sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ordenação e Sacerdócio



Os sacerdotes não são um obstáculo entre Jesus e nós. Eles estão em Jesus, são de Jesus e estão com Jesus. A função sacerdotal se remonta através do Novo Testamento até o Antigo Testamento, mesmo até suas mais antigas origens em Melquisedec o sacerdote que ofereceu sacrifícios por Abraão. 

Em torno do ano 250 D.C., São Cipriano de Cartago escreveu: "Se Nosso Senhor e Deus, Cristo Jesus, é nosso Supremo Sacerdote diante de Deus o Pai; se ofereceu-se a Si mesmo como sacrifício ao Pai e nos ordenou que façamos isto em memória Dele; então certamente o sacerdote que imita o que Cristo fez, verdadeiramente atua em lugar de Cristo."

Deuteronômio 34, 9 — Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porque Moisés tinha imposto suas mãos sobre ele e os israelitas lhe obedeceram, agindo de acordo com a ordem que o Senhor tinha dado a Moisés.

A sabedoria e a autoridade do Espírito Santo são repartidas por aqueles que têm tal autoridade e por meio da imposição de mãos. Tal é o caso até nossos dias, como se vê no Sacramento das Santas Ordens, que é oficiado sob a supervisão de um bispo que atua pela autoridade outorgada aos apóstolos pelo mesmíssimo Jesus.

Gênese 14, 18 — Melquisedec, rei de Salem, que era sacerdote de Deus, o Altíssimo, fez trazer pão e vinho e abençoou a Abrão.

Que necessidade tinha Abraão de ser abençoado por um homem, quando ele mesmo tinha sido eleito por Deus para que por sua mediação Deus abençoasse a toda a raça humana? Na Escritura ninguém se unge a si mesmo com autoridade espiritual. Mesmo Moisés, depois de ter sido eleito por Deus se submete a "todos os anciões dentre os Israelitas" para convencê-los do chamado que recebeu (Êxodo 4, 29-31). 

Da mesma maneira, Jesus mesmo é dedicado no Templo e batizado no Jordão. Ao submeter-se a estes atos sacramentais, Jesus nos está mostrando que ninguém está isento de submeter-se à autoridade divinamente estabelecida da Igreja.

Hebreus 7, 1-28 — [...] Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec" [...] portanto, Jesus chegou a ser o fiador de uma aliança superior [...] Os outros sacerdotes tiveram que ser muitos, porque a morte lhes impedia de permanecer; mas Jesus, como permanece para sempre, possui um sacerdócio imutável.

Refere-se ao Salmo 110, 4 que citamos a continuação.

Salmos 110, 4 — Jurou o Senhor e não se arrependerá e disse: "Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec”.

O sacerdócio do Senhor é contínuo e eterno. O sacerdócio humano individual baseado sobre o exemplo de Cristo deve ser por força contínuo e eterno, da mesma maneira.

Hebreus 5, 1-4 — Porque todo pontífice escolhido dos homens, é posto para benefício dos homens, no que se refere ao culto de Deus, a fim de que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, o qual saiba suportar e condoer-se daqueles que ignoram e erram, como quem se acha igualmente rodeado de misérias. E por esta razão deve oferecer sacrifício em reparação dos pecados, não menos pelos seus próprios que pelos do povo. Nem ninguém se apropria desta dignidade, se não é chamado Por Deus, como Aarão.

O papel do sacerdote está definido clarissimamente nas Escrituras. Desde os antigos dias do misterioso Melquisedec, os fiéis dependeram de sacerdotes que representam à comunidade diante do altar de Deus. 

Quanto a aqueles que reclamam para si uma missão extraordinária de Deus, não se lhes deve crer ao menos que possam manifestar algum sinal sobrenatural (milagre) que dê prova de sua investidura — como foi o caso com Moisés e São Paulo — Deus sempre faz evidente a autoridade de seus enviados de várias maneiras. A primeira é por meio de dar a seu enviado um poder sobrenatural, como no caso de Moisés. Outra forma é por meio de inspirar, naqueles que têm autoridade espiritual (por exemplo, a Igreja) para que reconheçam a seu enviado e lhe dêem validez como genuíno representante de Deus. Tal é o caso de São Paulo (Atos 13, 1-3). 

