domingo, 15 de agosto de 2010

Padre Desabafa



Segue o texto precioso de um sacerdote santo: Quão maravilhoso seria o mundo se pelo menos metade dos mais de 400 mil padres católicos fossem assim, pensassem e agissem da forma como este texto sintetiza. Como não adianta chorar sobre leite derramado, vamos é rezar para que não fique pior.

O artigo trata do tema ainda candente – mas já morrendo – da questão da tal de “pedofilia” no clero. De fato temos aqui um artifício diabólico, arquitetado pela mídia de satã, porque na realidade o problema gravíssimo neste caso não é a pedofilia, ou a efebofilia, mas sim o homossexualismo.

Ora, se eles publicamente usassem a palavra “homossexualismo” para acusar os padres, estariam condenando também os milhões de homossexuais não sacerdotes, ou seria dois pesos e duas medidas. Assim fazem o mundo enfurecer-se contra a Igreja e os padres, enquanto os bandidos de satanás continuam livres para seu desvario, sua loucura. Somente Lúcifer teria um idéia tão maligna.

Assim, no artigo que segue, este sacerdote coloca em síntese tudo aquilo que nós temos alertado através dos anos. Parece que ele acompanha nossas páginas. Leia, que vale a pena! Dai pode traçar um parâmetro de como seria o mundo, e a verdadeira Igreja de sempre.

Quo Ibimus?

(para onde iremos?)



Pedofilia e homossexualismo na Igreja
Por Pe. Leonardo Holtz Peixoto


Nestes últimos dias a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo tem sido, mais uma vez, vítima do sensacionalismo midiático. Sabemos que escândalos existem e, infelizmente, dentro da Santa Igreja inclusive. Mas isso não deveria ser novidade para ninguém, uma vez que o próprio Nosso Senhor declarou no Evangelho: “Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!” (Mt 18,7). A pedofilia é, deveras, uma vergonha! É um pecado que brada aos céus além de crime. Violar ou violentar uma criatura tão pura como uma criança é um absurdo!

Mas já que a palavra em voga é CONDENAÇÃO, é aqui que eu também condeno essa sociedade moderna por HIPOCRISIA. Vestir seus filhinhos como pequenos adultos não seria também uma forma de violar a inocência pueril? Permitir que eles assistam a determinados programas como as novelas do horário “nobre” ou o BBB (que torna os que o assistem Bestiais, Boçais e Baldados…) não seria também uma forma de violar a inocência? Menininhas altamente pintadas, usando esmaltes e vestidinhos ousados… crianças falando palavrões e gírias obscenas.

As crianças de hoje sabem letras de músicas (se é que se pode chamar aquilo de música) que só de pensar sinto vergonha. E os pais? Riem e acham engraçadinho. Incentivam. Os que incentivam tal tipo de comportamento, que deturpa e degrada a pureza da infância, são os mesmos hipócritas que amanhã querem acusar e condenar o Papa pelos erros dos outros! Se a sociedade está do jeito que está, lembremo-nos: fomos NÓS que a fizemos assim!

Hoje um(a) jovem de 12, 13 anos tem mais malícia que eu! Ai minha santa infância! Como eu dancei ao som de “Balão Mágico”! Aos 12 anos eu ainda jurava que Papai Noel e Coelhinho da Páscoa existiam; eu discutia e brigava feio com quem afirmasse o contrário. Aos 15 anos eu ainda sentava no chão depois do colégio para montar Lego! E como eu gostava de ver o Jaspion[1] na TV Manchete! Eles hoje sabem de muito mais coisas que eu nessa idade.

Não estou aqui defendendo nem encobertando erros como o do Monsenhor de Arapiraca, mas daí aquele jovem de 19 anos de idade dizer que sentia nojo de estar na cama do sacerdote é um pouco demais. Tenha paciência! Em primeiro lugar alguém com 13 ou 14 anos já sabe o que é certo e errado, que se dirá de um homem de 19 anos! 

Além do mais não vi nenhuma cara de insatisfação por parte do jovem em questão no vídeo que assisti quando ele estava em suas práticas com o sacerdote.

