segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 28: Farisaísmo?

Mito 28: "Procurar obedecer às leis é farisaísmo"

Não é, se essas leis forem leis instituídas por Deus ou por quem Deus delega tal poder.



O que Nosso Senhor censurou nos fariseus NÃO foi a preocupação em obedecer em santas leis de Deus. O próprio Senhor disse:

"Se guardardes os Meus Mandamentos, sereis constantes no Meu Amor, como também Eu guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto no Seu Amor." (Jo 15, 10-11)

E ainda:

"Não julgueis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdades vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aqueles que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus." (Mt 5, 17-19)


A lei divina precisa ser obedecida. Os erros que Nosso Senhor condenou nos fariseus foram dois: o fato de eles ensinarem uma coisa e viverem outra ("Este povo somente Me honra com os lábios; mas seu coração está longe de Mim" – Mc 7,6); e o fato de eles interpretarem a lei de forma errada em algumas ocasiões ("Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens" – Mc 7,8), como no caso da proibição deles em relação às curas realizadas em dia de Sábado.


Não existe distinção entre obedecer diretamente a Deus e obedecer a lei da Santa Igreja. Nosso Senhor confiou a São Pedro, o primeiro Papa (Mateus 16,18-19), o poder de ligar e desligar. O Catecismo da Igreja Católica explica que "o poder de ligar e desligar" significa a autoridade de absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja." (n. 553) Por isso, recusa de sujeição à lei da Santa Igreja é pecado contra o 1º mandamento (Cat.,n. 2088-2089)

Obedecer à lei da Santa Igreja é obedecer à Deus; obedecer à Deus é obedecer também a lei da Santa Igreja.

* * *

Comentário sobre este Mito (28/11):

Muitos de nós, que zelamos pela defesa da doutrina católica, das normas litúrgicas e do esplendor litúrgico, acabamos sendo rotulados de "fariseus".

Depois dos esclarecimentos que prestamos acima, fica evidente que tais acusadores NÃO tem RAZÃO; mas tem RAZÕES.

Explico:

Vejamos o que disse Nosso Senhor:

"Vós, fariseus, limpais o que está por fora do vaso e do prato, mas o vosso interior está cheio de roubo e maldade. Insensatos!" (Lc 11, 39-40)



Existe um "farisaísmo moderno" que é, a pretexto de uma grande (e necessária!) valorização dos atos externos da Sagrada Liturgia (da correta doutrina a respeito da Santa Missa como Renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor, da Presença Real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, do Sacerdócio - ver Catecismo da Igreja Católica, n. n. 1667-1673; 1362-1377; 1411), da obediência às normas litúrgicas, do dobrar os joelhos nos momentos adequados, da bela ornamentação do espaço sagrado e do altar, do incenso, do latim, do canto gregoriano, de se vestir adequadamente para participar da Santa Missa, do uso do véu por parte das mulheres, e assim por diante...elementos estes necessários de serem valorizados!), cair em uma certa indiferença ou desleixo em relação à disposição interior e à vida espiritual.

Então, corre-se os perigos de:

• Falar-se (e com razão!), que Nosso Senhor está verdadeiramente e substancialmente presente na Hóstia Consagrada...mas não haver dedicação a permanecer alguns momentos em adoração!

• Falar-se (e com razão!) do valor infinito e desconcertante do que a Santa Missa é a Renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor, através do qual Ele paga pelos nossos pecados...mas não haver esforço em combater os pecados pessoais!

• Falar-se (e com razão!) da necessidade de se ajoelhar na Consagração e do valor de receber o Corpo de Deus de joelhos e diretamente na boca...mas não dobrar-se verdadeiramente o coração diante de Deus, através de uma vida em que Deus seja verdadeiramente o centro!

• Falar-se (e com razão!) da necessidade se utilizar vasos sagrados (cibório, cálice...) de materiais nobres e artisticamente belos para acolher o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor...mas não haver verdadeiro empenho em acolher Nosso Senhor na própria alma, de forma apaixonada, com verdadeira adoração, amor profundo, carinho e bons propósitos!

• Falar-se (e com razão!) do vestir-se de forma decente e adequada para participar da Santa Missa, e inclusive do uso do véu pelas mulheres...mas não haver esforço profundo para viver a virtude da pureza em atos e pensamentos!

• Falar-se (e com razão!) da necessidade de se obedecer as normas litúrgicas promulgadas pela Santa Igreja...mas não haver esforço em obedecer a Deus através de uma busca completa de fidelidade a Ele!

• Falar-se (e com razão!) do preceito que a Santa Igreja instituiu para os católicos participarem da Missa Dominical inteira...porém, cumprir-se o preceito, mas não o “espírito” dele: sem amor profundo pelo Santo Sacrifício da Missa...e nem se cogitar participar da Santa Missa em dias cuja a participação não é preceituada!