Devemos demandar daqueles que reclamam ter autoridade espiritual especialmente outorgada por Deus, a que produzam claras manifestações sobrenaturais (milagres) como evidência de sua investidura e que, adicionalmente, tenham a aprovação da Igreja. Nem sequer Jesus resultou isento destes requisitos, como veremos no seguinte texto.

João 14, 10-11 — Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos falo, não as falo por mim mesmo. O Pai que está em mim, ele mesmo faz comigo as obras que eu faço. Como não crês que estou no Pai e que o Pai está em mim?

Nem sequer Jesus espera que lhe creiamos — somente sobre a base de sua palavra — que Ele foi ungido fora dos limites da hierarquia sacerdotal levítica. Jesus mesmo produziu provas assombrosas e virtualmente contínuas de sua condição de Messias. Tal evidência estabeleceu indisputavelmente a autoridade de seu ensino. Por que deveríamos acreditar em outros indivíduos — que são muito menos merecedores que Jesus — que também reclamam ter encargos divinos extraordinários, mas que não provêem nenhuma evidência clara dos milagres que afirmam a origem celestial de sua missão?

João 20, 19-23 — Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, sendo já muito tarde e estando fechadas as portas da casa, onde se achavam reunidos os discípulos por medo dos judeus, veio Jesus e aparecendo-se em meio deles, disse-lhes: "A paz esteja convosco". Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o flanco. Encheram-se de gozo os discípulos com a vista do Senhor. O qual lhes repetiu: "A paz esteja convosco. Como meu Pai me enviou, assim vos envio também a vós". Ditas estas palavras, dirigiu o alento para eles e disse-lhes: "Recebei o Espírito Santo. Ficam perdoados os pecados daqueles a quem perdoares e ficam retidos os daqueles que os retiveres”.

Logo depois de sua Ressurreição, Jesus ordenou aos apóstolos e os comissionou para serem ministros ao mundo inteiro. O fato de que Cristo envie os apóstolos assim como o Pai o tinha enviado, mostra às claras seu desejo de que atuem tal como Ele atuou: como sacerdotes. Não é coincidência que seja justo nesse momento quando lhes outorga o poder sacerdotal de perdoar pecados.


Atos 13, 1-3 — Havia na Igreja de Antioquia vários profetas e doutores, dentre os quais estavam Barnabé e Simão, chamado o Negro e Lucio de Cirene e Manaém (irmão de leite do tetrarca Herodes) e Saulo. Enquanto estavam um dia exercendo as funções de seu ministério diante do Senhor e jejuando, disse-lhes o Espírito Santo: " Separem-me Saulo e Barnabé para a obra a que os tenho destinados." E depois de haver-se disposto com jejuns e orações, impuseram-lhes as mãos e os despediram.

Ainda ao grande apóstolo São Paulo não foi permitido declarar-se a si mesmo como ministro de Deus, nem sequer quando o mesmo Senhor o chamou especialmente. São Paulo teve que submeter-se à autoridade da Igreja e ser ordenado.

Romanos 10, 15 — [...] E como haverá pregadores, se ninguém os enviar? [...]

Até o mesmo São Paulo teve que ser enviado pela Igreja. Isso é o que a ordenação é — uma comissão do Espírito Santo — que envia a alguém por meio da imposição de mãos.

2 Timóteo 1, 6 — Por cuja causa te exorto, que avives a graça de Deus, que reside em ti pela imposição de minhas mãos.

São Paulo se está referindo claramente a um ato sacramental, mediante o qual o Espírito Santo é repartido por meio da imposição de mãos. Assim pode-se descrever a ordenação de sacerdotes desde o começo da Igreja até nossos dias.

Atos 6, 6-7 — Apresentaram-nos aos apóstolos, os quais, fazendo oração, impuseram-lhes as mãos ou consagraram.

Em qualquer lugar que fossem, os apóstolos ordenaram líderes para a comunidade, repartindo o Espírito Santo e a conseguinte autoridade para continuar o trabalho da Igreja.

Atos 14, 23 — Em seguida, tendo ordenado sacerdotes em cada uma das Igrejas, depois de orações e jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado.

Paulo e Barnabé ordenam a terceiros. Ninguém se ordena a si mesmo. Tampouco a comunidade de crentes tem o poder de repartir a ordenação.

