terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Sacramento da Confirmação


O termo “Confirmação” não tem por origem ser uma confirmação do batismo, segundo o qual as crianças batizadas, quando atingiam a adolescência, seriam levadas à presença do Bispo, para ratificarem a fé aceita por ocasião do Batismo. 

Os Atos dos Apóstolos provam que o seu rito exterior consiste na imposição das mãos, diferente do batismo que utiliza a água. Os apóstolos Pedro e João, enviados a Samaria, "punham as mãos sobre os que tinham sido batizados", e recebiam estes o Espírito Santo (At 8, 12-17). 

Do mesmo modo, S. Paulo, vindo a Éfeso, batizou, em nome de Jesus Cristo, discípulos de João e a “eles impôs as mãos, para que o Espírito Santo baixasse sobre eles” (At 19, 1-6). Para que S. Paulo imporia as mãos sobre quem já era batizado se a Crisma não fosse um sacramento que confirmasse o Batismo, completando os dons do Espírito Santo? 

 
Segundo estes textos, compreende-se claramente que Pedro e João de um lado, e Paulo de outro, deram o Espírito Santo, pela imposição das mãos. Ora, uma tal prática seria ridícula, se eles o fizessem fora da vontade e das prescrições do Mestre. A Crisma é, pois, um sacramento instituído por Nosso Senhor.

A origem do termo está no fato de que Deus pela virtude do Sacramento confirma em nós o que começou a operar no Batismo, conduzindo-nos a uma sólida perfeição da vida cristã.


Não foi a Confirmação instituída como meio indispensável para a salvação, mas ela deve pela sua virtude tornar-nos fortes e corajosos nas lutas, que temos de travar pela fé de Cristo. No Batismo recebemos a graça regeneradora como um bebê recebe o leite materno, porém, a criança para crescer deverá servir-se de alimentos mais substanciosos. Desta forma, após o batismo, todos devem receber o Sacramento da Confirmação.

Pela graça do Batismo, são os homens gerados para uma vida nova. 

Pelo Sacramento da Confirmação, os que foram gerados tornaram-se varões, depois de deixarem o que tinham próprio de crianças. (Cat Rom II,III,5).

Pelo Batismo, o homem alista-se na milícia; pela Confirmação, equipa-se para a luta. Na fonte batismal, o Espírito Santo confere a plenitude da inocência; na Confirmação, dá a consumação da graça. 

No Batismo, renascemos para a vida; depois do Batismo, somos confirmados para a luta. No Batismo, somos purificados; depois do Batismo, somos munidos de força. 

A regeneração garante de per si a salvação aos que se batizam em tempo de paz; a Confirmação arma e adestra para os embates da guerra (Papa Melcíades. Epístola aos Bispos Espanhóis).

Todos devem empenhar-se por renascer em Deus [receber o Batismo], sem mais demora, para serem afinal assinalados pelo Bispo [receber a Confirmação], isto é, para receberem os sete dons do Espírito Santo; em hipótese alguma, poderia ser perfeito cristão quem deixasse de receber este Sacramento, não por motivos imperiosos, mas por voluntária negligência. Esta é a tradição que recebemos de S. Pedro, e assim ensinaram os outros Apóstolos, por ordem de Nosso Senhor. (S. Clemente. Epístola 4 a Júlio).

Matéria, forma e ministro do Sacramento da Confirmação

A matéria da Confirmação é o óleo chamado Crisma, muito utilizado na Antiguidade para ungir. É formado por azeite doce e bálsamo. O azeite por seu brilho e gordura, tem a propriedade de fixar-se e difundir-se, simbolizando a plenitude da graça que o Espírito Santo faz transbordar. O bálsamo por seu odor delicado simboliza a fragrância de todas as virtudes.

A forma do Sacramento resume-se nas seguintes palavras: “Eu marco-te com o sinal da Cruz, e confirmo-te com o Crisma da salvação, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. 

O ministro da Confirmação é o Bispo. Nas, igrejas de rito oriental, é o Padre quem ministra o sacramento logo após o batismo. Porém, utiliza o Crisma sempre bento pelo Bispo. Entretanto muitos Padres da Igreja (como Santo Agostinho) protestavam energicamente contra este costume.

O motivo de se reservar aos bispos o exercício de tal ministério, podem os pastores explicá-lo por meio da seguinte analogia. Na construção de casas, os operários desempenham o papel de ajudantes inferiores. São eles que preparam e assentam a pedra, a argamassa, a madeira, os outros materiais, e assim erguem a construção. Mas a última demão do edifício fica na responsabilidade do mestre de obras. (Cat Rom II, III,13).

Se alguém disser que o ministro ordinário da santa confirmação não é só o bispo, mas qualquer simples sacerdote: seja anátema (Conc. Trento VII,III sobre a Confirmação).



Alessandro Lima
www.veritatis.com.br
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