Coitadinhos dos adolescentes de hoje! São tão inocentes! Ser virgem hoje é cafona! E essas “pulseirinhas da amizade” coloridas? Uma graça não é? Mas quando arrebentadas dão o direito àquele que a arrebentou a fazer diversas coisas. Cada cor corresponde a uma ação que vai desde um selinho ou uma passada de mão à sexo oral! Quanta inocência! Afinal isso é que é cultura! É isso que eles estão aprendendo na escola. Até porque se não aprenderem a matemática ou a química, não tem problema algum: o governo garante a eles a aprovação automática! E eles serão nossos médicos, engenheiros, psicólogos de amanhã. Quem sabe um deles não vire presidente, não é mesmo companheiro leitor?

Mas voltando ao problema da crise na Igreja, qualquer pessoa sensata sabe que tal crise nem de longe está relacionada à pedofilia. Ou será que a pedofilia é MONOPÓLIO da Igreja Católica? Culpam o celibato. E os senhores e senhoras, chefes de família, com filhos, que não são celibatários, ou seja, que praticam sexo e que cometem a pedofilia? Seria isso também culpa do celibato e da Igreja? E os turistas internacionais que compram pacotes de viagem para o Nordeste brasileiro, com jovens menores já inclusas no seu pacote de férias, alimentando assim o turismo sexual, isso também é culpa da Igreja? Mas a mídia explora esses casos? Ah… não! Atacar a Igreja dá mais ibope, aumenta a audiência e vende mais jornais e revistas.

Não creio que o problema da Igreja e do clero hoje seja com a pedofilia, mas sim com o homossexualismo. Aqui esbarramos mais uma vez na HIPOCRISIA da sociedade hodierna. Vivemos numa sociedade que faz apologia ao homossexualismo; que ensina aos nossos jovens desde cedo que ser “gay” é normal; numa sociedade onde se o reitor de um seminário expulsar o candidato ao sacerdócio (seminarista) por ser homossexual ele pode ser preso! Numa sociedade que ostenta seu orgulho “gay” em paradas.

Não é irônico que a sociedade que defende o homossexualismo, seja a mesma sociedade que quer condenar um padre por ser homossexual? Não faço aqui nenhuma apologia ao homossexualismo eclesiástico, só quero levantar o seguinte questionamento: que moral tem essa sociedade INÍQUA para condenar um padre que tenha uma fraqueza ou uma inclinação dessa natureza?

É engraçado. Dizem por aí: “o padre é um homem comum como qualquer outro”. Pois é, só que quando ele faz as coisas que um “homem comum” faz, logo os hipócritas de plantão se erguem ardilosamente prontos para condená-lo.

O mundo perdeu a fé! Bem disse Jesus: “Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8). Desde quando o sacerdote era tratado como um homem comum? Em parte isso é culpa da própria Igreja! Jesus fundou a Igreja e a deixou no meio do mundo, não para ela se conformar ao mundo (“Não vos conformeis com este mundo” – Rm 12,2), mas para Evangelizá-lo, ensiná-lo, orientá-lo. Numa tentativa de “dialogar” com o mundo em constante mudança o que a Igreja ganhou com isso? A Igreja cedeu e cedeu muito para se aproximar do mundo moderno. Escancarou as portas e deixou a mundanização entrar. E o mundo cedeu o que para a Igreja? Nada! Absolutamente nada!

Diziam que a Missa em Latim afastava o povo. Um padre de costas, rezando numa língua que ninguém sabe; isso precisava mudar, pois afastava o povo da Igreja. Ironicamente os jovens de hoje cantam em inglês, desenham ‘mangás’[2] e tatuam letras japonesas e sei lá mais o que pelo corpo, e não tem problema nenhum com isso. Mas coitadinhos! Eles tem problemas em aprender o Latim e o Canto Gregoriano. Realmente é muito mais difícil dizer a Salve Regina do que listar todas as ‘digievoluções’ dos Digimons[3] ou quantos tipos de Zords[4] diferentes tem os Power Rangers[5].