Atos 8, 9-25 — Desde um tempo, vivia nessa cidade um homem chamado Simão, o qual com suas artes mágicas tinha deslumbrados aos samaritanos e pretendia ser um grande personagem. 

Todos, desde o menor ao maior, seguiam-no e diziam: "Este homem é a força de Deus, essa que é chamada grande". E o seguiam, porque desde algum tempo os tinha seduzidos com sua magia. Mas quando creram em Felipe, que lhes anunciava as boas novas do Reino de Deus e o nome de Jesus Cristo, todos, homens e mulheres, fizeram-se batizar. Simão também acreditou e uma vez batizado, não se separava de Felipe. 

Ao ver os sinais e os grandes prodígios que se realizavam, ele não saía de seu assombro. Quando os apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram que os samaritanos tinham recebido a Palavra de Deus, lhes enviaram à Pedro e a João. Estes, ao chegarem, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. 

Porque ainda não tinha descido sobre nenhum deles, mas sim somente estava batizado no nome do Senhor Jesus. Então lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo. Ao ver que pela imposição das mãos dos apóstolos se conferia o Espírito Santo, Simão lhes ofereceu dinheiro, dizendo-lhes: “Rogo-vos que me dêem esse poder também, para que aquele a quem eu imponha as mãos receba o Espírito Santo". 

Pedro lhe respondeu: "Maldito seja seu dinheiro e tu mesmo, porque crestes que o dom de Deus se compra com dinheiro. Tu não terás nenhuma participação nesse poder, porque teu coração não é reto aos olhos de Deus. Arrependa-te de tua maldade e ora ao Senhor: talvez ele te perdoe este mau desejo de teu coração, porque vejo que está sumido na amargura do fel e envolto nos laços da iniqüidade". Simão respondeu: "Rogai mas bem vós por mim ao Senhor, para que não me aconteça nada do que acabas de dizer". 

E os apóstolos, depois de ter dado testemunho e predicado a Palavra do Senhor, enquanto retornavam a Jerusalém, anunciaram a boa nova a numerosas aldeias samaritanas. (BLA)

Quando Simão o Mago desejou receber o poder do Espírito Santo, ele não procedeu a ordenar-se ministro para começar a pregar. Pelo contrário se aproximou de São Pedro para lhe fazer sua proposta. Até aquele pecador sabia que não podia ordenar-se ou ungir-se a si mesmo.

1 Timóteo 5, 17 — Os presbíteros que cumprem bem com seu ofício, sejam remunerados com dobro honorário, principalmente os que trabalham em pregar e em ensinar [...]

São Paulo dá instruções a Timóteo de que se honre a quem trabalha na obra pastoral. A leitura deste texto e da Primeira Carta a Timóteo inteira dão evidência da existência de uma ordem hierárquica na Igreja primitiva.

Hebreus 6, 1-3 — Por isso, deixando à parte o ensino elementar a respeito de Cristo, nos elevemos ao perfeito, sem reiterar os temas fundamentais do arrependimento das obras mortas e da fé em Deus; da instrução sobre os batismos e da imposição das mãos; da ressurreição dos mortos e do juízo eterno. E assim procederemos com o favor de Deus.

Malaquías 2, 7 — [...] porque nos lábios do sacerdote tem que estar o depósito da ciência e de sua boca se tem que aprender a Lei: posto que ele é o anjo do Senhor dos Exércitos.

Filipenses 1, 1 — Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os Santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos.

A hierarquia da Igreja existe dos tempos da primeira geração cristã.

Todos os fiéis são "um sacerdócio real e uma nação Santa" (1 Pedro 2, 9) porque oferecemos tudo o que temos e tudo o que somos ao serviço do Senhor. E assim rogamos que nosso sacrifício seja aceitável a Deus. Mas isso não significa que estejamos autorizados individualmente para oferecer a Santa Missa em nome da comunidade. 

Esse privilégio é reservado aos homens a quem o Espírito Santo foi dado por meio da imposição de mãos. Não é casual que não vejamos ninguém que se adote essa autoridade na Igreja tenra. Em tempos apostólicos, a autoridade de pregar e ensinar sempre foi dado por meio da imposição de mãos por parte dos apóstolos 

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