sábado, 18 de setembro de 2010

23 de Setembro - São Lino, Papa

                                                                          Século I


Lino foi o primeiro sucessor de Pedro na sede de Roma, o segundo papa da Igreja e o primeiro papa italiano. Ele era filho de Herculano, originário da Toscana.

Os dados anteriores de sua vida são ignorados. Lino ainda não era cristão quando foi para Roma, que, então, era o centro da administração do Império e também dos estudos. Foi quando conheceu os apóstolos Pedro e Paulo, que o converteram ao cristianismo, tornando-se um dos primeiros discípulos.

O próprio Paulo citou-o na segunda carta que enviou de Roma a Timóteo: "Saúdam-te Eubulo, Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos..." Lino, sem dúvida, desfrutava de grande confiança e respeitabilidade, tanto por parte de Pedro como de Paulo.

Os tempos em que Lino viveu, juntamente com os apóstolos, foram terríveis para toda a comunidade cristã. Antes, porém, que fosse eleito Papa, trabalhava pela salvação das almas ao lado de São Pedro, de quem era grande colaborador. Tanto foi assim que dele mesmo recebeu a missão de pregar na Gália (hoje França), a fim de levar a luz da fé às nações pagãs.

Chegando àquelas terras, estabeleceu-se em Becanson, capital de Franco Condado. Graças ao apoio que tinha do tribuno Onósio, principal magistrado que tinha por missão lutar pelas causas do povo, São Lino acabou transformando-se em um homem público, exercendo preponderante papel junto à população. Em pouco tempo tornou-se um líder influente, de grande capacidade intelectual.

Dada as circunstâncias, aproveitou o terreno para plantar as sementes da verdadeira Religião, mesmo sabendo que os obstáculos, dificuldades e perseguições seriam inevitáveis. Por conseguinte, empreendeu intenso esforço para afastar o povo da idolatria e da adoração de deuses estranhos. Seus discursos eram duros, porém, verdadeiros e por isso, não tardou que acabasse sendo violentamente escorraçado da cidade. Era uma figura extremamente incômoda e inconveniente aos líderes pagãos, que diante da persuasão junto ao povo, temiam a perda de seu espaço.

O imperador era Nero, que incendiou Roma no ano 64 e declarou que todos os cristãos eram inimigos do Império. As perseguições tiveram início e duraram séculos, com sangrentas matanças e martírios. A mando do imperador, o apóstolo Pedro foi preso, martirizado e morto.


Em sua última prática na cidade de Becanson, São Lino criticou e repreendeu veementemente os idólatras, feiticeiros renomados e diversos pagãos, que ofereciam sacrifícios aos seu ídolos e seus deuses. "Cessai", disse o santo, "cessai de render adoração a tão vis criaturas". Os líderes presentes, percebendo que estavam prestes a cair em descrédito pela força de sua palavra, gritaram ao povo, dizendo que as insolências sacrílegas proferidas por Lino, iriam provocar a ira dos deuses e caso lhe dessem ouvidos, sério castigo se precipitaria sobre o povo.

Continuando a esbravejar, incitaram o povo, que acabou investindo contra o santo mediante golpes, tendo sido expulso da cidade completamente ferido e também abandonado, até mesmo por aqueles que sempre o apoiaram. Dali retornou para Roma, onde permaneceu até ser escolhido como sucessor de São Pedro. As sementes que deixou para trás, germinaram com grande vigor, tanto que passaria a ser venerado pelo povo, tempos depois, em sua primeira Sede Episcopal de Becanson.

Reza a tradição que antes de ser crucificado, São Pedro ao transmitir-lhe a sucessão Papal, disse-lhe: "Tu és Pedro!", em alusão às palavras do Divino Mestre, quando lhe conferiu a primazia no governo da Igreja: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).

Seu nome figura como uma das mais nobres vítimas das perseguições da Igreja primitiva. Exerceu o seu pontificado na mais intensa magnitude apostólica, desbravando terrenos pagãos e derrubando a idolatria, feitiçaria e todo o tipo de influência maligna que tentava estabelecer-se em território sagrado.

Foram-lhe atribuídos milagres e diversas curas, dentre as quais a da filha do cônsul Saturnino, considerada endemoninhada. E foi justamente o ingrato Saturnino quem proferiu sua sentença de morte. Diz-se que, influenciado pelos sacerdotes dos falsos ídolos, ordenou que São Lino fosse decapitado.


Lino foi papa da Igreja em Roma, governando entre 67 e 77. E fez parte do clero romano, porque o próprio apóstolo Pedro o indicou para a sua sucessão, por causa da sua santidade de vida e pela capacidade de administrador. A história da Igreja diz que o papa Lino sagrou quinze bispos e os enviou, como pregadores do Evangelho, para diversas cidades da Itália. Ordenou dezoito sacerdotes para os serviços de novas comunidades de cristãos que surgiam em Roma. E governou a Igreja num período de sucessivos sobressaltos e tragédias políticas que marcaram os imperadores Nero, Galba, Vitélio e Vespasiano.

O papa Lino também sentiu a dolorosa repercussão da destruição completa de Jerusalém no ano 70, durante a chamada "guerra judaica". Ele, durante os anos de governo, foi muito requisitado a reanimar e a orientar os cristãos na verdadeira fé para manter a Igreja unida. Foi o papa que elaborou as primeiras normas de disciplina eclesiástica e litúrgica, e planejou a divisão de Roma em setores, ou paróquias.

O papa Lino também foi martirizado em Roma, no ano 77, e sepultado ao lado do túmulo de São Pedro, no Vaticano. Sua memória é comemorada no dia 23 de setembro.

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