quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

São Paulo contra o Adventismo do Sétimo Dia


Assim a lei se nos tornou pedagogo encarregado de levar-nos a Cristo, para sermos justificados pela fé. Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedagogo, porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo”. (Gl 2,24-26).

O fundador da denominação adventista é Willian Miller (1782-1849), camponês, nascido de pais piedosos batistas. Em 1816, comparando os textos sagrados entre si, chegou à conclusão de que a segunda vinda de Cristo se daria em 1843. Os 2300 dias mencionados em Dt 8,5-11 deveriam ser tidos como anos, que ele começava a contar a partir do retorno de Esdras a Jerusalém, ou seja, a partir de 457 a.C. Donde 2300 - 457 = 1843.


O fim do mundo, portanto, haveria de se dar, precisamente, entre 21/03/1843 e 21/03/1844. Nesse período de tempo, Cristo reapareceria sobre a terra e reinaria com os santos pelo espaço de mil anos, durante os quais se daria a exaltação dos bons e a condenação dos maus, como parecia sugerido por Ap 20,6s.


Em 1842-1843, Miller realizou 120 assembléias nos campos, com a participação global de 1500 ouvintes. A comunidade batista o excomungou. Miller tinha 5 mil discípulos em 22/10/1843.


Na verdade, porém, o prazo previsto passou sem novidade alguma... Então, o discípulo de Miller, S.S. Snow, refez o cálculo, alegando que o ano hebreu não correspondia ao ano cristão; por conseguinte, o termo exato da segunda vinda do Senhor seria o dia 22/10/1844. Foi por esta ocasião que os seguidores de Miller tomaram o nome de "adventistas". Todavia, também esta nova data decorreu sem alteração da história, e o entusiasmo de muitos discípulos se arrefeceu.


Surgiu então a figura ardorosa da Sra. Ellen Gould White. Era metodista, quando aderiu à pregação de Miller e esperou a vinda de Cristo em 1844. Ellen dizia ter revelações que ela assim explicava: em 1844 se deu realmente algo de novo, não na terra, mas no céu. O santuário de que fala Dn 8,14 é o Santuário celeste, do qual trata também Hb 9,11s; Jesus, naquele ano, entrou no "Santo dos Santos" do céu. A sra White dizia tê-lo visto com seus próprios olhos...


A tese, assim proposta pela "vidente", conseguiu convencer muita gente. Depois que Miller morreu, tornou-se Ellen White a grande mestra do adventismo. Outra tese que a profetisa incutiu aos adventistas foi a observância do sábado... Entre 1840 e 1844, alguns grupos batistas passaram a observar o sábado em lugar do domingo. Os Adventistas do Sétimo dia (sabatistas), exigem a fé não somente nas Escrituras, mas também no espírito de profecia de Ellen Gould White.


Impunha-se também aos novos crentes a abstinência de fumo e álcool, sob pena de excomunhão da Vida Eterna. A Ceia do Senhor era celebrada com suco de uva, sem álcool. À medida que os adventistas foram se organizando, as cisões se multiplicavam em seu âmbito, originando ramos diversos: adventistas evangélicos, cristãos adventistas, a Igreja de Deus, a União da Vida e do Advento, os adventistas da era vindoura...

O Adventismo do Sétimo Dia é um ramo bem particular do Protestantismo, principalmente pelo seu sincretismo entre os princípios da Reforma e a Lei judaica. Como toda denominação protestante dizem que sua doutrina se baseia única e exclusivamente na Bíblia, mas, no entanto é a própria Bíblia que os desmentem. Como seria demasiado longo escrever sobre todos os pontos em que a doutrina adventista se choca com a Sagrada Escritura e sobre os ensinamentos dela que são totalmente desprezados, neste trabalho trataremos somente da doutrina paulina. Com efeito, ninguém foi mais duro com os judaizantes do que S. Paulo. 

A autoridade do AT e do NT

Para os adventistas o AT e o NT possuem a mesma autoridade. Defendem esta tese com as seguintes palavras de S. Paulo: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça" (2 Tm 3,16).

