Evangelho comentado pelo Pe Carlo Battistoni - X Domingo do Tempo Comum - Mc 3,20-35
X Domingo
(Mc 3,20-35)
« Jesus voltou para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si. Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. Jesus falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”. Nisso chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura”. Ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.» .
Laus Tibi Christe!
O episódio que hoje o Evangelho nos oferece para a reflexão, se deu logo no início da vida pública de Jesus. Ele, após uma noite de oração, tinha convocado doze entre os seus discípulos para constituir o “novo Israel”, o “resto do Israel” do qual, conforme os Profetas, deveria aparecer o Messias preparado por Jahvé há séculos e séculos. Tendo chamado os Doze para junto de si numa montanha, deu-lhes a “nova Lei” que tornaria mais eficaz e significativa a mesma Lei que Moisés havia recebido no monte Sinai.
Em seguida Jesus voltou em companhia dos seus para «casa»: era o sinal de que, a partir daquele momento, Jesus e “os seus Doze” seriam uma só coisa para sempre. O Evangelista não dá alguma especificação sobre qual fosse essa «casa», mas podemos supor que se tratasse da casa de algum dos seus familiares; se assim for, fica ainda mais clara a contraposição entre a família natural (formada por pessoas que estão unidas por laços de sangue) e a família formada por aqueles que estão unidos porque Jesus é o centro das relações. Temos desde já uma antecipação da afirmação que Jesus fará mais tarde quanto às relações de comunhão como Deus as entende; é como se o Evangelista preparasse o contexto.