Mudaram a Missa para atrair mais fiéis. Ganhamos o que com isso? Uma evasão tremenda! O Mundo era Católico. Agora há uma proliferação de seitas diferentes a cada dia que passa. O padre agora tem que sambar no altar, porque Missa boa é a Missa que é animada. E a Missa, em muitos lugares, virou forró!

O Sacerdote usava sua batina. Ao longe já se sabia: vem o padre aí! Um missionário de Deus. As crianças acorriam ao bom sacerdote para pedir a bênção e ganhar um santinho ou uma balinha. Não que a veste mude o caráter de ninguém, mas como ele estava OBRIGADO a usar aquele roupão preto em TEMPO INTEGRAL, creio que isso o obrigava a pensar duas vezes antes de se comportar levianamente ou freqüentar determinados lugares. Mas alguém achou que um padre de batina ficava “muito distante do povo”. 

O padre precisava ser mais acessível para que as pessoas sentissem que o padre é humano como elas. EIS O RESULTADO: o padre moderno retirou a batina e deixou aflorar a humanidade: com isso ele se aproximou dos fiéis. Alguns levaram ao pé da letra e se aproximaram demais, se é que me faço entender. Os padres modernos saem pra boates, bares, shows… fumam, bebem… porque a SOCIEDADE HIPÓCRITA reclama do que está acontecendo? Não foi ela mesma que pediu que os padres fossem mais “acessíveis”?

Ta aí! Estão todos acessíveis! Até eu tirei a minha batina. Acharam que eu parecia muito arrogante e antiquado usando minha batina preta e meu barrete. “Ninguém mais usa isso, você vai ser o único diferente no meio dos padres”, me disseram. Sofri deboches, comentários depreciativos, perseguição e até ameaça de não ser ordenado padre por causa da minha batina e do meu gosto pela Missa Tradicional em Latim.

Usar batina e rezar em latim não pode. Mas freqüentar lugares impróprios para sacerdotes, ser pedófilo ou homossexual ou, quem sabe, comprar um imóvel de 2 Milhões de Reais, desnecessariamente, desfalcando o caixa da Arquidiocese isso pode? Irônico não? Fui chamado de louco por usar uma batina. Quem está louco agora?

Muita coisa mudou… o mundo mudou… a Igreja mudou! O respeito ao Sagrado era impecável. As senhoras de saias comportadas e véus. Os senhores usavam ternos ou roupas sociais para a Missa. Hoje elas se despem cada vez mais e eles vão de hawaianas e bermudas para a Missa. A desculpa é o calor. Só o povo sente calor não é mesmo? O padre tem que estar coberto com todos os paramentos e celebrar assim mesmo, mas o povo, coitado, sente calor. O espírito de sacrifício, de mortificação morreu. Hoje todos querem o bem-estar!

Oferecer a Deus o cansaço, o calor, ou qualquer incômodo em espírito de sacrifício e renúncia? “Ah isso é coisa da idade média!” é o que dizem. Por isso vivemos num mundo DOENTE! Essa sociedade está na UTI! Vivemos num mundo de almas tíbias! Não são capazes de nenhum tipo de mortificação! Por isso até a Missa tem que se tornar agradável ao público, como se fosse um espetáculo de circo. Quando isso acontece Deus deixa de ser o centro da liturgia e o homem assume esse lugar: “o homem é deus para o homem” (Ludwig Feuerbach[6]).

E o silêncio e o respeito pelas coisas sagradas, por onde andam? A Igreja hoje se transformou num clube social. Um local de encontro semanal para se “colocar as fofocas em dia”, tomar conta da vida alheia, ou qualquer outra atividade, menos para rezar. Duvido que se ouvia um “pio” sequer no interior de uma Igreja antigamente. Hoje parece uma feira. É um falatório interminável dentro dos nossos templos antes e depois das Missas.

Alguém sabe de cor os cantos antigos? Uma ladainha? Todos os católicos de hoje sabem rezar um terço de cor ou a oração do Ângelus? Não! Mas o que aconteceu no capítulo da novela de ontem, sabem na ponta da língua.