• Falar-se (e com razão!) do valor da Santa Missa celebrada com beleza, esplendor e solenidade para que se manifeste ao mundo a grandeza do que é celebrado no altar...mas não se amar as almas verdadeiramente a ponto de se doar pela salvação delas em oração, penitência e apostolado!

• Ler-se (e com razão!) o Catecismo da Igreja Católica, o Código de Direito Canônico e outros documentos, livros e escritos sobre a doutrina, a disciplina e a liturgia católica...mas não haver interesse em ler os grandes autores da vida espiritual que a Santa Igreja tem, e por isso desconhecer a real beleza de uma vida de fidelidade a Deus, e os meios para trilhar esse caminho!

Dom Antonio Keller, Bispo de Frederico Westphalen-RS, em sua entrevista concedida ao blog "Salvem a Liturgia!", falou desta realidade da seguinte forma:

“Sem autêntica vida espiritual, ou seja, para a Liturgia, sem a autêntica interioridade, a Liturgia torna-se tão somente ritualismo farisaico. Metros e metros de pano, quilos e quilos de incenso, etc.. não servem para nada quando não existe um apaixonado amor a Cristo, a Sua Igreja e a Seu Povo. 


Vejo com esperança toda esta movimentação em relação à busca de uma Liturgia mais fiel à normativa da Igreja, mas penso que isto só não seja suficiente para uma autêntica renovação eclesial: precisamos não somente de gente que celebre ou que participe da Liturgia bem celebrada... Precisamos de gente SANTA que celebre e participe bem da Liturgia bem celebrada.”

E mais adiante, diz Dom Antonio ao final da entrevista:

“Quero dizer aos leitores que procurem, antes de tudo, viver a Liturgia, com interioridade e atenção. Repito o que já anteriormente disse: a autêntica participação na Liturgia exige interioridade, alma, amor a Deus. Vivamos a Liturgia não só na sua exterioridade tão bonita e necessária, mas principalmente, no que ela realiza de ato de amor a Deus.”

Também o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Arquidioce de Cuiabá-MT , em sua entrevista concedida ao blog, tocou neste assunto, quando perguntado:

"Alguns padres mais novos começam a vestir batina, a usar clergyman, a celebrar com decoro, a se interessar pelo latim, pela forma ordinária bem celebrada (inclusive com latim e canto gregoriano), pela Missa Tridentina. Também leigos bem formados estão despertando e tomando iniciativas apostólicas para promover a Liturgia de acordo com o que nos manda a Santa Igreja e conforme a tradição da Igreja. O que diz V. Revma. disso tudo?"

A resposta do Pe. Paulo Ricardo foi:

"Vejo com bons olhos porque vejo a boa vontade desses jovens. Embora deva admitir que é necessário que toda essa boa vontade seja acompanhada de uma boa formação espiritual. 


Porque toda esta embalagem precisa ser acompanhada de conteúdo. Quanto eu era seminarista, no final da década de 80, já se notava na Europa uma tendência de os seminaristas serem mais conservadores do que os seus próprios formadores dentro dos seus seminários. No entanto, muitas vezes, por falta de formação espiritual, de uma vida ascética de disciplina, esta boa vontade dos seminaristas caiu na vazies de uma vida incoerente com aquilo que se propunha. "

Pe. Paulo continua, apontando uma solução:

"Penso que é muito importante que o padre ame a sua batina, mas mais importante ainda é que ele honre a sua batina. Porque em alguns lugares tem tido um efeito devastador jovens sacerdotes se vestirem com a tradição e levarem uma vida moral em completo desrespeito com a Tradição. 


Por isso, vejo com bons olhos a boa vontade desses padres jovens e seminaristas, e ao mesmo tempo vejo com apreensão porque penso que é necessário dar a eles uma formação espiritual e ascética que corresponda a essa boa vontade. É aquilo que eu tentei fazer quando escrevi o meu livro sobre a Terapia das Doenças Espirituais."

Diante do todo o exposto, é evidente que a solução para este problema é uma autêntica ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA!

É preciso haver não somente um zelo em defender a doutrina católica, o autêntico esplendor litúrgico da Santa Igreja e as normas litúrgicas. Claro que TAMBÉM isso, mas NÃO APENAS isso: é preciso desenvolver uma autêntica ESPIRITUALIDADE LITÚRGICA.

