segunda-feira, 26 de julho de 2010

Série: Grandeza Cristã na Idade Média IV - Por Rafael Vitola Brodbeck

“Nos nossos dias, percebe-se uma crise cultural de proporções insuspeitáveis. Certamente o substrato cultural de hoje apresenta bom número de valores positivos, muitos dos quais fruto da evangelização; mas ao mesmo tempo, eliminou valores religiosos fundamentais e introduziu concepções enganosas, que não são aceitáveis do ponto de vista cristão.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Discurso Nueva Evangelización, Promoción Humana, Cultura Cristiana. Jesucristo ayer, hoy y siempre, em Santo Domingo, a 12 de outubro de 1992, in “suppl. a L´Osservarore Romano”, nº 238, de 14 de outubro de 1992, IV, pp. 21-22)

Não se quer, com isso, pregar que a sociedade medieval foi perfeita. Abusos houve –mesmo que tenhamos a defesa do brocardo jurídico abusum non tollit usum. Se essa sociedade terminou, somos chamados a estar atentos agora, quando o mundo moderno e o conceito de Estados-Nação estão desaparecendo. Dialogando com a modernidade, queremos sua conversão. E mais do que isso, vigiemos e denunciemos as explosões típicas do término de um determinado período histórico – e é exatamente o que estamos vivendo. Precisamos construir uma nova sociedade, uma nova cultura, aproveitando tudo de bom que na atual existe, mas filtrando-a com o bom senso católico. Ao passado não se volta, tradição não é isso: é passar adiante o que há de bom. Da Idade Média, ainda guardamos aquilo que nem mesmo é exclusivo dela, a Fé católica e apostólica e aspectos de sua influência nas comunidades humanas. O Reino não terminou com sua máxima expressão terrena! Aliás, foi máxima até agora, pois nossa vocação é construir uma nova, em que o amor volte a reinar!


Cristo, Rei do Universo não quis só reinar na terra na Idade Média, e sim hoje o quer. E quer se nos utilizar, Seus membros, Seus instrumentos, através do apostolado, de nosso desempenho dos deveres de estado, do cultivo da oração, em suma, da gana por fazer a Solenidade de Cristo Rei perpetuar-se no campo secular.

“Se bem que a Idade Média tenha sido uma época de Cristandade, e o foi por excelência, é preciso deixar bem claro que a Cristandade não se identifica com a Idade Média. A Cristandade é uma vocação permanente da Igreja e dos políticos cristãos. Nem sempre se poderá realizar hic et nunc, por exemplo nos países comunistas, ou inclusive nos países liberais, enquanto sigam sendo tais. Todavia, nem por isso a Igreja e os cristãos que atuam na ordem temporal renunciarão definitivamente a dito ideal. (...) Também hoje, a Igreja, se bem que viva em um regime não-cristão ou, como queria Péguy, pós-cristão, não pode renunciar para sempre ao ideal da Cristandade, que não é outra coisa que a impregnação social dos princípios do Evangelho. E se, porventura, aparecesse uma nova Cristandade, seria substancialmente igual à da Idade Média, ainda que acidentalmente diferente, atendendo à diversidade de condições que caracteriza a época atual em comparação com aquela, tanto no campo econômico como no social. Todo o resgatável deverá ser salvo. Porém, o ideal segue de pé.” (SÁENZ, Pe. Alfredo, SJ. La Cristiandad. Una realidad histórica. Pamplona: Gratis Date, 2005, p. 16)


A Europa é um sinal de onde estamos. Cristã na sua origem, como demonstramos, está contaminada de paganismo e gnose – ecologismo radical, feminismo, e todos os tipos de igualitarismos religiosos, sociais e políticos, todos violadores do culto à justiça, à vida (vide o aborto e a eutanásia na legislação da União Européia). É o aviso de um Cardeal da Santa Igreja: “Deus está a ser obstinadamente afastado da nova constituição da Europa. Assim se quereria que, do fundamento jurídico da nova Europa unida, Deus estivesse ausente, o que a reconduziria ao abismo do qual a Europa sem Deus se libertou em 1989 e 1990. Com certeza, isto não vai passar de um bumerangue, que não trará qualquer progresso para o caminho de uma Europa unida.” (Sua Eminência, D. Joaquim Cardeal Meisner, Arcebispo de Colônia, Alemanha. Homilia na Santa Missa, Santuário de Nossa Senhora de Fátima, Portugal, em 13 de maio de 2002)

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