A Eucaristia, o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor eram tratados com dignidade. O Sacrário ficava no centro da Igreja, no altar. Hoje Jesus foi retirado para uma capela lateral. Sua presença no centro das igrejas impedia o povo de conversar. Era preciso colocar Deus numa capela lateral para dar mais espaço para o homem. Claro é mais fácil retirar o sacrário do que educar, catequizar, doutrinar.

A comunhão era recebida de joelhos. Por motivos óbvios! Diante de Deus, a melhor atitude é a de adoração. No Antigo Testamento, ao simples som do nome de Deus, os israelitas já se prostravam com o rosto em terra. Nós que temos a presença do próprio Deus Vivo, na Eucaristia, o recebemos de pé, e pior: nas mãos!

O zelo pelas coisas de Deus era impressionante. Numa época considerada “atrasada” como a Idade Média, por exemplo, foram construídas maravilhas de templos como Chartres ou Notre Dame. Hoje com toda nossa tecnologia, arquitetura e engenharia se fazem igrejas cada vez mais feias. O mesmo vale para os paramentos, que passaram dos brocados e rendados ao liso-sem-graça; até os vasos sagrados sofreram perdas: os cálices modernos são os mais feios possíveis. Porque essa derrocada na arte litúrgica?

A desculpa é a mesma sempre: “Jesus foi simples, então temos que fazer coisas simples”. Bobagem! Jesus também foi judeu, e nem por isso somos judeus. Isso é falsa humildade! Demagogia! Muitos que falam essa frase ensaiada e pronta “Jesus foi simples” são os primeiros a terem o carro do ano e a viajarem todo ano para a Europa. E os que não fazem isso só não o fazem, por que não tem condições, pois se um dia tiverem farão o mesmo.

Ou seja, para SI o melhor, mas pra Deus, o que for mais simples. A liturgia DEVE ser ESPLENDOROSA SIM, porque é feita para o Rei dos Reis! Tem que se usar sedas e brocados mesmo! Tem que se usar ouro sim! Os melhores incensos também! É uma manifestação de fé. Tratar a liturgia de qualquer maneira passa para os outros (quem não é cristão) uma imagem de desleixo, mostra que nem sequer acreditamos no que celebramos. Aliás, será que os cristãos de hoje – o clero inclusive – acredita mesmo no que celebra?

Enfim, adianta agora reclamar do que está acontecendo na Igreja e no mundo? Ou será que pensamos que a “crise da Igreja” começou agora com os casos de pedofilia? A crise já existe há muito tempo! Ela foi instaurada nos anos 60 e fomos nós (Igreja) que a alimentamos. Agora sofremos as conseqüências. Com razão o Papa Paulo VI afirmou:

“Por alguma brecha a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus. […] Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia de sol para a história da Igreja. Em vez disso, veio um dia de nuvens, de tempestade, de escuridão, de busca, de incerteza. Pregamos o ecumenismo, e nos distanciamos sempre mais dos outros. Procuramos cavar abismos em vez de aterrá-los. Como aconteceu isso? Confiamo-vos um Nosso Pensamento: houve a intervenção de um poder adverso. Seu nome é o Diabo”

(Paulo VI, Discurso em 29 de Junho de 1972)

Nestes tempos de trevas, só uma palavra tem me alimentado a esperança: “et portæ inferi non prævalebunt adversum eam” – “e as portas do inferno não poderão vencê-la” (Mt 16,18).

Senhor, tende piedade de nós e aumentai a nossa fé!

Rio de Janeiro, 23 de Abril de 2010
Festa de São Jorge



[1] Seriado Japonês famoso nos anos 80.
[2] ‘Cartoons’ (desenhos) típicos do Japão.
[3] Desenho animado Japonês, sucesso entre os jovens.
[4] São robôs gigantes, utilizados para batalhas num seriado Estadunidense famoso.
[5] Seriado Estadunidense popular entre as crianças e os adolescentes.
[6] Filósofo Alemão, 1804-1872.