Ela se dá através do encontro não somente com uma doutrina, mas com uma Pessoa, que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Diz o Santo Padre Bento XVI, logo no início da sua primeira encíclica, chamada “Deus Caritas Est”, que no “início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.” (n.1)

E um encontro pessoal com Nosso Senhor que, como exclama São Paulo, “me amou e se entregou POR MIM!” (Gl 2,20) É DEUS que, POR MIM (!), “aniquilou-se a si mesmo” (Fl 2,7), assumiu nossa condição humana (!) no Ventre imaculado da Santíssima Virgem; “tornando-se obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,8), POR MIM (!); se oferecendo continuamente ao Pai Eterno de forma mística no altar, pelas mãos do sacerdote, POR MIM (!); se fazendo presente verdadeiramente e substancialmente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, na Hóstia Consagrada, para chegar até MIM!

E São Paulo continua: “POR ISSO Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus SE DOBRE TODO O JOELHO no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para Glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor.” (Fl 2,9-11)

Como não se desconcertar totalmente com isso? Este encontro pessoal com Nosso Senhor é uma experiência única, que envolve a pessoa inteira: intelecto, emoções e comportamento.

A aparição da estrela que levou os Reis Magos a encontrar Nosso Senhor no presépio “os encheu de profunda alegria”. E a seguir, eles “entraram na casa, acharam o menino com Maria, Sua Mãe, prostraram-se diante Dele e O adoraram” (Mt 2,10-11). Esta é a alegria de ter Deus-Amor Sacramentado no altar! Viva Jesus!

Vivemos em uma crise de fé e moral, e em termos apostólicos, portanto, antes ainda de se falar da importância dos atos externos que a Sagrada Liturgia conserva e das normas litúrgicas, é preciso levar as pessoa a terem, pela fé, este encontro pessoal com Nosso Senhor. 


Isso dará sentido para todo o resto. É preciso anunciar o Santo Evangelho! E ele tem como centro o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor, que renova este Santo Sacrifício no altar e se faz Presença Eucarística junto de nós.

São João da Cruz, doutor da Santa Igreja, nos ensina que “amor se paga com amor”. São Luiz Maria Montfort nos ensina: "Jesus, nosso divino amigo, deu-se inteiramente a nós sem reserva, seu corpo e sua alma, suas virtudes, graças e méritos. (...) Ele ganhou-me inteiramente dando-se inteiramente a mim. A justiça e a gratidão exigem, portanto, que lhe demos tudo que pudermos. Foi Ele o primeiro a ser liberal para conosco; sejamos também nós generosos para com Ele."

Esta é a consequente busca da conversão interior que Nosso Senhor nos chama (“Convertei-vos e crede no Evangelho!”; Mc 1,15), que dará todo o sentido para os lindos e necessários atos externos que a Sagrada Liturgia conserva.

Algumas frases dos santos canonizados pela Santa Igreja alimentam a nossa alma:

"Toda a santidade e toda a perfeição de uma pessoa consiste em amar a Jesus Cristo, nosso Deus, nosso maior bem, nosso Salvador." (Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Santa Igreja)

"Ou nos afastamos do mal por medo do castigo, estando assim na posição de escravo; ou buscamos o atrativo na recompensa, assemelhando-nos aos mercenários, ou pelo bem em si mesmo e por amor de quem manda que nós obedeçamos." (São Basílio Magno)

"O Amor não é amado!" (São Francisco de Assis)

"Deus tem sede de que nós tenhamos sede Dele." (Santo Agostinho, doutor da Santa Igreja)

"A alma do justo é nada menos que um paraíso, onde o Senhor, como Ele mesmo diz, acha suas delícias." (Santa Teresa De Ávila, doutora da Santa Igreja)

"Não é para ficar (somente) no cibório de ouro que Jesus desce todos os dias do céu, mas para encontrar outro céu que lhe é intimamente mais caro que o primeiro: o céu da nossa alma, feita à imagem dele, o templo vivo da adorável Trindade." (Santa Teresinha do Menino Jesus, doutora da Santa Igreja)

"Eis o Coração que tanto tem amado os homens, que a nada tem se poupado até se esgotar e consumir para testemunhar-lhes o seu amor; e em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências e sacrilégios, tibiezas e desprezo que usam para comigo neste Sacramento de amor. E o que mais me custa é serem corações a mim consagrados os que assim me tratam." (Jesus a Santa Maria Margarida Alacoque)

"Quando você for comungar, deseje todo aquele amor que jamais um coração teve para Comigo, e eu receberei este amor como você gostaria que fosse" (Jesus a Santa Matilde)

Que conclusão tiramos disso tudo?

É importante, então, para compreendermos aquilo que NÃO É o farisaísmo, compreendermos aquilo que É o farisaísmo.

Nesse sentido, existem duas distorções litúrgicas que precisam ser evitadas:

Uma delas é superestimar as atitudes internas em detrimento das externas. Muitos justificam esse equívoco afirmando que "o que importa é o coração" A estes, vale lembrar que aqui não cabe a aplicação deste princípio, pois isso implicaria colocar-se em contraposição com grande parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, flores, incenso, gestos do corpo, e assim por diante...), que partem da necessidade de se manifestar com sinais externos a fé católica a respeito do que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus.

