quinta-feira, 24 de março de 2011

SÉRIE - MITOS LITÚRGICOS COMENTADOS - Mito 11: Quem pode comungar?

Mito 11: "Qualquer pessoa pode comungar"

Não pode.




Escreve São Paulo: "Todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, cada um examine a si mesmo antes de comer desse Pão ou beber desse Cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação." (ICor 11,27-29)

O Código de Direito Canônico diz que pode comungar "qualquer batizado, não proibido pelo direito" (cânon 912)

A preparação primeira necessária para receber o Corpo de Nosso Senhor é a preparação interior, ou seja: estar em estado de graça, que significa estar em ausência de pecados mortais (Cat. 1385). 


Tal estado nos é dado quando recebemos o Sacramento do Batismo, e, após a queda em pecado mortal, através de uma Confissão bem feita (Cat. 1264; 1468-1470).

A Santa Igreja também instituiu o chamado "jejum eucarístico" (isto é, estar a uma hora antes de comungar sem ingerir alimentos, a não ser água e medicamentos necessários, como especifica o Cânon 919).

É preocupante vermos filas para a Sagrada Comunhão tão longas, e filas para o confessionário tão pequenas...

Pior ainda quando não há sacerdotes disponíveis para os confessionários!
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Comentário sobre este Mito (18/06):
Para compreender a gravidade das "comunhões indignadas" ou "comunhões sacrílegas", precisamos partir do princípio do que de fato a Hóstia Consagrada é: é a Presença Real e Substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377. 




E da mesma fora que limpamos e arrumamos a nossa casa para receber uma pessoa importante, quando mais precisamos "limpar" e "arrumar" o nosso interior para receber o Corpo de Deus!

Pois o pecado mortal nos separa da graça de Deus. Nos ensina o Catecismo (n. 1854-1859) que o pecado mortal é aquele que tem três elementos: inflinge uma Lei de Deus ou da Santa Igreja em MATÉRIA GRAVE, com PLENA CONSCIÊNCIA do erro (ou seja, sabendo que é errado!) e com VONTADE DELIBERADA (ou seja, com liberdade interior...ninguém comete isso, por exemplo, estando "hipnotizado" ou algo do tipo).

Infelizmente, ouço falar de paróquias em vários lugares onde se incentiva que comunguem pessoas que praticam falsas doutrinas, casais que vivem em adultério, e assim por diante.

E por trás de tudo isso, o que pode haver é uma falta de fé na Presença Real e Substancial de Nosso Senhor na Hóstia Consagrada e mesmo uma perda da noção do pecado, em nossos tempos de relativismo da fé e da moral.

Em relação a gravidade das comunhões sacrílegas, o Catecismo (n. 2120) nos ensina:

"O sacrilégio consiste em profanar ou tratar indignamente os sacramentos e as outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando cometido contra a Eucaristia, pois neste Sacramento o próprio Corpo de Cristo se torna substancialmente presente."

Sempre lembro de Nosso Senhor falando à Sta. Maria Margarida Alacoque:

"Eis o Coração que tanto tem amado os homens, que a nada tem se poupado até se esgotar e consumir para testemunhar-lhes o seu amor; e em reconhecimento nãorecebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências esacrilégios, tibiezas e desprezo que usam para comigo neste Sacramento de amor."
Estamos, portanto, diante de um dos MAIS GRAVES PROBLEMAS LITÚRGICOS EXISTENTES, que são as comunhões sacrílegas. Mais graves, certamente, que muitos abusos litúrgicos e desobediência a certas normas litúrgicas de importância menor do que esta questão.
Estamos falando, portanto, em termos de prioridade pastoral.