Dizem eles “Toda é Toda”, concluindo que não se pode ter preferência pelo NT em detrimento ao AT. Com efeito, de forma alguma negamos a inspiração divina do AT, nem tampouco dizemos que dele não se deve tirar proveito. Entretanto é o próprio Apóstolo que diz que a Lei não vale mais com o advento de Cristo:

Irmãos, vou apresentar-vos uma comparação de ordem humana. Se um testamento for feito em boa e devida forma, por quem quer que seja, ninguém o pode anular ou acrescentar-lhe alguma coisa. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: aos seus descendentes, como se fossem muitos, mas fala de um só: e a tua descendência, isto é, a Cristo. Afirmo, portanto: a lei, que veio quatrocentos e trinta anos mais tarde, não pode anular o testamento feito por Deus em boa e devida forma e não pode tornar sem efeito a promessa. Porque, se a herança se obtivesse pela lei, já não proviria da promessa. Ora, pela promessa é que Deus deu o seu favor a Abraão. Então que é a lei? É um complemento ajuntado em vista das transgressões, até que viesse a descendência a quem fora feita a promessa; foi promulgada por anjos, passando por um intermediário. Mas não há intermediário, tratando-se de uma só pessoa, e Deus é um só. Portanto, é a lei contrária às promessas de Deus? De nenhum modo. Se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, em verdade a justiça viria pela lei; mas a Escritura encerrou tudo sob o império do pecado, para que a promessa mediante a fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem. Antes que viesse a fé, estávamos encerrados sob a vigilância de uma lei, esperando a revelação da fé. Assim a lei se nos tornou pedagogo encarregado de levar-nos a Cristo, para sermos justificados pela fé. Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedagogo, porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo”. (Gl 2,15-26) 

Aqui S. Paulo expõe muito bem a distinção de autoridade entre o AT e o NT. O Primeiro é o ministério da Lei através de Moisés, o segundo é ministério da Graça através de Cristo. O primeiro teve sua utilidade, mas pela Fé em Cristo não dependemos mais dele. Para S. Paulo o AT não é igual ao NT, nem tem a mesma autoridade. Interessante, pois aqui S. Paulo mostra que o NT é mais antigo que o AT.

Ainda: “Sepultados com ele [Cristo] no batismo, com ele também ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão da vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz" (Cl 2,12-14) .

S. Paulo mais uma vez esclarece que o AT foi abolido por Cristo na Cruz. Para os sabatistas o Apóstolo está se referindo apenas às observâncias cerimoniais. Ora, desde quando estas observâncias acusavam os judeus? O que os acusavam eram as prescrições morais da Lei (cf. Tg 2,10-11). Mas os sabatistas que dizem ter a Bíblia como única regra de Fé e prática dizem que tais prescrições ainda valem para nós cristãos.

A doutrina Paulina entre os Testamentos também é expressa de forma clara em Hebreus 9.

Sobre os Dez Mandamentos

Para os sabatistas, os Dez Mandamentos conforme constam na letra do AT são irrevogáveis. Daí concluem que os cristãos ainda estão obrigados à observância do Sábado dos judeus.

Vejamos o que S. Paulo diz sobre os Dez Mandamentos: "Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face (embora transitório), quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Se o ministério da condenação já foi glorioso, muito mais o há de sobrepujar em glória o ministério da justificação! Aliás, sob esse aspecto e em comparação desta glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro ministério. Se o transitório era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece!" (2Cor 3,7-11) .

A Escritura não deixa dúvidas de que o Apóstolo estava se referindo aos Dez Mandamentos. S. Paulo se refere a um evento registrado no Êxodo:

"Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras. Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor. E, tendo-o visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele" (Ex 34,28-30) .

Para S. Paulo o Decálogo era transitório e tornou-se pálido com o advento de Cristo. Enquanto para os sabatistas ele é eterno e vivo. Ver ainda 2Cor 3,2-3.

Sobre o Sábado e comidas

Os adventistas crêem que os cristãos devem guardar o Sábado e que devem se abster de carne de porco. Porém, S. Paulo escreveu aos Colossenses: "Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo" (Col 2,16-17) .

Dizem os adventistas que S. Paulo estava se referindo aos sábados festivos e comemorativos. Porém, S. Paulo utiliza aqui a palavra grega Sabbaton, que quando utilizada na forma como empregou o Apóstolo (sem ser precedida de numeral ordinal: primeiro, segundo e etc) significa Sétimo Dia. No NT TODAS AS VEZES em que este ela aparece nesta forma refere-se ao Sétimo Dia. Por quê só em Col 2,16 não?

Os sábados comemorativos são as festas e as luas novas (cf. Nm 10,10; 1Cr 23,31; Jt 8,9; Is 1,13-14; Os 2,13). Se S. Paulo estivesse referindo-se somente aos sábados comemorativos não relacionaria do Sétimo Dia ao lado das festas e luas novas.
Ellen White, a "profetisa" que errou
S. Paulo ensina aos Colossenses que os cristãos não devem ser incomodados por causa de comida e bebida, entretanto Ellen White prescreveu uma série de restrições alimentares. No Domingo acontecia a Ceia do Senhor, reunião de adoração a Deus.