A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro. Por exemplo: ensina-nos o Sagrado Magistério da Santa Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente e substancialmente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377; e que Ele se faz presente durante a Santa Missa, que é a renovação do Seu Único e Eterno Sacrifício, consumado de uma vez por todas na cruz e tornado presente no altar, pelas mãos do sacerdote (Cat. 1362-1372; 1411). 

Mas como vamos convencer o mundo disso, se em ATOS EXTERNOS tratarmos a Hóstia Consagrada como um alimento qualquer?

A este respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: "De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo. (...) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo." (Mane Nobiscum Domine, n. 18)


A outra distorção possível é o oposto desta: superestimar as atitudes externas em detrimento das internas; se esta distorção for algo radicalizada, é um erro pior ainda que o citado acima, podendo se tornar inclusive uma fonte de pecado - pode ser o caso de quem faz uma genuflexão com cuidado externo, para mostrar “como sou santo”, ao invés de fazê-la para honrar Jesus Eucarístico. O ato externo é necessário, mas pelos MOTIVOS CERTOS!

Concluímos esta postagem com as palavras do Pe. Paulo Ricardo, na nossa citada entrevista.

O Pe. Paulo Ricardo, na mencionada entrevista, foi perguntado:

"Aos que querem a Missa mais sóbria, de acordo com as normas, com incenso, latim, paramentos bonitos, logo se lhes acusam de "rubricistas" ou de "obtusos", "antiquados" e até de "fariseus". Dizem que a Missa tem que ser "alegre", com improvisação, sem se prender a fórmulas. Alegam que pra Jesus, “o que importa é o coração, é o interior”. Como responder a tudo isso?"

Pe. Paulo respondeu:

"Unum facere et alium non omittere. Fazer uma coisa e não omitir a outra. Ou seja, observar as normas litúrgicas e obedecê-las não é algo que está divorciado com o coração. É necessário escolher as duas coisas. Obediência das normas e soprar sobre estas normas, que são letra morta, o Espírito com o qual elas foram elaboradas. O espírito que é uma verdadeira tradição espiritual da Igreja. 


Por isso, essa dicotomia é uma falsa alternativa. Seria como pedir a uma pessoa que escolhesse entre o corpo e a alma, dizendo a ela ou ela fica com a alma ou ela fica com o corpo. A única resposta possível é dizer: eu não escolho, eu fico com os dois. Eu fico com a norma litúrgica e fico com o coração.

E ainda, continha o Pe. Paulo:

"Existe uma idéia equivocada que pensa que o Evangelho é incompatível com a lei, ou seja, que o Espírito sopra onde quer e que uma lei só iria matar a verdadeira fidelidade ao Evangelho de Cristo. Mas essa idéia é equivocada. 


O Evangelho de Cristo é uma Palavra que me vincula. Quanto eu dou o meu assentimento de fé a Cristo, eu estou necessariamente vinculado a Palavra Dele, e portanto, na própria natureza do Evangelho e da resposta de fé, existe algo que me vincula e que me limita. Eu não posso trair a Palavra de Cristo. Eu não possa transformá-la em uma outra Palavra. 


Eu preciso aceitá-la, ser fiel a ela e transmiti-la como eu recebi. Isto que acontece com a Palavra deve acontecer também com o Sacramento. O que seria de nós, se nós disséssemos que eu preciso transmitir a Palavra de Deus com liberdade e criatividade? Terminaria que no curso de uma década, a Palavra de Deus pregada já não seria mais a Palavra de Cristo; talvez não seria nem necessário esperar uma década. 


A mesma coisa acontece com o Sacramento. O que me garante que o Sacramento que eu hoje celebro é o mesmo Sacramento do Cristo de 2000 anos atrás? É simplesmente o fato de que Ele deixou um Sacramento. E esse Sacramento me vincula, e eu preciso fazer de tudo para que esse Sacramento seja transmitido ao longo dos séculos tal qual ele é. Por isso, o Espírito, a liberdade e o Evangelho não são incompatíveis com a lei, a tradição e o vinculo necessário para que a Palavra e o Sacramento de Cristo seja os mesmos através dos séculos."

Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente aprovadas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."

Que a Grande Mãe de Deus, Mãe da Eucaristia, pela Sua Poderosa Intercessão, nos conceda a graça de crer, adorar, amar e zelar pelo Santíssimo Corpo do Deus-Amor Sacramentado, pelo Santo Sacrifício da Missa, Sagrada Liturgia da Igreja e por uma autêntica espiritualidade litúrgica e vida de santidade...


Postado por Francisco Dockhorn

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