E uma das coisas mais impressionante de tudo isso é que Nosso Senhor quis instituir a Eucaristia no Mistério do Seu Aniquilamento total (Fl 2,7), mesmo sujeito:

- à todas as comunhões sacrílegas que haveriam

- aos roubos das Hóstias Consagradas para serem profanadas em rituais de magia negra

- a perda dos fragmentos de Hóstias Consagradas e gotas do Preciosíssimo Sangue que se perderiam pela falta de zelo dos sacerdotes e fiéis, pois Nosso Senhor está inteiramente presente no menor fragmentos da Hóstia Consagrada (Cat. 1377)
Por outro lado, são encantadoras as palavras dos santos canonizados pela Santa Igreja sobre a maravilha que é receber o Corpo de Deus, na Sagrada Comunhão, estando preparados com as devidas disposições para tal.

Vejamos alguns deles:

"Não é para ficar (somente) no cibório de ouro que Jesus desce todos os dias do céu, mas para encontrar outro céu que lhe é intimamente mais caro que o primeiro: o céu da nossa alma, feita à imagem dele, o templo vivo da adorável Trindade." (Santa Teresinha do Menino Jesus, doutora da Santa Igreja)

"Quando você for comungar, deseje todo aquele amor que jamais um coração teve para Comigo, e eu receberei este amor como você gostaria que fosse"
(Jesus a Santa Matilde)

"A alma do justo é nada menos que um paraíso, onde o Senhor, como Ele mesmo diz, acha suas delícias." (Santa Teresa De Ávila, doutora da Santa Igreja)

"Deus tem sede de que nós tenhamos sede Dele."
(Santo Agostinho, doutor da Santa Igreja)

Que tudo isso seja motivo para nos encantarmos e amarmos ardentemente o Coração Eucarístico de Nosso Senhor, mas NÃO de termos receio de nos aproximarmos Dele na Sagrada Comunhão quando tivermos, objetivamente, condições para tal.


Explico: o fabuloso Papa São Pio X, conhecido como o "Papa da Eucaristia", que viveu há cerca de um século atrás, foi quem tanto incentivou a Comunhão frequente, numa época em que ainda havia de forma muito difundida idéias da heresia jansenista, que via de forma escrupulosa e excessivamente rigorista a prática da Comunhão, fazendo com que muitos fiéis, mesmo estando objetivamente preparados (com Confissão, jejum eucarístico...), deixassem de comungar.

Precisamos ficar atentos a isso ainda hoje, pois a tentação pode se utilizar ainda hoje deste escrúpulos, sob uma aparência piedoso, para nos afastar de Jesus Eucarístico pode aparecer dessa forma. E alguns podem, movidos por essa tentação, acabar por deixar de comungar por haverem cometidos pecados veniais ("leves") e outros motivos insignificantes nesse sentido, motivos estes que a própria Comunhão supre, pois a Comunhão perdoa os pecados veniais (Cat. 1416).

Jesus Eucarístico na Comunhão NÃO é prêmio para os "super-santos", mas alimento para nós pobres e pecadores.

São Francisco de Sales, doutor da Santa Igreja, nos ensina:

"Duas espécies de pessoas devem comungar com freqüência: os perfeitos para se conservarem perfeitos e os imperfeitos para chegarem a perfeição."
    

Que essas santas palavras nos alegrem e nos animem!

Penso que seria ótimo se, em todas as Missas públicas, antes da Comunhão, alguém desse uma orientação como:

"As pessoas que estiverem PREPARADAS para a Sagrada Comunhão podem se aproximar,as demais podem permanecer sentadas."


Isso por si só (ou talvez com mais algumas especificações) já seria um grande passo para começar a criar essa consciência, e tenderia a diminuir o número de sacrilégios.

Grande ato de amor ao Deus-Amor Sacramentado é oferecer Missas, Comunhões, momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento, terço e mortificações em reparação ao Sacratíssimo Coração Eucarístico de Nosso Senhor, e em especial, em reparação pelas comunhões sacrílegas.

Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente reconhecidas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:

"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."


Que pela intercessão da Santíssima Virgem, Mãe da Eucaristia, e dos santos anjos, nós façamos parte daqueles que crêem, adoro, esperam, amam e reparam a Presença Real e Substancial do Deus-Amor Sacramentado, na Hóstia Consagrada!



Postado por Francisco Dockhorn 

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