher as duas coisas. Obediência das normas e soprar sobre estas normas, que são letra morta, o Espírito com o qual elas foram elaboradas. 

O espírito que é uma verdadeira tradição espiritual da Igreja. Por isso, essa dicotomia é uma falsa alternativa. Seria como pedir a uma pessoa que escolhesse entre o corpo e a alma, dizendo a ela ou ela fica com a alma ou ela fica com o corpo. A única resposta possível é dizer: eu não escolho, eu fico com os dois. Eu fico com a norma litúrgica e fico com o coração."

E ainda, continua o Pe. Paulo:

"Existe uma ideia equivocada que pensa que o Evangelho é incompatível com a lei, ou seja, que o Espírito sopra onde quer e que uma lei só iria matar a verdadeira fidelidade ao Evangelho de Cristo. Mas esse idéia é equivocada. 

O Evangelho de Cristo é uma Palavra que me vincula. Quanto eu dou o meu assentimento de fé a Cristo, eu estou necessariamente vinculado a Palavra Dele, e portanto, na própria natureza do Evangelho e da resposta de fé, existe algo que me vincula e que me limita. 

Eu não posso trair a Palavra de Cristo. Eu não posso transformá-la em uma outra Palavra. Eu preciso aceitá-la, ser fiel a ela e transmiti-la como eu recebi. Isto que acontece com a Palavra deve acontecer também com o Sacramento. O que seria de nós, se nós disséssemos que eu preciso transmitir a Palavra de Deus com liberdade e criatividade? 

Terminaria que no curso de uma década, a Palavra de Deus pregada já não seria mais a Palavra de Cristo; talvez não seria nem necessário esperar uma década. A mesma coisa acontece com o Sacramento. O que me garante que o Sacramento que eu hoje celebro é o mesmo Sacramento do Cristo de 2000 anos atrás? É simplesmente o fato de que Ele deixou um Sacramento. 

E esse Sacramento me vincula, e eu preciso fazer de tudo para que esse Sacramento seja transmitido ao longo dos séculos tal qual ele é. Por isso, o Espírito, a liberdade e o Evangelho não são incompatíveis com a lei, a tradição e o vínculo necessário para que a Palavra e o Sacramento de Cristo seja os mesmos através dos séculos."

Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente aprovadas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."

Que a Grande Mãe de Deus, Mãe da Eucaristia, pela Sua Poderosa Intercessão, nos conceda a graça de crer, adorar, amar e zelar pelo Santíssimo Corpo do Deus-Amor Sacramentado, pelo Santo Sacrifício da Missa, pela Sagrada Liturgia da Igreja e pelo Dia do Senhor...


Postado por: Francisco Dockhorn

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