Em 1Cor 11 S. Paulo dá instruções sobre como os fiéis devem se comportar nas reuniões de Culto a Deus. Os versículos 20 e diante tratam exatamente da Ceia do Senhor que era ordinariamente celebrada no primeiro dia da semana, isto é, Domingo (cf. At 20,7). Ainda em 1Cor 16,2 há instruções sobre as coletas. Isso prova que a Ceia do Senhor não era uma mera reunião de refeição como ensina Ellen White. Prova também que o Domingo desde os tempos apostólicos já era observado como dia de culto.

O Juízo Investigativo

Ellen White ensina que Jesus em 22 de Outubro de 1844 entrou no Santuário Celeste para espiar os pecados dos homens. Porém em Hebreus lemos: "[...] [Cristo] Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus" (Hb 1,3). Logo Jesus não realizou a expiação dos pecados em 1844, mas com seu sacrifício na Cruz.

Também consta em Hebreus: "Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos bens vindouros. [...] sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna" (Hb 9,11-12) (grifos meus). A Escritura ensina que Cristo entrou no santuário celeste logo após sua morte e não em 22 de Outubro de 1844.

Jesus tinha pecado?

Ellen White ensina que Jesus era tudo semelhante a nós, inclusive no pecado. Como pode Deus ser inimigo de Si mesmo, já que o pecado é uma ofensa a Ele? É claro que a Escritura rechaça tamanho absurdo. Veremos qual é o ensino Paulino sobre esta matéria:

"E esta aliança da qual Jesus é o Senhor, é-lhe muito superior. Além disso, os primeiros sacerdotes deviam suceder-se em grande número, porquanto a morte não permitia que permanecessem sempre. Este, porque vive para sempre, possui um sacerdócio eterno. É por isso que lhe é possível levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor. Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos céus, que não tem necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro pelos pecados próprios, depois pelos do povo; pois isto o fez de uma só vez para sempre, oferecendo-se a si mesmo" (Hb 7,22-27) .

É a própria Escritura na qual os adventistas dizem ser sua regra única de Fé que afirma que Jesus não tinha necessidade de oferecer sacrifícios por seus pecados, pois eles eram inexistentes, pois era “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores”. É um absurdo que tamanha heresia seja ensinada como doutrina cristã autêntica.

Quem obterá vitória sobre o Demônio?

Ellen White ensina que a “Igreja Remanescente”, isto é, a Igreja Adventista, obterá a vitória final contra o Demônio. Entretanto lemos na carta aos Romanos: "a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos: a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo! Primeiramente, dou graças a meu Deus, por meio de Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é preconizada a vossa fé [...] O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!" (Rm 1,7-8.20) .

S. Paulo não só ensina como também profetisa que a vitória será da Igreja Romana.

Conclusão

Seria necessário escrever um livro para apresentar todas as contradições da doutrina adventista em relação à Bíblia. Tais contradições são gritantes e bradam até aos céus!

Aos seguidores de Ellen White valem ainda as palavras de S. Paulo: "Purificai-vos do velho fermento, para que sejais massa nova, porque sois pães ázimos, porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado" (1 Cor 5,7). Com efeito, ainda estão ligados ao velho fermento dos fariseus (cf. Mt 16,6), por isso possuem tanta dificuldade em aceitar toda a Graça de Cristo. Também sobre isso S. Paulo ensinou: "Não fazemos como Moisés, que cobria o rosto com um véu para que os filhos de Israel não fixassem os olhos no fim daquilo que era transitório [o Decálogo]. Em conseqüência, a inteligência deles permaneceu obscurecida. Ainda agora, quando lêem o Antigo Testamento, esse mesmo véu permanece abaixado, porque é só em Cristo que ele deve ser levantado. Por isso, até o dia de hoje, quando lêem Moisés, um, véu cobre-lhes o coração. Esse véu só será tirado quando se converterem ao Senhor" (2 Cor 2,13-16).

Dizem os adventistas que as obras de Ellen White são uma “luz menor” que explica a “luz maior” que é a Bíblia. Entretanto a prática é bem outra: os livros de Ellen White são a verdadeira Regra da Fé para os adventistas. Para que a doutrina adventista tivesse coerência com seus próprios princípios deveria fazer como os ebionitas que recusaram como Escritura todas as cartas de S. Paulo.

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